quinta-feira, 27 de maio de 2010

5ª Coluna: Divórcios, escolhas e o regresso à América


Nas vésperas de um fim de semana cheio de eventos, como as 500 Milhas de Indianápolis, o GP da Turquia e o Rali de Portugal, entre outros, a semana que passou foi mais calma, onde a grande novidade foi o anuncio de que a partir de 2012 acontecerá o regresso da Formula 1 aos Estados Unidos, mais concretamente a Austin, a capital do Texas e o anuncio da separação entre a Dallara e a Hispania.

A escolha da cidade texana não é muito estranha, dado que o Texas tem alguma tradição automobilistica, nomeadamente na NASCAR. Mas o facto de a prova ser disputada num autódromo desenhado por Hermann Tilke faz pensar um pouco no pior, por dois motivos: o primeiro é a má fama dos circuitos desenhados pelo gabinete chefiado pelo projectista alemão, demasiado travados e sem serem excitantes, com uma ou duas excepções. A segunda é saber se será suficientemente atraente para os americanos. É certo que um mercado de 300 milhões de consumidores é potencialmente bom, mas nos Estados Unidos, a Formula 1 é um corpo estranho. Sempre o foi.

A procura de circuitos ao longo dos anos 70 e 80 foi disso um exemplo. As ruas de cidades como Las Vegas, Long Beach, Detroit, Phoenix e Dallas acolheram o Grande Prémio dos Estados Unidos, que chegou a ter duas e três corridas no calendário, devido à obssessão de Bernie Ecclestone em conquistar o público das terras do Tio Sam. Sem grandes resultados, pois depois de 1991, e até 2000, este esteve fora do calendário. O facto de depois ter ficado durante oito anos em Indianápolis, num circuito interno construido para o efeito, até atraiu imensos espectadores, mas depois não criou raízes, porque após 2007, ficou de fora do calendário.

Para mim a escolha de Austin é somente o resultado de alguém que estendeu umas malas cheias de dólares e uns terrenos para erguer um complexo, para ganhar dinheiro com isso. Bernie fez o resto, mas... sinto cepticismo. A acontecer, tem de ser rentável, e fazer um circuito só para receber um evento por ano, não serve. No passado houve casos desses, como por exemplo o Ontario Motor Speedway, na California, construido no inicio dos anos 70 e que década e meia depois, após a falência da entidade promotora, foi demolida para dar lugar a uma urbanização.

Portanto, até 2012, estou como São Tomé: ver para querer.

O segundo caso da semana foi a separação entre a Hispania e a Dallara. Estão a ver aqueles casais que há muito estão separados, mas que ainda não assinaram o acordo de divórcio? Pois foi isso que aconteceu neste caso. Depois das atribulações no caso de Adrian Campos, que quase viu o seu projecto ir pelo cano abaixo, como aconteceu no caso da USF1, de Ken Andersson e Peter Windsor, o projecto foi salvo graças à intervenção de um dos seus sócios, Jose Ramon Carabante, que com a ajuda de Bernie Ecclestone, foi buscar Colin Kolles e o piloto Karun Chandhok, que se juntou a Bruno Senna.

Mas houve sempre tensões entre os dois lados. Primeiro foi devido às dívidas entre a Dallara e a Hispania, que impediu a transmissão de dados sobre o desenvolvimento do carro, fazendo com que nunca passasse da última fila e agora tem a ver com as criticas ao carro propriamente dito. Com a ajuda do Tio Bernie, pelo menos esses são os rumores do paddock, as dívidas foram saldadas e a equipa tem as mãos livres para construir o seu próprio chassis em 2011. Veremos se há dinheiro para tal, pois continuam a haver rumores sobre a continuidade do projecto até ao final da temporada... Veremos.

Para o final, falo sobre um dos rumores da semana: o fornecimento de pneus para 2011. Fala-se muito na Michelin e na Pirelli, depois da FOTA ter aparentemente excluido a britânica Avon. Dadas as exigências que a Michelin deu aos construtores, para que desenvolvessem os seus pneus às suas custas, a imprensa italiana fala muito que a escolhida pode ser a Pirelli, que aparentemente deixou cair algumas exigências, como o abolir do monopólio. Como a FOTA deseja ainda mantê-lo, por motivos orçamentais, a grande dúvida é saber se em 2011, os pneus terão ou não jantes de aro 18, em vez dos actuais jantes de aro 13. Em principio, será neste fim de semana turco que a decisão será tomada.

E é tudo. Espero que gozem o "gordo" fim de semana automobilistico. Vai valer a pena!

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