O anuncio foi feito ontem, mas ainda se continua a sentir as ondas de choque de tal decisão. A Peugeot Portugal, que participava ativamente nos ralis nacionais desde o distante ano de 1996, anunciou a sua retirada no final da temporada devido a motivos orçamentais. A equipa, que gastava 1,3 milhões de euros por temporada, não resistiu à crise que assola o pais em geral e o setor automóvel em particular. Queda nas vendas, altos impostos, entre outros, motivaram esta decisão.
"A Peugeot Portugal alavancou fortemente os ralis em Portugal, ajudou ao aparecimento de grandes valores lusos, e desde 1996, foi a única marca presente a nível oficial, e de forma ininterrupta, nos ralis em Portugal. Em 16 anos de competição, a Peugeot Sport Portugal participou em 148 ralis, conseguiu 55 vitórias e subiu 91 vezes ao pódio. Conquistou 7 títulos de Pilotos e 6 de Marcas em 12 épocas no campeonato nacional, além de ter sido a única formação portuguesa a sagrar-se vice campeã no Campeonato Europeu de Ralis."
"A Peugeot Portugal expressa o maior reconhecimento a Carlos Barros e à sua equipa, a todos os pilotos e co-pilotos que estiveram connosco, aos patrocinadores e a todos os fãs que nos acompanharam ao longo destes 16 anos.", lia-se no comunicado oficial.
A importância da Peugeot Portugal nos ralis é enorme, especialmente quando foi durante esse tempo a unica marca que esteve presente no Nacional de ralis, que ao longo dos anos tem vindo a perder de importância devido á falta de orçamento para ter um pelotão digno de concurso.
Se há já alguns anos os WRC tinham desaparecido de cena, nos últimos anos eram os S2000 que alegravam as classificativas nacionais. Mas depois de Bernardo Sousa ter vencido no pano passado, este ano praticamente eram os carros de Produção que fizeram grande parte do campeonato. E nos últimos anos, como foi descrito nos parágrafos acima, dominou o panorama nacional com pilotos como Adruzilio Lopes, e, 1997, 98 e 2001; Miguel Campos, em 2002, e mais recentemente Bruno Magalhães, em 2007, 2008 e 2009.
E no panorama internacional, foi vice-campeã da Europa em 2003, com Miguel Campos e as duas participações no IRC em 2010 e 2011, que teve como ponto culminante a vitória no Rali dos Açores do ano passado.
Quanto a Bruno Magalhães, seu piloto oficial e que correu nas últimas duas temporadas no IRC (Intercontinental Rally Challenge), afirmou pouco depois deste anuncio oficial, na sua página de Facebook, a sua tristeza pela decisão tomada pela marca:
"Como calculam, é uma notícia bastante triste para todos os envolvidos neste projecto e para os amantes da modalidade. Nesta hora difícil, não posso esquecer que foi ao serviço desta marca que ganhei todos os títulos da minha carreira e que obtive todas as minhas vitórias em Ralis. Assim, apenas posso dizer que levo a marca no meu coração e não posso deixar de agradecer a quem muito me deu.
Obrigado a todos os que colaboraram de forma direta ou indireta neste projeto, a quem soube fazer criticas construtivas e imparciais que me permitiram evoluir e ganhar campeonatos. Nesta hora difícil, palavra muito especial a todos os nossos Concessionários Peugeot pelo apoio que sempre tive, bem como a todos os restantes patrocinadores ao longo dos anos. Palavra de agradecimento para a Peugeot Sucursal de Lisboa, pois foi aí que o meu percurso nesta marca começou, principalmente ao meu amigo Rui Trindade pois foi o primeiro a acreditar em mim.
Por fim, um agradecimento profundo a todos os que estão no mesmo "barco" que eu, ou seja, todos os elementos do nosso departamento de competição que tanto me deram nestes anos. Aos meus co pilotos, diretor de comunicação, mecânicos e restantes elementos pelo carinho e dedicação, e principalmente ao grande Carlos Barros, uma pessoa única no mundo automóvel, a nível de motivação, profissionalismo, dedicação e seriedade."
Contudo, hoje o piloto português já disse à Autosport portuguesa que não iria ficar parado em 2012: "Sou o mesmo piloto de sempre, tenho toda a experiência que acumulei ao longo destes anos no IRC, por isso a minha intenção é prosseguir a minha carreira nos ralis ao mais alto nível, e por isso vou tentar colocar de pé um projeto que o permita. Sei que não será fácil, mas neste momento já estou a pensar nas alternativas existentes", começou por dizer, afirmando que tem em aberto todas as possibilidades que lhe possam surgir para dar continuidade à sua carreira.
"Sou um piloto profissional e por isso coloco todas as hipóteses em aberto, e estou também recetivo a propostas para outras disciplinas. Obviamente, queria continuar nos ralis, pois vivo das corridas, mas estarei aberto todo o tipo de propostas", continuou.
Boa sorte ao Bruno, porque merece. Afinal de contas, contribuiu em muito para a internacionalização dos pilotos portugueses, a par de Bernardo Sousa e Armindo Araujo. Quanto à Peugeot, só se espera que quando regressar a bonança, que volte ao panorama dos ralis, pois faz falta.
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