Hoje vou falar de um piloto especial: este francês, que viveu a sua vida nas corridas, foi um homem com uma longa carreira nos monopostos, conduzindo as mais variadas máquinas. Foi o primeiro francês a ganhar na Formula 1, foi o ultimo piloto a conduzir um Bugatti de competição, correu na Formula 1 desde o seu inicio até… 1964! E foi o primeiro “rei” do Mónaco. Falo de Maurice Trintignant.
Nascido a 30 de Outubro de 1917 em St. Cécile des Vignes, perto de Avignon, no sul de França. Filho mais novo de um vitivinucultor, o seu irmão Louis foi tembém piloto, conduzindo Bugattis. Em 1933, este morre num acidente durante os treinos do GP de Picardie. Contudo, isso não impediu Jean-Louis de se tornar piloto profissional. Começa a correr em 1938, a bordo de um Bugatti, e no ano seguinte vence o Grand Prix des Frontiers, também a bordo de um Bugatti. Mas poucos meses depois, começa a II Guerra Mundial, e a carreira automobilística é interrompida. O seu Bugatti é armazenado num celeiro, onde fica até 1945.
Em Agosto, corre-se no Bois de Boulogne o primeiro GP da pós-guerra, a “Coupe de la Liberation”. Trintignant leva o seu Bugatti para participar, mas não corre devido ao seu filtro de injecção de combustível. Constava que este estava cheio de dejectos de rato… Verdade ou não, a coisa pegou e começaram a chamá-lo de “Le Petoulet”. Até 1950, Trintignant ganhou várias corridas ao volante de diversos carros, como Delage e Simca-Gordini. Em 1948, tem um acidente grave no GP de Reims, quando guiava o seu Gordini, e para o seu lugar, vem um argentino desconhecido na Europa. Seu nome? Juan Manuel Fângio…
Em 1950, Trintignant está na Gordini. Só corre duas corridas, no Mónaco e em Itália, e abandona em ambas. No ano seguinte, faz uma temporada mais completa, mas não termina nenhuma das corridas que participa. Em 1952 consegue o seu primeiro resultado de relevo na Formula 1: um quinto lugar em França. Os dois pontos dão-lhe o 21º lugar na classificação final.
Em 1953, consegue dois quintos lugares, na Bélgica e em Itália, e esses quatro pontos dão-lhe o 11º posto da classificação. Isso é o suficiente para chamar a atenção de Enzo Ferrari, que o convida para pilotar os seus carros. E em 1954, Trintignant é piloto Ferrari, e vai ser excepcional: Vence as 24 Horas de Le Mans, com o argentino José Froilan Gonzalez, e tem dois pódios: segundo na Bélgica, e terceiro na Alemanha. Os 17 pontos alcançados dão-lhe o quarto lugar final.
No ano seguinte, no GP da Argentina (um dos mais difíceis de correr de todos os tempos), Trintignant teve que partilhar o seu carro por diversas vezes, acabando-se por classificar simultaneamente no segundo e no terceiro lugar. Na altura, a politica da Ferrari implicava partilhar o volante com vários pilotos, e essas classificações valeram-lhe a soma de 3,33 pontos… Mas no Mónaco alcançou o seu primeiro grande momento de glória na Formula 1. Ao volante do Ferrari, conseguiu superar as dificuldades das ruas do Principado e ganhou a corrida, que foi marcada com a queda de Alberto Ascari para as águas do porto… Os 11,3 pontos alcançados fizeram com que repetisse o quarto lugar da classificação geral.
1956 é um mau ano. Participa no abortado regresso da Bugatti as competições, e corre algumas corridas com a Vanwall. Resultado? Zero pontos.
Em 1957 volta à Ferrari, onde consegue resultados de relevo. Os 5 pontos alcançados valem-lhe o 11º lugar da geral. Em 1958, as coisas são diferentes: a Cooper revoluciona a Formula 1 com o seu motor traseiro, e Rob Walker, o herdeiro da marca de whisky Johnny Walker, adquire dois Cooper, para Moss e Trintignant. Moss ganha na Argentina, e Trintignant no Mónaco. Ainda consegue um terceiro lugar na Alemanha, o que lhe dá no final a soma de 12 pontos, e o sétimo lugar final.
Em 1959, continua com Walker e com os Cooper. Um terceiro lugar no Mónaco e um segundo lugar em Sebring são os melhores resultados para o francês, que lhe dão 18 pontos e o quinto lugar na geral. Em 1960, alcança mais um pódio, o terceiro posto na Argentina, e os 4 pontos dão-lhe o 15º lugar na geral. Para além da Cooper, participa na breve aventura da Aston Martin na Formula 1.
Entre 1961 e 1963, a presença de Trintignant é cada fez mais espaçada, correndo em mais diversas máquinas: Cooper, Lotus, BRM. Lola… mas não alcança mais resultados de relevo. Na última época de Formula 1, em 1964, corre com um BRM privado, e consegue o seu ultimo resultado de relevo: um quinto lugar na Alemanha.
Tem 47 anos quando decide pendurar as luvas. O palmarés final é este: 82 Grandes Prémios, em 15 épocas, com duas vitórias, nenhuma pole-position, uma volta mais rápida e dez pódios, no total de 72,33 pontos.
Após o final da sua carreira, retirou-se para uma quinta em Vergéze, onde produziu vinhos (cujo nome era “Le Petoulet”), viu um seu sobrinho tornar-se num dos maiores actores franceses (Jean-Loius Trintignant, filho de Louis), e tornou-se presidente de Câmara de Vergéze, durante seis anos. Trintignant morreu a 13 de Fevereiro de 2005 em Nimês, aos 87 anos.
Nascido a 30 de Outubro de 1917 em St. Cécile des Vignes, perto de Avignon, no sul de França. Filho mais novo de um vitivinucultor, o seu irmão Louis foi tembém piloto, conduzindo Bugattis. Em 1933, este morre num acidente durante os treinos do GP de Picardie. Contudo, isso não impediu Jean-Louis de se tornar piloto profissional. Começa a correr em 1938, a bordo de um Bugatti, e no ano seguinte vence o Grand Prix des Frontiers, também a bordo de um Bugatti. Mas poucos meses depois, começa a II Guerra Mundial, e a carreira automobilística é interrompida. O seu Bugatti é armazenado num celeiro, onde fica até 1945.
Em Agosto, corre-se no Bois de Boulogne o primeiro GP da pós-guerra, a “Coupe de la Liberation”. Trintignant leva o seu Bugatti para participar, mas não corre devido ao seu filtro de injecção de combustível. Constava que este estava cheio de dejectos de rato… Verdade ou não, a coisa pegou e começaram a chamá-lo de “Le Petoulet”. Até 1950, Trintignant ganhou várias corridas ao volante de diversos carros, como Delage e Simca-Gordini. Em 1948, tem um acidente grave no GP de Reims, quando guiava o seu Gordini, e para o seu lugar, vem um argentino desconhecido na Europa. Seu nome? Juan Manuel Fângio…
Em 1950, Trintignant está na Gordini. Só corre duas corridas, no Mónaco e em Itália, e abandona em ambas. No ano seguinte, faz uma temporada mais completa, mas não termina nenhuma das corridas que participa. Em 1952 consegue o seu primeiro resultado de relevo na Formula 1: um quinto lugar em França. Os dois pontos dão-lhe o 21º lugar na classificação final.
Em 1953, consegue dois quintos lugares, na Bélgica e em Itália, e esses quatro pontos dão-lhe o 11º posto da classificação. Isso é o suficiente para chamar a atenção de Enzo Ferrari, que o convida para pilotar os seus carros. E em 1954, Trintignant é piloto Ferrari, e vai ser excepcional: Vence as 24 Horas de Le Mans, com o argentino José Froilan Gonzalez, e tem dois pódios: segundo na Bélgica, e terceiro na Alemanha. Os 17 pontos alcançados dão-lhe o quarto lugar final.
No ano seguinte, no GP da Argentina (um dos mais difíceis de correr de todos os tempos), Trintignant teve que partilhar o seu carro por diversas vezes, acabando-se por classificar simultaneamente no segundo e no terceiro lugar. Na altura, a politica da Ferrari implicava partilhar o volante com vários pilotos, e essas classificações valeram-lhe a soma de 3,33 pontos… Mas no Mónaco alcançou o seu primeiro grande momento de glória na Formula 1. Ao volante do Ferrari, conseguiu superar as dificuldades das ruas do Principado e ganhou a corrida, que foi marcada com a queda de Alberto Ascari para as águas do porto… Os 11,3 pontos alcançados fizeram com que repetisse o quarto lugar da classificação geral.
1956 é um mau ano. Participa no abortado regresso da Bugatti as competições, e corre algumas corridas com a Vanwall. Resultado? Zero pontos.
Em 1957 volta à Ferrari, onde consegue resultados de relevo. Os 5 pontos alcançados valem-lhe o 11º lugar da geral. Em 1958, as coisas são diferentes: a Cooper revoluciona a Formula 1 com o seu motor traseiro, e Rob Walker, o herdeiro da marca de whisky Johnny Walker, adquire dois Cooper, para Moss e Trintignant. Moss ganha na Argentina, e Trintignant no Mónaco. Ainda consegue um terceiro lugar na Alemanha, o que lhe dá no final a soma de 12 pontos, e o sétimo lugar final.
Em 1959, continua com Walker e com os Cooper. Um terceiro lugar no Mónaco e um segundo lugar em Sebring são os melhores resultados para o francês, que lhe dão 18 pontos e o quinto lugar na geral. Em 1960, alcança mais um pódio, o terceiro posto na Argentina, e os 4 pontos dão-lhe o 15º lugar na geral. Para além da Cooper, participa na breve aventura da Aston Martin na Formula 1.
Entre 1961 e 1963, a presença de Trintignant é cada fez mais espaçada, correndo em mais diversas máquinas: Cooper, Lotus, BRM. Lola… mas não alcança mais resultados de relevo. Na última época de Formula 1, em 1964, corre com um BRM privado, e consegue o seu ultimo resultado de relevo: um quinto lugar na Alemanha.
Tem 47 anos quando decide pendurar as luvas. O palmarés final é este: 82 Grandes Prémios, em 15 épocas, com duas vitórias, nenhuma pole-position, uma volta mais rápida e dez pódios, no total de 72,33 pontos.
Após o final da sua carreira, retirou-se para uma quinta em Vergéze, onde produziu vinhos (cujo nome era “Le Petoulet”), viu um seu sobrinho tornar-se num dos maiores actores franceses (Jean-Loius Trintignant, filho de Louis), e tornou-se presidente de Câmara de Vergéze, durante seis anos. Trintignant morreu a 13 de Fevereiro de 2005 em Nimês, aos 87 anos.
1 comentário:
Brilhante. Já tinha lido lá no Downforce. Adoro esses textos que lembram desses verdadeiros heróis, que corriam no "fio" da navalha.
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