Com todos os olhos no Mundial da Africa do Sul, e a discutir aquilo que chamo polidamente de "trombetas do Diabo", a vida continuou noutros lados, pois neste fim de semana passado tivemos as 24 Horas de Le Mans e o GP do Canadá. Se no caso do regresso da Formula 1 ao mítico Circuit Gilles Villeneuve, e este a se tornar na melhor prova do ano em muitos aspectos, e sem chuva a interferir, a vitória de Lewis Hamilton e a consequente subida à liderança, demonstra que o "The Seb & Mark Racing Show", que muitos vaticinavam há umas semanas, transformou-se em algo diferente. Pelo menos sabemos que a McLaren conseguiu reagir às vozes de dominio, com o britânico campeão do mundo de 2008 e voltar à mó de cima, três anos depois da sua primeira vitória, neste mesmo local.
Contudo, poucas horas, no outro lado do Atlântico, mais concretamente no circuito de La Sarthe, em Le Mans, tínhamos assistido ao maior golpe de teatro automobilístico do ano. Contrariando o favoritismo inicial, a Audi, com o seu modelo R15 TDi, vencera as 24 Horas de Le Mans da melhor maneira possivel: colocando os seus carros nos três primeiros lugares, monopolizando o pódio.
Mas esta vitória não foi só fruto da inteligência e resistência dos carros da marca de Inglostadt. Também aconteceu devido à idiótica tática dos comandados de Olivier Quesnel, que decidiram encarar isto como se fosse uma corrida de "sprint" com 24 horas de duração, na intenção de humilhar os alemães. Saiu tudo ao contrário, por culpa deles.
O Pqugeot 908 HDi dominou tudo que era treinos, colocando os seus quatro carros, três oficiais mais o da Oreca, nos quatro primeiros postos. Tudo certo até aqui. Mas depois encararam a corrida como se fosse um Grande Prémio de Formula 1, quando na realidade, pela sua duração, tem o equivalente a doze. E se nos próprios regulamentos da Formula 1, os motores são obrigados a resistir a pelo menos três corridas... a pensar dessa maneira, os resultados poderiam acabar em desastre. Só o carro da pole-position, o de Pedro Lamy, Sebastien Bourdais e Simon Pagenaud escaparam porque desistiram mais cedo, devido a problemas de suspensão.
Todos os outros acabaram as suas corridas quase com a meta à vista. Pela manhãzinha, um após o outro, desistiram pelo mesmo problema: quebra do motor. Primeiro os oficiais e depois o carro da Oreca, que ainda tinha hipóteses de se intrometer no pódio. AS mecânicas, castigadas por tantas horas ao máximo, não aguentaram este esforço adicional, e no fim, foi a Audi que deu a última gargalhada. Merecidamente.
Mas uma vez, as 24 Horas de Le Mans provaram a velha máxima de que "para acabares em primeiro, primeiro tens de acabar". O que conta é chegar ao fim, tudo o resto é acessório. De que serve partir do primeiro lugar ou liderar durante 16 horas em "maximum attack", se no final não chegas ao fim? Aqui, quem conta são os vencedores, os que ficam para a história. O resto e mera estatística.
Agora, com o rabo entre as pernas, a Peugeot deve encarar a edição de 2011, provavelmente com novo carro, dado que a ACO (Automobile Club De L'Ouest) colocará novos regulamentos entrarão em acção a partir do próximo ano. E promete ser tecnologicamente interessante, com a introdução de um sistema KERS ou a promoção de carros elétricos, bem como novas marcas.
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