É certo que isto estava definido no calendário há muito tempo, mas sete dias do Japão para a Rússia é uma violência bem forte, especialmente quando as pessoas perdem entre um e dois dias dentro de aviões, apanhando voos de ligação entre Tóquio e Sochi, parando em sítios estranhos como Dubai, Paris, Londres, Moscovo, etc.
Ainda por cima, numa coincidência cruel, tudo isto acontece menos de uma semana após o acidente de Jules Bianchi, na chuva de Suzuka. Em vez dos pilotos apreciarem as vistas do parque Olímpico e do Mar Negro, os seus pensamentos estão virados para o seu companheiro que luta pela vida numa cama de hospital no Japão, sem saber se irá acordar deste acidente, deste choque. A luta pela sobrevivência estava acima da luta pelo título mundial entre os pilotos da Mercedes, por exemplo. E a Formula 1 não esqueceu: na pista, de modo virtual, escreveram: JULES, WE ARE ALL SUPORTING YOU (Jules, estamos a apoiar-te).
Mas o espetáculo teve de continuar, ainda por cima, quando se sabe que estamos naquele período crucial em que os motores e as caixas de velocidades alcançam os seus limites. E os resultados apareciam: Kevin Magnussen e Nico Hulkenberg chegaram ao limite de caixas de velocidades, e iria cumprir uma penalização de cinco lugares, enquanto que Pastor Maldonado cumpria a penalização por ter trocado de motor, e tinha dez lugares de penalização.
Numa tarde de sol e calor em Sochi, máquinas e pilotos partiam para a nova pista olímpica no sentido de fazer as suas voltas. Com apenas 21 carros presentes - e Max Chilton a salvar a honra da Marussia, mas apenas conseguiu o último tempo - a grande surpresa dessa primeira fase da qualificação foi a saída de Felipe Massa, devido a problemas na sua bomba de combustível do qual o impedia de ser tão veloz como deveria ser. Em contraste, Marcus Ericsson surpreendeu ao conseguir o 17º tempo, exatamente abaixo de Felipe Massa, Kamui Kobayashi e até de Pastor Maldonado, mesmo com a penalização assente!
Passando para a Q2, assistiamos à tentativa dos McLaren de andar a par dos Mercedes, e de Valtteri Bottas a tentar fazer tempos equivalentes a eles todos, agora que era o unico dos Williams na luta. Mas mais atrás, e talvez beneficiando do fator "casa", Daniil Kvyat mostrava-se a fazia ótimos tempos, capazes de o colocar na Q2 com o seu Toro Rosso. Em claro constraste, Sebastian Vettel viu-se em dificuldades com o apoio e com os pneus e acabou por fazer o 11º tempo, ficado fora da Q3 por pouco. Aliás, quem o colocou de fora foi o Toro Rosso de Jean-Eric Vergne e o Ferrari de Kimi Raikkonen, que foram os últimos dessa sessão a passar para a Q3.
E a parte final foi interessante. Não tanto pelas lutas entre Nico Rosberg e Lewis Hamilton - nada que não saibamos deste resultado - mas de como é que Valtteri Bottas esteve bem próximo de conseguir superá-los. Andou sempre a par de Rosberg e Hamilton, e por muito tempo teve o segundo melhor tempo, até Hamilton fazer a pole-position, com 1.38,513 segundos, mais 200 centésimos do que Nico Rosberg. Mas a respiração ficou suspensa na última parte, quando Valtteri Bottas vinha na sua volta lançada com um tempo superior a toda a gente! Contudo, a última parte correu-lhe bastante mal e nem um "scandidavian flick" o salvou de ser terceiro, a 407 centésimos de Hamilton.
E assim sendo, o resultado foi o previsível. Os Mercedes monopolizaram a primeira linha e parece que Lewis Hamilton está a mostrar cada vez mais que o bicampeonato é dele, depois de estar a superá-lo desde Monza. Partindo da pole-position, terá toda a vantagem amanhã, durante a corrida, para alargar a vantagem, caso venha a ser o melhor na corrida. Bottas é o terceiro, mas mais interessante é ver Daniil Kvyat no quinto posto, atrás de Jenson Button, mas na frente até do Red Bull de Daniel Ricciardo. Kevin Magnussen foi o sexto, mas a penalização o "expulsa" para o 11º posto da grelha de partida, ficando atrás de Ricciardo, Fernando Alonso, Kimi Raikkonen e Jean-Eric Vergne.
Agora resta a corrida, num cenário novo, mas com os pensamentos longe dali.
Sem comentários:
Enviar um comentário