É o primeiro exemplar do filho de um campeão que se torna campeão também. Numa altura em que os italianos dominavam as pistas, Ascari foi, em conjunto com Nino Farina e Luigi Villoresi, um dos melhores pilotos italianos do pós-guerra, que teve como adversários pilotos como Juan Manuel Fangio ou Louis Rosier. No dia em que, se estivesse vivo, faria 90 anos de idade, falo do primeiro multi-campeão da Formula 1, e o último italiano a vencer um Mundial: Alberto Ascari.
Nasceu em Milão a 13 de Julho de 1918, com a I Guerra Mundial quase no seu termo. Era filho de Antonio Ascari, um dos melhores pilotos do seu tempo, correndo em equipas como Alfa Romeo e Fiat, e que correra com Enzo Ferrari numa Targa Florio. Contudo, Antonio morre no GP de França de 1925, em Montlehry, quando tinha 36 anos, e Alberto 7 anos de idade. Crescendo sem pai, ficou contudo atraído pelas corridas. Tentou primeiro o motociclismo, provavelmente influenciado pelos feitos de Tazio Nuvolari, mas fica-se pelos automóveis após ter participado com 22 anos, nas Mille Miglia, num carro preparado por Enzo Ferrari. Ficou num bom lugar, mas poucas semanas depois, a Itália entrava na II Guerra Mundial e a carreira de Ascari teve que ficar para depois.
Quando a guerra acabou, Ascari vai correr para a Maserati, ao lado do seu amigo Luigi Villoresi, começa a participar em corridas um pouco por toda a Itália e na Europa. Quando ganha corridas em 1948, Ascari já tem 30 anos, e já está na Alfa Romeo, a equipa do seu pai. Mas no ano seguinte, depois de uma breve passagem pela Maserati, Ascari muda-se para a Ferrari, com Villoresi, juntando-se ao velho companheiro de equipa do seu pai.
Em 1950, começa oficialmente o Campeonato do Mundo de Formula 1. A Alfa Romeo, com uma máquina projectada... em 1938, domina por completo as pistas europeias, mas Enzo Ferrari, que tinha contas a ajustar com a marca do trevo. contudo, não participam na corrida inaugural da Formula 1, em Silverstone. Na corrida seguinte, no Mónaco, Ascari participa, acabando a corrida em segundo, atrás de Juan Manuel Fangio. Nesse ano, Ascari consegue mais um segundo lugar em Monza, numa condução partilhada com o seu compatriota Dorino Serafini.
No ano seguinte, a Ferrari apresenta o modelo 375, com um depósito de combustível maior, que lhe permitia fazer menos reabastecimentos, e assim conseguir bater os já velhos Alfa Romeos. Isso acontece em Silverstone, mas quem ganha essa corrida foi... o argentino José Froilan Gonzalez. Nessa corrida, Ascari tinha desistido, com um problema na caixa de velocidades.
Contudo, a sua primeira vitória não estava longe. Na corrida seguinte, no circuito de Nurburgring, Ascari ganha a sua primeira corrida, e quando repete a proeza em Monza, torna-se num forte candidato ao título mundial de 1951. Mas na última prova, o GP de Espanha, corrido nas ruas de Barcelona, Ascari, que tinha feito a "pole-position", tem problemas com os pneus, e termina a prova na quarta posição, dando a Juan Manuel Fangio o primeiro dos seus cinco títulos mundiais.
Mas no final daquele ano, a Alfa Romeo retira-se da competição, deixando a Ferrari sozinha contra uma concorrência muito fraca. Para melhorar as coisas, Fangio tem um grave acidente em Monza, deixando-o fora de combate durante boa parte desse ano. Assim sendo, Ascari consegue algo que até hoje não foi batido: nove vitórias consecutivas em corridas de Formula 1, entre 1952 e 1953, começando no GP da Belgica de 1952, e terminando no mesmo GP, de 1953. Nesses dois anos, conquistou ambos os títulos mundiais, o primeiro com 35 pontos oficiais, em 53,5 pontos conquistados, e no segundo caso, com 34,5 pontos oficiais, em 46,5 pontos conquistados. Era a época do dominio total da Ferrari e de Ascari, quase sem oposição real.
Contudo, em 1954, a maré muda. Apesar de ter ganho as Mille Miglia, ao volante de um Lancia D24 Spyder, a sua temporada na Formula 1 fora muito modesta, pelo menos até à estreia do Lancia D50. Quando o estreou no GP de Espanha, em Barcelona, Ascari fez a pole-position e liderou nas dez primeiras voltas, até que a embreagem partiu-se, sendo obrigado a desistir.
As coisas prometiam ser um pouco melhores em 1955, mas numa altura em que a Mercedes dominava as pistas, aliada à pouca fiabilidade do carro, Ascari não consegue reultados. Na Argentina, é derrotado pelo calor excessivo e tem um acidente na volta 21. No Mónaco, consegue um bom resultado nos treinos, ao ser segundo, e na corrida, após as desistências de Fangio e Stirling moss, tinha a vitória mais do que certa. Mas na volta 80 das 100 voltas ao circuito monegasco, o cansaço provoca-lhe uma desconcentração fatal na zona da Chicane do Porto, e o carro cai à água! Ascari safa-se sem ferimentos de maior, mas é mais uma vitória certa que deixa escapar...
Quatro dias depois, a 26 de Maio de 1955, Ascari está em Monza para ver os ensaios do Ferrari 750 de Sport Turismos, no qual iria correr na Sport Maggiore 1000, nesse mesmo circuito. À hora de almoço, pede a Eugenio Castelotti, seu companheiro nessa prova, para que pudesse dar umas voltas à pista. Na Curva Vialone, Ascari perde o controlo do carro, despistou-se e morreu. Tinha 36 anos, os mesmos que o seu pai tinha quando morreu. E outra coincidência: ambos morreram num dia 26.
A sua carreira na Formula 1: 32 Grandes Prémios, em seis temporadas (1950-55), 13 Vitórias, 17 Pódios, 14 Pole-Postions, 12 Voltas Mais Rápidas, no total de 107,64 pontos oficiais em 140,14 pontos reais. Campeão do Mundo de Formula 1 em 1952 e 1953.
Alguns anos depois, a Vialone foi rebatizada de Curva Ascari, em homenagem ao piloto que perdera a vida naquela zona do circuito. Depois de Ascari, nenhum italiano conseguiu vencer um título mundial, apesar de ter havido alguns pilotos próximos disso, como Lorenzo Bandini e Michele Alboreto, curiosamente, pilotos que passaram e venceram pela Ferrari. hoje em dia, o seu nome é dado a algumas ruas em Itália, e até tem uma marca de carros com o seu nome...
Fontes:
http://en.wikipedia.org/wiki/Alberto_Ascari
http://www.ddavid.com/formula1/ascari_bio.htm
http://www.grandprix.com/gpe/drv-ascalb.html
1 comentário:
Incrível essa capacidade que os italianos que vencem grandes prêmios têm de morrer em pista... Temo por Trulli e Fisichella.
A propósito, a foto "França 54" não mostra Ascari, mas sim Gonzalez e Fangio. Fui conferir a numeração e Ascari largou com uma Maserati 250F número 10.
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