domingo, 13 de maio de 2007

Gilles Villeneuve, 25 anos depois - Um último assunto...

Como sabem, já dei as minhas devidas homenagens a esse grande piloto, na sua devida época. Mas hoje volto ao assunto porque li hoje uma excelente matéria no jornal português "Público" sobre ele e explica a razão pelo qual um piloto com tão curto palmarés é considerado por nós, fãs, como um dos melhores. Não acrescenta muito ao que foi dito, mas ver que um jornal dito "normal" dar uma página inteira a ele, merece o devido destaque. Ora leiam:

"Gilles Villeneuve, o destemido que só queria o primeiro lugar



13.05.2007, Hugo Daniel Sousa



Passaram esta semana 25 anos sobre a morte do piloto canadiano, durante a qualificação para o Grande Prémio da Bélgica de 1982.



Gilles Villeneuve nunca foi campeão mundial de Fórmula 1 e só venceu seis dos 67 grandes prémios em que participou. Mas é um dos pilotos mais adorados e integra frequentemente as listas dos melhores de sempre, ao lado de grandes campeões como Fangio, Jackie Stewart, Emerson Fittipaldi ou Ayrton Senna. Porquê? Todas as respostas vão dar ao mesmo sítio. Um carisma especial, um gosto pelo risco, um piloto que corria sempre nos limites. "Nunca saí do carro a pensar que me poderia ter esforçado mais", confessou um dia o canadiano.



Foi assim que viveu e foi assim que morreu. A tragédia aconteceu num sábado, 8 de Maio de 1982, durante a qualificação para o GP da Bélgica, em Zolder. Fez na terça-feira 25 anos. À saída de mais uma curva, a roda dianteira esquerda do Ferrari número 27 embateu no pneu traseiro direito do March de Jochen Mass. O Ferrari deu várias cambalhotas e Villeneuve não resistiu. O acidente - visível num tributo a Villeneuve - matava, aos 32 anos, um dos mais carismáticos pilotos da F1.



"Tinha um carisma fora-de-série e uma presença em pista fantástica. Há pilotos que não precisam de ganhar para serem adorados", diz Nicha Cabral, o primeiro português a correr na Fórmula 1 (décadas de 50 e 60). "Era um piloto como não há mais na F1", acrescenta Domingos Piedade, que conviveu de perto com o canadiano nos anos em que foi manager de Emerson Fittipaldi e Michele Alboreto. Nicha Cabral faz até uma comparação com um tenista da actualidade: "Era um pouco como o Rafael Nadal. Uma força da natureza."



As multas e as motos



É difícil dizer se Gilles Villeneuve foi o melhor piloto do seu tempo. "Era o mais rápido de certeza", afirma o jornalista José Miguel Barros, que já acompanhava a F1 quando o canadiano corria pela Ferrari. "Villeneuve não era um piloto para ser campeão do mundo. Nunca poupava o carro a pensar nos pontos. Dava sempre o máximo." O calculismo nunca fez parte da lógica de corrida do canadiano. "A imprensa italiana gostava de chamar cavaleiros do risco aos pilotos. Gilles era o máximo representante do cavaleiro do risco", diz Miguel Barros.



Joseph Gilles Henri Villeneuve nasceu a 18 de Janeiro de 1950, na pequena localidade de Richelieu, no Quebeque, e cresceu em Berthierville, a 70 quilómetros de Montreal. Cedo se notou a sua paixão pelos carros. Segundo uma das suas biografias (www.ventisetterosso.com), foram recorrentes na juventude os casos em que pegou nos automóveis do pai para sentir as alegrias da velocidade. Não raras vezes foi multado e noutras ocasiões destruiu mesmo os carros.



Enquanto esperava por um lugar nos automóveis, Gilles dedicou-se às motos de neve. Mais tarde, admitiu que esta experiência lhe deu ensinamentos para conduzir debaixo de chuva. A estreia na competição automóvel aconteceu na Fórmula Ford e Fórmula Atlantic. Mas, por essa altura, era apenas um canadiano talentoso. Faltava-lhe a visibilidade na Europa. E essa chegou em 1976. Ganhou uma corrida em Trois Rivières (Quebeque) em que participaram quatro pilotos de F1, incluindo James Hunt, que seria campeão nesse ano.



Hunt ficou impressionado com o talento do canadiano e falou dele a Teddy Mayer, patrão da McLaren. No ano seguinte, Villeneuve estreou-se na Fórmula 1, em Silverstone, terminando no 11.º lugar. Fez apenas uma corrida pela McLaren. Ainda nesse ano, assinou pela Ferrari, iniciando uma relação de cumplicidade com Enzo Ferrari, o patrão da marca italiana. "Quando me apresentaram este pequeno canadiano, reconheci nele o físico do grande Tazio Nuvolari [piloto italiano dos tempos pré-F1]. Disse 'vamos dar-lhe uma hipótese'", disse Enzo, citado no livro "Enzo Ferrari: The Man, The Cars, The Races."


A chegada à Ferrari era o sonho de Gilles. Só que os primeiros tempos não foram fáceis. Na primeira corrida, a 9 de Outubro de 1977, no Canadá, desistiu. E na segunda, no Japão, sofreu um aparatoso acidente, que causou a morte a dois espectadores.A cumplicidade com Enzo valeu-lhe a renovação de contrato ano após ano, mesmo quando os resultados desportivos não eram os melhores. Ficou na memória uma corrida em 1979, em que lutou até à última volta pelo segundo lugar no GP de França contra o Renault de René Arnoux, ou o dia em que, na Holanda, continuou em prova, mesmo com três rodas.


O ano fatídico (1982) corria mal, muito mal, ao canadiano. Depois de três provas em branco, Villeneuve foi segundo em San Marino. Foi aí que começou a história da sua morte. Tudo porque Didier Pironi, o outro piloto da Ferrari, o ultrapassou, contrariando as ordens da equipa. Gilles ficou furioso e deixou de falar a Pironi. Era este o contexto, duas semanas depois, no Grande Prémio da Bélgica. Gilles queria bater o tempo de Pironi na qualificação e queimava as últimas voltas, quando embateu em Mass. Seguia a mais de 200 km/h. Eram quase 14h. Gilles sofreu ferimentos na coluna e no pescoço. Às 21h12, era certificado o óbito. Nascia um mito na Fórmula 1.

2 comentários:

Rogério Magalhães disse...

Bela matéria do Público, que faz tempo que não consulto, gostava de lê-lo pela net tempos atrás... uma bela homenagem a um piloto que não vi correr ao vivo, minhas lembranças de garotinho chegam a 1982, mas não deram tempo de gravar alguma coisa de Gilles... só mesmo alguns vídeos para salvar... e me fazer integrar essa trupe que o considera um dos grandes da F1 de todos os tempos, mesmo sem números marcantes. É que nem sempre títulos, vitórias explicam a paixão no esporte... eu bem sei disso com minha Portuguesa... Gilles estará sempre vivo entre nós, assim como o "Moco" José Carlos Pace...

E valeu pela visita ao meu humilde muquifo e a indicação. Sempre que puder, baixo por aqui também! Tá excelente o blog também... abraço!

Felipão disse...

Grande Gilles...