Quinze dias depois da etapa monegasca, a Formula 1 continuava nas pistas belgas, nomeadamente no temível circuito de Spa-Francochamps. Após a senda vitoriosa de Indianápolis, a Lotus estava de volta com as inscrições oficiais de Jim Clark e Mike Spence, e prometia que este iria ser a sua temporada, pois a vitória de Graham Hill acontecera porque eles não tinham lá estado.
A oposição a esta ameaça dos carros de Colin Chapman era grande. A começar pela BRM, que tinha trazido consigo o inglês Graham Hill e o jovem escocês Jackie Stewart, enquanto que a Cooper tinha o neozelandês Bruce McLaren e o jovem austriaco Jochen Rindt. Na Brabham, com o seu modelo BT11, estavam o australiano Jack Brabham e o americano Dan Gurney, enquanto que a japonesa Honda confiava em dois americanos: Richie Ginther e Ronnie Bucknum. Por fim, a Ferrari tinha inscritos o campeão do mundo, John Surtees e o italiano Lorenzo Bandini.
Das equipas privadas, a Reg Parnell alinhava com o inglês Richard Attwood e o escocês Innes Ireland, que substituia Mike Hailwood, que regressara a tempo inteiro ao motociclismo, enquanto que a Rob Walker Racing alinhava com o sueco Jo Bonnier e o suiço Jo Siffert, ambos com Brabham-Climax, enquanto que a Scuderia Centro Sud tinha o belga Lucien Bianchi e o americano Masten Gregory, para além da inscrição de outro belga, Willy Mairesse. Para finalizar, havia mais três inscrições: a JW Automotive, que inscrevera um carro para o australiano Frank Gardner, e a inscrição privada de Bob Anderson.
Tal como no Mónaco, houve polémica na Belgica. Se no Principado, a Lotus recusou participar devido a divergências com os organizadores devido aos valores da inscrição, na corrida belga, o problema foi o mesmo, mas de outra maneira: a organização apenas iria pagar as inscrições das seis equipas de fábrica: Lotus, Ferrari, BRM, Brabham, Honda e Cooper, deixando de fora as equipas privadas, e tinham de lutar pelas quatro vagas que a organização tinha deixado livres. Em protesto, as equipas privadas decidiram não comparecer na sessão de sexta-feira, e a organização decidiu tentar um compromisso de que iriam aceitar a inscrição de vinte carros na corrida belga.
Nos treinos, o melhor foi o BRM de Graham Hill, que conseguiu bater o Lotus de Clark no registo do melhor tempo. E ambos teriam na primeira fila da grelha a companhia de Jackie Stewart, no segunfo BRM. Na segunda fila estavam o Honda de Ginther e o Brabham de Gurney, enquanto que a terceira linha ficariam o Ferrari de Surtees e os Brabham da Rob Walker de Bonnier e Siffert. A fechar o "top ten" ficaram o Cooper de Bruce McLaren e o carro de Jack Brabham.
No dia da corrida estava a chover a cântaros, e Clark, que detestava correr na pista belga, viu o seu rival Hill a partir na frente, e decidiu atacar a sua liderança perto da Masta Kink, onde conseguiu agarrar o comando... para não mais a largar até ao final da corrida, na volta 32. Hill ficou com o segundo posto, mas cedo começou a ser contestado por Stewart, que algumas voltas depois, conseguiu ultrapassá-lo. O mesmo fez John Surtees pouco tempo depois, mas na volta cinco, o motor explodiu.
O britânico manteve a terceira posição, mas vindos de trás, Bruce McLaren e Jack Brabham abriram caminho ate chegar a Hill, que os tentou segurar o mais que pôde, mas foi ultrapassado pelo neozelandês na volta 18. A partir daqui, tentou segurar Jack Brabham, mas perto do fim, também não resistiu aos ataques do piloto australiano.
Enquanto isso tudo acontecia, Clark estava na frente, imperturbável e a caminho da sua segunda vitória do ano. Apesar do seu ódio declarado ao mítico circuito belga, ia conseguir a sua quarta vitória consecutiva, o que era um recorde na altura. Um "Rei das Ardenas" que odiava a sua coroa... Quando assim aconteceu, a Lotus comemorava o seu regresso às vitórias, com Jackie Stewart e Bruce McLaren a acompanhá-lo no pódio. Nos restantes lugares pontuáveis ficaram Jack Brabham, Graham Hill e o Honda de Richie Ginther, dando o primeiro ponto à marca japonesa.
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