segunda-feira, 14 de junho de 2010

O piloto do dia - John Miles

Pode-se dizer que fazia parte da geração de engenheiros que testavam os seus carros em corrida, em vez de os fazer num ambiente privado. Nunca deu muito nas vistas, e teve plena consciência da periculosidade dos projectos de Colin Chapman. Tanto que após o acidente que vitimou o seu companheiro de equipa Jochen Rindt, decidiu abandonar a competição. E após a sua carreira de piloto, continuou ligado ao automobilismo... mas também fundou uma editora de jazz. Provavelmente tem a ver com as suas ligações artísticas. Hoje falo de John Miles, no dia em que comemora o seu 67º aniversário natalício.

Nascido a 14 de Junho de 1943 no bairro de Isilginton, em Londres, John era filho de Bernard Miles, um conhecido actor britânico, que construiu o The Marmaid Theater no final da sua vida foi elevado a um título nobiliarquico. Teve duas irmãs, Sarah, que também virou atriz, e Bridget, que se tornou artista. Em 1963, aos vinte anos, Miles correu em Turismos, vencendo convincentemente o campeonato, com 15 vitórias em 17 corridas. Depois passou para a Formula 3, onde deu nas vistas, sendo convidado no final de 1968 para se juntar à Lotus, como piloto de testes da marca.

Em 1969, ficou encarregado de pilotar e desenvolver o modelo 69, de quatro rodas motrizes, uma tentativa da marca de conseguir um carro com maior aderência. Uma tentativa que mais tarde se revelou fracassada. Estreou-se no GP de França, em Charade, mas não terminou. Aliás, o seu melhor lugar foi um décimo posto no GP da Alemanha, no temido Nordschleife.

Com as sérias lesões sofridas por Graham Hill no GP dos Estados Unidos, em Watkins Glen, Miles sobe de estatuto e torna-se no segundo piloto da equipa, ao lado de Jochen Rindt, na temporada de 1970. A principio, usa o modelo 49C, no qual ele conquistará um quinto lugar no GP da Africa do Sul, mas ele já andava a testar o novo modelo de Chapman, o Lotus 72. Um carro que causava receios do seu piloto numero um, que após um teste falhado em Jarama, teve uma grande discussão com Chapman acerca da sua segurança. Foi Miles que ficou com o carro, não tendo conseguido qualificar.

Voltou a usá-lo a partir do GP da Belgica, mas enquanto que Rindt, que ganhara confiança no modelo, vencia corridas atrás de corridas, Miles não conseguia voltar a pontuar, não tendo conseguido mais do que um sétimo posto na Holanda. O seu estilo cerebral e "certinho" não agradava a Chapman, que a partir do GP da Grã-Bretanha acolhe um jovem brasileiro de 23 anos, de seu nome Emerson Fittipaldi.

Na corrida de Monza, era costume os pilotos e as equipas tirarem os suportes aerodinâmicos, pois estes eram inúteis um circuito essencialmente de velocidade. Chapman, com a concordância de Rindt, tirou as asas dos seus carros, algo que assustou verdadeiramente Miles, que se recusou a fazer tal coisa. E quando pouco depois, na qualificação de Sábado, Rindt teve o seu acidente mortal e por consequência Chapman retirou os seus carros da competição, foi a gota de água para ele, que decidiu abandonar a equipa, e quase imediatamente, a Formula 1.

A sua carreira: 12 Grandes Prémios, em duas temporadas (1969-70) dois pontos.

Sem os dois principais pilotos, Chapman virou-se para o brasileiro Fittipaldi e recrutou um jovem sueco, de seu nome Reine Wissell, para correr no GP dos Estados Unidos, prova que resultou na vitória de fittipaldi e consequente título póstumo a Rindt. Quanto a Miles, foi trabalhar para a BRM, onde participou em algumas provas extra-campeonato em 1971, para depois participar em provas de Turismo de 2 litros. A meio da década de 70, abandona de vez a competição para se dedicar à engenharia automóvel e a escrever para as revistas da especialidade.

No inicio da década de 90, Miles volta à Team Lotus, onde vai trabalhar como engenheiro de pista para a uma equipa agora comandada por Peter Wright, um dos antigos colaboradores, primeiro de Chapman e depois de Peter Warr. Lá ficou até ao fecho de portas, no inicio de 1995, ao que depois ajudou a fazer... uma editora de musica jazz, a Miles Music. Para além disso, é consultor técnico da Multimatic, uma firma de componentes para a industria automóvel.

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