Acho muito injusto que ele tenha ficado na História como uma infeliz baixa no campo dos mártires do automobilismo, porque acho que Ricardo Paletti merece muito mais do que isso. É certo que, mesmo que não fosse um talento nato nas pistas, tinha uma mentalidade de desportista. Praticou desporto na adolescência, chegando até a ser campeão nacional de karaté, e perto dos 18 anos se mudou para o automobilismo, com resultados razoáveis.
É certo que Paletti chega à Formula 1 por intermédio do dinheiro do seu pai, que era então o importador da Pioneer na Itália, e que esse dinheiro foi o suficiente para pagar um lugar na Osella, que nesta altura lutava para sair do fundo da grelha, e que não tinha dinheiro, por exemplo, para ter um carro em condições para ele. E se o veterano Jean-Pierre Jarier aproveitou a oportunidade para correr e dar três pontos à equipa, no famigerado GP de San Marino, onde apenas 14 carros alinharam, Paletti se esforçava em passar do cunho nos não-qualificados.
E quando o conseguiu, por direito próprio, a sorte foi-lhe madrasta: Em Detroit, bateu no warm-up e danificaou o seu carro a ponto de não alinhar, e no Canadá, termina a sua vida enfaixado no Ferrari de Didier Pironi. "Porca Miséria!"
E o cruel foi que tudo isto aconteceu sob o olhar da sua mãe. Ele tinha-a convidado para assistir à corrida, pois planeavam passear em Nova Iorque dali a dois dias, para comemorar o seu 24º aniversário natalício. Era a primeira oportunidade de ter um dos seus a assistir as suas performances. E conseguiu qualificar-se, quase contra todas as expectativas, demonstrando esforço e preserverança. E ainda mais cruel foi ver o seu carro a arder depois do embate, embora não tivesse sido a causa da sua morte. No final, a autópsia revelou que o seu chassis de aluminio não aguentou o impacto em cheio na traseira de Pironi e o seu volante bateu em cheio na caixa toráxica, sofrendo ferimentos fatais.
Um final mesmo cruel, em mais um dois incidentes daquele "annus horribilis" de 1982...
Em jeito de legado, o circuito de Vairano foi batizado com o seu nome. Hoje em dia é muito mais conhecido por ser mais um "caído em combate", mas poucos sabem que ele foi o primeiro a ter um médico pessoal a acompanhá-lo e a dar relevância à forma física. Algo que ninguém fazia muito por essa altura, e que poucos anos depois deu resultados graças a Ayrton Senna, que deve muito do seu "stamina" que tinha nas corridas aos excercicios elaborados por Nuno Cobra, o seu preparador fisico.
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