segunda-feira, 3 de outubro de 2016

Uma questão de atitude

Ele ligou-me a pedir desculpa, o que é sempre bom. É uma acção que não me faz recuperar os pontos que perdi, mas é sempre positivo ouvir umas palavras de conforto” - Nico Rosberg, sobre a ação de Sebastian Vettel no GP da Malásia.

Ontem falei dos pilotos que estavam sob pressão, e que é nos momentos criticos que vemos de que matéria eles são feitos. No domingo, falei de Lewis Hamilton, hoje falo de Sebastian Vettel, tetracampeão do mundo pela Red Bull, três vezes vencedor em 2015 pela Ferrari e que em 2016, arrisca a ter um ano sem vitórias, algo que só aconteceu no seu último ano na Red Bull, em 2014.

A atitude do alemão de Heppenheim, na primeira curva e na primeira volta de Sepang é algo que somente os campeões têm. Claro, Vettel vai ser penalizado pelo que fez na primeira curva - perda de três posições na grelha - mas a atitude é o que conta. O alemão da Ferrari telefonou ao alemão da Mercedes, reconheceu o erro e pediu-lhe desculpas. Se vai voltar a fazer o mesmo? é bem capaz. A atitude dos pilotos, quaisquer que sejam é que "se vês a frincha e não aproveitas, não és piloto", como disse Ayrton Senna, no final de um famoso GP do Japão.

As pessoas adoram dizer que piloto A ou B são "arrogantes". Eis um "newsflash" para o fã ingénuo: são todos arrogantes. Tem todos na cabeça a atitude de eu contra eles, e viram isso ontem quando Lewis Hamilton saiu do carro, depois do seu motor explodir, dizendo que havia uma conspiração contra ele para que não consiga o título mundial, julgando que é seu por "direito divino". A mesma coisa pensa Vettel, Rosberg, Ricciardo, Verstappen... até Fernando Alonso, acreditem. O fico muda de piloto para piloto, a cada fim de semana de corridas, porque são eles que põem a boca no microfone e debitam o "soundbyte" do dia, para causar a tempestade que agrada aos que escrevem e divulgam, por causa dos "clickbaits", agora a moda desta década do século XXI.

Mas eu tenho ainda a minha simpatia por Sebastian Vettel, ainda acho que é um pouco diferente. A atitude dele atrai-me. É esperto e brincalhão, é discreto e privado. Não é um Hamilton que persegue o rabo da Rihanna ou está no estúdio de Kanye West para tentar "rappar" como eles, ou é um Raikkonen que tem atitude de "estou a ca**r para o mundo" e que ultimamente dá "memes" na Net e anúncios publicitários. E é dos poucos que não tem Facebook, nem tem Twitter. Pelo menos, de forma oficial... 

E também de forma interessante, é ele que decide por ele mesmo, em termos de contratos. Não tem empresário, o que é espantoso por estes dias que correm. O que significa que é dos poucos que anda com uma "entourage", não há "sanguessugas" que vivem à custa dele. Agora, com o que se passa na Ferrari, é provável que esteja arrependido de estar na Scuderia. Mas pensando bem, eles são os únicos que pagam aquilo que ele quer.

Vettel pode não ganhar corridas neste ano, numa altura em que eles parece que regressaram à "estaca zero". Mas o nome e prestigio da Scuderia pode ser que atraia os grandes nomes da engenharia, numa altura em que a formula 1 passará por um novo tipo de regulamento, com novos carros, e provavelmente, um novo dominio na competição. Ver se serão os Ferrari nesse novo tempo que aí vêm poderá fazer com que ele pense que ainda está no lado dos vencedores. E talvez sorria um pouco mais do que tem sorrido ultimamente.

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