Já se passaram quase duas semanas sobre o acidente multiplo na oval de Las Vegas que custou a vida de Dan Wheldon, mas passada a tristeza e começa-se a seguir - dificilmente, e certo - a vida, surgem criticas mais duras sobre a maneira como aquela corrida foi dirigida. e uma dessas criticas veio de uma voz respeitada no automobilismo americano: Alex Zanardi, bicampeão da CART e que perdeu as pernas num acidente na oval de Lausitzring, em setembro de 2001.
Numa entrevista captada pela americana Autoweek, o ex-piloto de 45 anos afirmou que aquela corrida "não era [uma competição] entre pilotos, era simplesmente um bando de carros rolando juntos." E que em relação à velocidade dos pilotos iam naquela altura, "pode não ser o fator em si mesmo, mas pode agravar as coisas".
"Na corrida de Las Vegas, aquilo não parecia uma luta de pilotos, mas sim um conjunto de carros a viajar juntos a alta velocidade. Quando andas assim por uns bons cinco minutos com o teu rival ao teu lado ao ponto de conseguires ver os patrocinadores que tem no seu carro... é como se estares a guiar com um instrutor de condução. É obscenamente idiota, porque se perdes a concentração naquele momento, é porque não estavas concentrado o suficiente."
Na entrevista, Zanardi deu o seu exemplo pessoal das suas experiências nas ovais: "No inicio de 1998, foi introduzida a asa Handford, uma espécie de 'Gurney flap' com o objetivo de baixar a velocidade dos carros, causando maior aderência. Na primeira corrida que os testamos, eu, o Michael Andretti e o Greg Moore andamos juntos e no final da corrida fomos assaltados pelos jornalistas que, todos entusiasmados, diziam que 'tinham assistido uma grande corrida'. "
"Nós olhamos espantados uns para os outros e diziamos: 'mas eles viram a mesma corrida do que nós vimos?' É que tinha sido uma porcaria, porque nós não conseguiamos descolar uns dos outros. Já não era uma corrida de velocidade pura, apenas esperavamos apenas pelo momento do 'slipstream'. Tinha-se acabado o talento puro, as corridas tinham virado uma simples questão de estratégia", continuou.
Quanto ao comportamento dos pilotos em pista, Zanardi referiu: "No meu tempo o Paul Tracy era duro nas pistas normais, mas muito cuidadoso nas ovais super-rápidas, e tinha um respeito enorme por toda a gente."
Para concluir, deixou uma afirmação demolidora sobre os carros atuais: "Com os carros atuais, mantens a tua linha e é tudo. E francamente, perfiro ter um carro com mil cavalos, mas fácil de controlar do que ter um carro de 650 e com níveis absurdos de aderência".
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