Todos nós conhecemos estes nomes:
Felice Nazzarro, Achille Varzi, Juan Manuel Fangio, Jackie Stewart, Niki Lauda,
Alain Prost. São todos pilotos conhecidos por serem regulares, mantendo um
ritmo regular, mas suficientemente alto para que os adversários não os
conseguissem apanhar. Pois bem, o primeiro deles foi um francês que teve uma
carreira curta, mas que passou para a história como um dos mais regulares,
chamando-o de “O Cronómetro”. Isto, enquanto não o lembavam de outro nome: “O
Assanino de Vacas”, devido a um acidente que teve na Course des Ardennes, em
1902. Hoje, o pioneiro do dia é Leon Théry.
Nascido a 16 de abril de 1879, em
Paris, Thery começou-se a envolver com os automóveis como mecânico de André
Michelin, um dos irmãos da companhia de pneus com o mesmo nome. Conta-se a
lenda de que em 1898, na corrida Paris-Amesterdão-Paris, ele batizou o boneco
de “Bibendum” quando gritou a Michelin, à chegada, que “era tempo de beber”,
que é o que significava tal palavra em latim.
No ano seguinte, inscreve-se na
sua primeira corrida, a Paris-Bordéus, a bordo de um voiturette Decauville,
onde não chegou ao fim. Mais tarde, no Tour de France, conseguiu um segundo
lugar na sua classe, ao volante da mesma Decauville. Em 1900, voltou a competir
na corrida Paris-Rouen-Paris, onde venceu na Coupe des Voiturettes.
Em 1901, entra no Paris-Brordéus
numa Decauville de 16 cavalos, na classe de Carros Leves, e termina a corrida
na quinta posição da geral. No ano seguinte, participa nas duas corridas
daquele ano, na Paris-Viena e na Coupe des Ardennes. Na primeira, teve vários
problemas mecânicos, que o fazem com que chega na 72ª posição, enquanto que
depois na prova belga, colide com uma vaca na segunda volta da corrida, dando o
famoso apelido de “Assassino de Vacas”
Em 1903, Théry entra na corrida
Paris- Madrid, a bordo de um Decauville de 30 cavalos, na categoria de Carros
Leves. Ele chegou na 26ª posição quando a corrida foi interrompida em Bordéus,
mas havia uma razão: Théry ajudou no acidente que vitimou Marcel Renault. Ele
foi o primeiro carro a chegar ao local do trágico acidente, onde parou o seu
carro quando viu testemunhas do acidente a removerem Renault e seu mecânico
Vauthier dos destroços. Nenhum médico estava no local, mas Théry encontrou um bem
perto e o levou até ao local do acidente a bordo de uma bicicleta.
Em 1904, Théry foi para a
Brasier, uma marca que tinha sido formada por Richard Brasier, onde foi notado
pela sua regularidade. Na corrida que decidiu a equipa francesa para a Gordon
Bennett Race, Théry foi o vencedor, e na corrida em si, a sua regularidade
compensou, batendo Camile Jenatzy, o belga que guiava ao serviço da Mercedes, e
venceu o troféu, trazendo-a de volta para França.
Em 1905, a Gordon Bennett Cup iria
ser disputada num circuito de 137 quilómetros na zona de Auvergne, numa
competição que era a mais disputada de todas até então. Seis nações (França,
Alemanha, Grã-Bretanha, Itália, Austria e Estados Unidos) iriam competir com
três automóveis cada um, perfazendo um total de dezoito carros. Théry venceu a
corrida de seleção, a bordo do seu Brasier, agora com 96 cavalos, e na corrida
propriamente dita, Théry conseguiu vencer as dificuldades do exigente circuito
francês e venceu com um avanço de 15 minutos sobre o segundo classificado, o
Fiat de Felice Nazzarro. Depois da corrida, ele foi para Paris, onde teve uma
recepção de herói e foi recebido pelo presidente Émile Loubet.
Thery retirou-se em 1906, no
intuito de estabelecer um negócio de Taxi em Paris, mas dois anos depois,
Brasier o convence em voltar a correr no Grand Prix daquele ano, onde ele iria
dirigir o modelo de 120 cavalos. Durante a corrida, Théry estava a exibir a sua
regularidade habitual, conseguindo levar o seu carro para o terceiro lugar, até
que abandonou à nona volta, depois de uma falha no motor, quando seguia em
quarto lugar. Infelizmente, esta seria a sua última corrida, pois poucos meses
depois, a 8 de março de 1909, acabaria por morrer em Paris, vítima de
tuberculose. Tinha apenas 29 anos e foi enterrado no cemitério de Pierre
Lachaise.
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