Muitos se lembraram que hoje passa um ano sobre o desaparecimento de Maria de Villota. Parecendo que não, ela fez parte deste mundo fechado e pequeno que é o dos pilotos de Formula 1. E sobre aquilo que ela fez e teve, recordo-me de uma frase que o Emerson Fittipaldi disse em 1970, quando se estreou na Formula 1, em Brands Hatch:
"Alinhei na última fila. ao meu lado tinha o [Graham] Hill, meu ídolo de infância. Se morresse nesse momento, morria feliz. Tinha atingido o meu sonho - alinhar num Grand Prix de Formula 1".
De facto, Maria de Villota nunca alinhou num Grande Prémio. O pai, Emilio de Villota, sempre teve dificuldade em alinhar num, com apenas dois sucessos em 15 tentativas, entre 1977 e 1982 em chassis como McLaren, March, Brabham e Williams. Quando a filha foi vista como uma possível piloto titular na Marussia, muitos torceram o nariz, pois achavam que era apenas para propósitos publicitários. É verdade que os seus resultados nunca foram relevantes, mesmo na Superleague formula, onde alinhou com as cores do Atletico de Madrid, mas ver uma mulher-piloto num mundo de homens é algo raro, mesmo que a ideia de ver uma a batê-los ainda faça parte do dominio da ficção cientifica.
Mas aquele dia de julho de 2012, no aeródromo de Duxbury, mudou tudo. Num dos acidentes mais bizarros da história da Formula 1, De Villota perdeu o controlo do seu carro num teste de linha reta e embateu com o seu capacete na porta do camião que levou o seu carro até aquele local. Um grave fratura craniana, a perda do olho direito e o consequente desfiguramento. Felizmente recuperou, mas viveu apenas mais um ano e três meses até que sofreu um derrame num quarto de hotel de Sevilha e morreu.
Por uma cruel partida do destino, isto acontece precisamente numa altura em que temos outro piloto da Marussia a lutar pela vida, Jules Bianchi. Também vitima de um acidente, desta vez em corrida, e com ferimentos graves na cabeça devido à desaceleração causada pelo choque. A extensão é grande e o mundo da Formula 1 vive em suspenso, pois algo que julgavam ter desaparecido de vez há vinte anos, poderá estar de volta. São tempos sombrios, estes em que lembramos de Maria de Villota.
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