domingo, 13 de junho de 2010

"To finish first, you must first to finish"

As 24 Horas de Le Mans são uma prova de resistência, e nunca de "Sprint". E se uma equipa diz que domina, com o seu modelo, a unica maneira de provar esse dominio é levar os seus carros até à bandeira de xadrez, e nada mais. Portanto, as "pole-positions" e as vitórias nas corridas anteriores de nada valem, se no final, nenhum deles cruzar a meta. Mesmo que tenha quatro máquinas nas quatro primeiras posições da grelha, como aconteceu à Peugeot este ano, com o modelo 908 HDi.

E aqui, quem se ri no fim foi a Audi. Com o seu modelo R15, que é claramente inferior aos modelos R8 e R10, e que nunca venceu nada de relevante antes desta edição das 24 Horas, acabou por cortar a meta numa posição altamente improvável: monopolizar o pódio. Se alguém apostasse nesse resultado numa casa de apostas, certamente das duas uma: ou seria funcionário da Audi, ou era maluco.

Não sei se alguém fez isso, mas se sim, hoje está um pouco mais rico. Timo Bernhard, Mike Rockenfeller e Roland Dumas subiram hoje ao lugar mais alto do pódio, comemorando aquele que é uma das vitórias mais improváveis da história de Le Mans. Demonstra que na Audi, quando se "caça com gato" nas "pastagens" do La Sarthe, dá se muito bem. E é graças a homens como Reihold Joest, o lendário patrão da sua equipa, veteranissimo da lendária prova de resistência, que conseguiu ser mais resistente do que os Peugeot. E mais uma vez, a marca de Inglostadt saiu vencedora, o que me faz adaptar a famosa frase do Gary Lineker: "As 24 Horas de Le Mans são uma prova de resistência, mas no final ganha sempre a Audi". E quem diz Audi, pode falar da Porsche...

A Peugeot, depois de vencer merecidamente em 2009, sai completamente derrotada em 2010. Quando a tripla Sebastien Bourdais, Pedro Lamy e Simon Pagenaud fizeram a "pole-position", pesava-se que iria ser um passeio francês, na prova francesa. Afinal, ao fim de escassas três horas, o carro da pole estava de fora da corrida, com problemas de suspensão. Mas isso não pareceu incomodar a equipa, pois pensava-se que os outros dois carros oficiais, mais o carro da Team Oreca, tomariam conta do caso. E assim pareceu, quando fui dormir, ao final de doze horas de competição.

Mas a pouco mais de duas horas do fim, aconteceu o golpe de teatro: o motor do carro numero um tripulado por Alexander Wurz, Anthony Davidson e Marc Gené explode e encosta à berma, terminando a sua corrida por ali. Um golpe de teatro desses, tão perto da meta, é próximo do horrivel... e quase a seguir, o mesmo modelo da Oreca, tripulado por Olivier Panis, Nicolas Lapierre e Löic Duval também explode o motor. Fim de história para os carros da marca do leão, a provar que... velocidade sem resistência dá zero. Inglostadt 3 - Sochaux 0.

Mas foi uma excelente corrida de se seguir, digamos assim. No próximo ano, com um novo regulamento, onde se permitirão entradas de carros híbridos, elétricos e outros, recuperando o espírito de experimentação de novas tecnologias, para serem testadas nos carros de série, vai ser mais um motivo de interesse para seguir esta prova, que a cada ano que passa se renova e começa a experimentar, quase vinte anos depois, um verdadeiro campeonato mundial de resistência. Ainda bem, pois é disso que o automobilismo precisa!

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