Faltam poucas horas para o começo do GP indiano, mas se pilotos e o anãozinho tenebroso adoram o circuito e estão impressionados com o trabalho feito por aquelas bandas, outros, porém, falam de um lado mais obscuro de uma estrutura que foi feita num tempo recorde e que tem... vá lá, os seus defeitos. Digo isto depois de ler os relatos do pessoal que já aterrou em Nova Delhi para ver e escrever sobre o GP indiano, como o Luis Fernando Ramos, o Ico.
Mas pra começar, quero falar de um artigo da edição de hoje do jornal "The Guardian" que encontrei, graças ao site F1 Fanatic. Ali, o jornalista Paul Weaver fala que se Ecclestone e os pilotos estão impressionados com as instalações e o desenho do circuito de Buddh, que faz lembrar uma montanha-russa, noutros aspectos... bem, só esperemos que o pior não aconteça na hora da transmissão televisiva.
Primeiro, Ecclestone: "Isto é uma maravilha. Fizeram tudo aquilo que nós tinhamos pedido, dois ou três anos após nós termos chegado a um acordo. O pessoal de Silverstone demorou 25 anos, portanto acho que eles fizeram um bom trabalho", relatou. De facto, pelas fotografias, o circuito tem bom aspecto, mas é engraçado ler o preço que pagaram para que as coisas tal qual elas estão. O mesmo jornalista do "The Guardian" fala desse "lado negro da Força":
"Longe da pista e 'off the record', há quem tenha de ser convencido da viabilidade deste Grande Prémio. 'Escuta, meu', afirmou um engenheiro que não quis ser identificado, 'este lugar está um caos. A electricidade não funciona [continuamente], a rede de gás também não funciona e há problemas com a canalização'.
"Ao mesmo tempo que esse engenheiro falava sobre o que se passava realmente, outro técnico passava por nós, procurando resolver uma tarefa com ar ao mesmo tempo vago e urgente, fazendo-me lembrar Ethelredo, o Impreparado [um dos piores reis de Inglaterra]. E há muitos Ethelredos no International Circuit."
E por falar em Ethelredos, coloco aqui uma passagem do Ico sobre o sitio onde está hospedado e os seus primeiros dias na sua primeira experiência indiana:
"Estou numa cidade/bairro chamada Greater Noida. É o conglomerado urbano mais próximo do circuito, cerca de 15 minutos de carro até lá. No projeto, um lugar fantástico: um enorme centro universitário e de tecnologia, com inúmeras universidades, prédios moderníssimos, um enorme campo de golfe desenhado por Nick Faldo, um gigante jardim criando uma área pública perfeita para a região.
Tudo isso eu vi numa maquete mostrando o projeto. A realidade é muito distinta: algumas universidades cujos prédios parecem bem mais velhos do que são, muito mato, várias favelas, uma porção de construções inacabadas e com cara de abandonadas. Perguntei a um dos funcionários do hotel em quanto tempo ele acreditava que a Greater Noida do projeto ficaria pronta. Uns dez anos? 'Ah, bem mais. Depende da vontade do governo. Temos dinheiro e mão de obra, mas cada hora entra um partido diferente com suas próprias prioridades'.
Soa familiar?"
Tudo isso eu vi numa maquete mostrando o projeto. A realidade é muito distinta: algumas universidades cujos prédios parecem bem mais velhos do que são, muito mato, várias favelas, uma porção de construções inacabadas e com cara de abandonadas. Perguntei a um dos funcionários do hotel em quanto tempo ele acreditava que a Greater Noida do projeto ficaria pronta. Uns dez anos? 'Ah, bem mais. Depende da vontade do governo. Temos dinheiro e mão de obra, mas cada hora entra um partido diferente com suas próprias prioridades'.
Soa familiar?"
No final, temos de ser otimistas: as coisas melhorarão na India e nos anos seguintes aprenderão com os erros, mas esta primeira experiência irá muito provavelmente testar a paciência de toda a gente que está por aquelas bandas.
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