sábado, 27 de dezembro de 2014

A história de Tyler Alexander, um discreto fundador (parte 6)

(continuação do capitulo anterior)

Em 1990, Alexander veio para a equipa a tempo inteiro, mas antes disso, em novembro de 1989, Ron Dennis tinha pedido para que fosse à Austrália, para conhecer Senna e o novo recruta, o austríaco Gerhard Berger. Foi conhecer a ambos em Port Douglas, nos dias anteriores à corrida australiana. 

"Ron tinha acabado de assinar com Gerhard Berger para substituir Prost em 1990, e pediu-me para ir ter com eles à última corrida, e Adelaide, para conhecer a ele e ao Ayrton. Berger é um excelente tipo para conversar, e dei-me bem com o Ayrton logo à primeira. Paramos em Port Douglas, e à beira da piscina do Sheraton, Ayrton disse para mim: 'Tyler, há algo que tens de sempre lembrar na Formula 1, ninguém te conta a verdade'. Não o disse num tom violento, mas disse-o de forma baixa, quase tímida. Depois falamos sobre outra coisa qualquer".

"Fui a uma data de testes, assisti a algumas corridas, depois estive muito tempo em Los Angeles, trabalhando com o Pete Wiseman numa versão da caixa semi-automática, uma coisa engraçada. Após algum tempo, pensávamos que já funcionava e levamos para a Grã-Bretanha. Ao mesmo tempo, ia para o Japão para fazer muito trabalho com o pessoal da Honda. Depois começou a aparecer muita, muita eletrónica nos carros, e tive de aprender sobre isso. Chamavam-me Diretor de Projetos Especiais, mas era apenas um título. Trabalhava em tudo que fosse necessário.

No final, fiquei outros vinte anos na McLaren e depois de levarmos os carros para Melbourne, no inicio de 2009, eu reformei-me. Mas quando isso aconteceu, Ron disse-me que poderia voltar lá sempre que quisesse. Então, há coisas dos quais alguns de nós falam sobre. Então, se andar por perto, apareço por lá a cada sexta-feira"

Após meio século de carreira, Tyler Alexander tornou-se num dos "elder statesmen" do automobilismo, com resultados nos dois lados do Atlântico, em várias categorias. Formula 1, Can-Am, IndyCar, foram os sitios onde ele andou, muitas das vezes atrelado a Teddy Mayer, é certo, mas com uma carreira bem recheada, cheia de dramas, triunfos, frustrações, vitórias... e algumas tragédias. De uma forma prática, resume o que sabe sobre automobilismo de uma maneira: 

"Aprendi muito ao longo de muito, muito tempo. O automobilismo é como a guerra. Não, é guerra. E se a guerra começa às 2 da tarde, não vale muito a pena estares pronto cinco minutos depois das duas da tarde."

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