O antigo piloto britânico Jonathan Williams, que correu na Endurance e em um Grande Prémio de Formula 1 ao serviço da Ferrari, em 1967, morreu este domingo aos 71 anos de idade, na sua casa do sul de Espanha, segundo conta o jornalista britânico Joe Saward.
Williams foi ao longo da sua vida um homem eclético. Filho de um aviador da RAF e de uma professora, nasceu no Cairo, na mesma altura em que o seu pai está estacionado, a 26 de outubro de 1942. Regressado à Grã-Bretanha no final da guerra, a sua paixão pelos automóveis começa em 1951, aos nove anos, depois de ter visto uma corrida em Silverstone. Dez anos depois, em 1961, começou a correr nas "club races", a bordo de um Mini.
Outro jornalista, Adam Cooper, conta no seu blog que uma certa tarde, no circuito de Mallory Park, Williams sofreu um despiste e estava a assistir ao resto da corrida quando outro carro saiu de pista perto dele. Ao ver quem era o piloto, descobriu que era um jovem de 20 anos, que partilhava o seu apelido, mas não eram parentes: Frank Williams. No ano seguinte, ambos participaram na Formula Junior, com Jonathan como piloto e Frank como mecânico. As coisas não correram muito bem, pois no Mónaco, sofreu um acidente onde quebrou uma perna e sofreu ferimentos na cabeça. Contudo, para Frank, esse ano foi determinante, pois conheceu outro piloto: Piers Courage, herdeiro de uma marca de cervejas escocesa.
Em 1964, os três compraram dois Lotus 22 para correr na Formula 3 europeia. Com Frank como diretor e Courage e Jonathan como pilotos, as coisas não correram lá muito bem, pois o dinheiro acabou depressa. Em 1965, Jonathan alinhou com Courage e Peter Gethin numa equipa feita por Charles Lucas, onde correu o suficiente para ser observado pela equipa italiana De Sanctis, que o convidou para correr com eles na temporada de 1966. Williams, que admirava Itália, aceitou.
A temporada correu bem, com duas vitórias em Enna-Pergusa e em Monza, o que atraiu a atenção de Enzo Ferrari, que o ofereceu um contrato para correr na CanAm, Endurance e Formula 2. Num ano atribulado na Scuderia, com a morte de Lorenzo Bandini no Mónaco, e o grave acidente de Mike Parkes, em Spa-Francochamps, Williams teve uma temporada sem grandes incidentes. Contudo, no final de outubro, entre duas corridas na CanAm, a Ferrari lhe pediu para à Cidade do México para correr num dos seus carros de Formula 1 para a última corrida do ano. Ao lado de Chris Amon, fez o que tinha de fazer e acabou a corrida no oitavo lugar. Foi a sua unica corrida na Formula 1, pois pouco depois, teve um sério acidente durante testes em Modena.
Libertado do contrato com a Ferrari, volta a correr na Formula 2 em 1969, a convite do seu amigo Frank, onde venceu pela segunda vez em Monza. No ano seguinte, passou pela Endurance, onde correu um Porsche 908/2 nas 24 Horas de Le Mans, com uma particularidade: tinha câmaras, que foram usadas no filme "Le Mans", com Steve McQueen como protagonista. Contudo, durante esse tempo, o seu amigo Courage morre em Zandvoort e o seu interesse pelo automobilismo desapareceu. No final de 1971, decidiu abandonar o automobilismo para se dedicar à aviação, sendo piloto de jatos particulares até meados dos anos 90, onde adquiriu uma autocaravana e começou a vaguear pelo sul da Europa, até se assentar em Espanha, onde escreveu sobre automobilismo em várias revistas.
Segundo conta Adam Cooper, as suas visitas automobilísticas eram raras, e a mais recente tinha acontecido no ano passado, onde na companhia de Charles Lucas, tinha estado em Zandvoort, onde ajudou a inaugurar uma placa de homenagem a Courage. Personagem modesta, que relativizava a sua carreira e a sua passagem pela Ferrari, mas sem dúvida alguém que pertenceu a esse meio. Ars lunga, vita brevis.
1 comentário:
mais um 'bota' que se vai...
abs...
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