segunda-feira, 22 de dezembro de 2014

A história de Tyler Alexander, um discreto fundador (parte 2)

Na segunda parte da entrevista que foi feita a Teddy Alexander, e publicada na edição de setembro de 2013 da Motorsport britânica, o co-fundador da McLaren falou não só dos primeiros tempos na equipa, como o rescaldo do acidente mortal de Timmy Mayer na Tasman Series de 1964, a primeira saída internacional da McLaren.

"Após isso (o acidente mortal de Timmy em Longford), havia coisas para fazer. Era algo que começava a aprender: no automobilismo, vais trabalhar para fazer as coisas, é a tua tarefa. Nós quatro - eu, Teddy, Garril, a mulher de Timmy e ele no caixão - fomos para Sydney, depois Honolulu, San Francisco, e por fim, Nova Iorque. Bill Scranton, o tio de Teddy e Timmy, então governador da Pennsylvânia, mandou-nos um avião para nos transportar até Scranton, na Pennsilvânia. No dia a seguir houve uma enorme reunião na casa da familia Meyer, e à horta do almoço, todos faziam as questões: que diabos Timmy estava fazendo? Onde diabos era essa coisa da Tasman? Fiz o meu melhor para explicar o que fazia: estava a divertir-se e era bom no que fazia, mas teve um acidente infeliz e acabou por morrer."

"Após isso, Fui com Teddy e Garrill para o Vermont, porque ela me tinha prometido que me ia ensinar a esquiar. Enquanto estava lá, Teddy recebeu uma chamada de Inglaterra. Era Bruce. 'Vai haver uma grande corrida em Oulton Park neste sábado. Achas que deveriamos tentar comprar o Zerex Special?' Teddy respondeu: 'Tyler está aqui, vou pedir a opinião dele'. Os telefonemas aconteceram em catadupa, ele chegou a um acordo com a Mecom, eu fui para lá numa station wagon com um reboque para recolher o Zerex. Estava em Pensacola, onde o [Roger] Penske correra pela última vez, e num domingo à noite eles ajudaram-me a carregar o carro, enquanto que eu o ia guiar até ao aeropoirto Kennedy, 1200 milhas a norte. Eu mantive-me na estrada à custa de Coca-Cola e comprimidos de cafeína, e quanto estes acabaram, eu coloquei a cabeça de fora do carro, como se fosse um cão".

"Teddy tinha ido buscar pessoal para o levar logo para o avião, dormi no hotel do aeroporto, e na manhã seguinte estava a caminho de Heathrow. Eoin [Young, o primeiro porta-voz da McLaren] foi-me buscar, fomos para a oficina de Tim Parnell em Hounslow, onde tinhamos alugado um espaço, e o Zerex ficou por lá. Wally Hallimont e Bruce Harré, outro neozelandês - um tipo realmente fantástico - estavam a trabalhar nele, e fomos correr para Oulton Park, três dias depois."

A corrida não foi famosa, pois Bruce retirou-se a meio da corrida com problemas na pressão de óleo, e decidiu-se que iriam trocar o motor Climax de quatro cilindros em linha por outro novo, e houve resultados, quando em Aintree, McLaren bateu Jim Clark num Lotus 30, e repetiu a mesma coisa duas semanas depois, em Silverstone. No dia a seguir, todos estavam na garagem para modificar o chassis.

"Estavamos agora a trabalhar num canto de um armazém ao pé de Kingston Bypass, onde um empreiteiro tinha guardado o seu equipamento. O chão era de terra e sempre que iamos à casa de banho, arriscavamos a levar uma injeção de tétano devido à ferrugem que lá havia. Para alargar a quota kiwi, veio o Howden Ganley."

O carro tornou-se mais forte em termos estruturais, especialmente na parte central, com o objetivo de acomodar um potente motor Chrvrolet V8, que tinha sido comprado à Mecom como parte do acordo para terem o Zerex. Todo esse trabalho demorou 18 dias, com McLaren a ausentar-se para ir correr o GP do Mónaco, mas quando esteve pronto, foi transportado para o outro lado do Atlântico, para ajudar Bruce a vencer uma corrida em Mosport, à frente de Roger Penske e de Jim Hall, ambos em Chaparral.

"Poderemos afirmar que todo este chassis retrabalhado, este Cooper-Oldsmobile foi o primeiro chassis McLaren. Contudo, Bruce ainda estava ligado à Cooper e tinhamos de ter cuidado com isso. Nós não queriamos perturbar o velho Charlie Cooper".

"Teddy veio ver-nos em Mosport. ele estava a tentar ver o que queria fazer a seguir. Como um jovem de 28 anos, advogado proveniente de uma familia rica, cujo irmão tinha morrido numa prova automobilistica, ele não estava comprometido connosco naquela altura. Mas depois decidiu-se e veio ter connosco de vez. era um excelente homem de negócios, e provavelmente a Bruce McLaren Motor racing não teria crescido como cresceu sem ele. Eles eram um excelente duo: Teddy mandava-nos dar uma volta, Bruce seduzia-nos, e conseguíamos o que queríamos".

Em agosto de 1964, Bruce continuava a vencer com o Zerex Special, em Brands Hatch, e depois foi à Tourist Trophy, em Goodwood, com o Cooper-Olds. Ele fez a pole-position e liderou até ter problemas de embraeagem. Entretanto, o primeiro McLaren de raiz estava a ser montado, para correr no ano seguinte em Mosport, onde liderou até que problemas com a relação de caixa de velocidades o forçaram a parar nas boxes. Regressou para acabar no terceiro lugar, fazendo pelo caminho a volta mais rápida.

(continua) 

1 comentário:

André Candreva disse...

Paulo Alexandre,

aproveito para lhe desejar um FELIZ NATAL e um 2015 repleto de boas realizações e com muita PAZ...

abs...