sexta-feira, 18 de junho de 2010

Montezemolo "versus" as novas equipas

"Carros com prestações ao nível da GP2 não deveriam poder participar em corridas de F1 porque devem correr nos domingos de manhã. O andamento do nosso monolugar era suficientemente bom para vencermos a corrida [no Canadá]".

"O ritmo de corrida de nosso carro era o suficiente para a vitória. Vamos esperar que, no futuro, não aconteçam erros em apertar um botão nem em ultrapassar carros que nos coloque em desvantagem, pois já passamos por aquilo."

Luca di Montezemolo, Gazzetta dello Sport, esta quarta-feira.

Desde o inicio do ano que o presidente da Ferrari declarou guerra às novatas: Lotus, Virgin e Hispania. De uma certa forma, é a forma que ele tem para dizer que não agradou às decisões tomadas pelo "Mad Max" Mosley, no inicio do ano. De facto, os critérios usados pela FIA para aceitar essas equipas foram, no mínimo duvidosas. Serem obrigados a usar motores Cosworth, por exemplo, foi um deles. Era certo e sabido que estes carros iriam ser, pelo menos no inicio da época, quatro a cinco segundos mais lentos do que os da frente, e que poderiam ser "chicanes ambulantes", tal como foram agora no Canadá.

Mas as pessoas sabem que com o desenrolar da época, as pessoas que lá trabalham, especialmente na Lotus, os carros e respectivos componentes, serão desenvolvidos e essa diferença será esbatida. Enquanto isso não acontecer, Luca de Montezemolo terá razão no que fala. Contudo, tais declarações escondem outras coisas, e até podem ser encarados como desculpa de mau pagador.

Dou-vos dois bons exemplos: desviar a atenção dos maus resultados da Scuderia e também um problema de distribuição de dinheiro das transmissões televisivas. Como e sabido, depois da vitória de Fernando Alonso no Bahrein, as prestações da marca de Maranello foram completamente ofuscadas pelas das McLaren e especialmente Red Bull. É certo e sabido que os motores Ferrari estão a ser referidas pelas piores razões, com as várias quebras quer por parte deles, quer por parte da Sauber e da Toro Rosso, as equipas que as usam. E ainda por cima, em certos aspectos, estão a ser ameaçados pela Renault, que depois de ter batido num ponto baixo no inicio do ano, parecem recuperar a chama, pelo menos na parte dos motores.

O segundo pressuposto que coloco em cima da mesa é mais pragmática: dinheiro. Sabe-se que os dinheiros dos direitos televisivos são divididos a meias entre a FOM e as equipas. O orçamento da Ferrari em 2010 ronda os 300 milhões de euros, muito dinheiro em comparação com, por exemplo, os 55 milhões da Lotus. Esse dinheiro investido pela FIAT tem de render. E numa era de crise, não ter prejuízo é uma alegria. E claro, aquilo que recebia em 2009, quando eram dez, em 2010 será bastante menos, pois o bolo agora está repartido por doze. E em 2011, como é certo e sabido, serão treze.

Quando contrataram Fernando Alonso, esperavam que, a lado de Felipe Massa, pudessem partir para mais uma era de prosperidade que tiveram no inicio do século com Michael Schumacher, Jean Todt, Ross Brawn e Rory Bryne. Hoje em dia, Schumacher e Brawn estão na Mercedes, Todt é o presidente da FIA e Luca di Montezemolo, o homem que chegou à Formula 1 em 1973 para salvar a Scuderia de um triste final, poderá ter a sua continuidade em risco. E quando falo dele, posso também referir como Stefano Domenicalli, o seu director-desportivo, Luca Baldisseri, Aldo Costa ou Nicholas Tombazis.

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