quinta-feira, 25 de maio de 2017

A odisseia de Jeanette Kvick

O rali de Portugal já foi há quase uma semana, mas toda a gente sabe que participar num rali do WRC é um sonho, especialmente aqueles que encaram o automobilismo com paixão, mais até do que o profissionalismo. Contudo, há "estórias" em que... contado, ninguém acredita. Foi o que aconteceu à dinamarquesa Jeanette Kvick, que iria ser a navegadora da alemã Edith Weiss, e ambos iriam fazer o Rali de Portugal a bordo de um Peugeot 208 R2.

Tudo começou quando Weiss chegou a Portugal com um dia de atraso não é apenas um dia de atraso, chegando depois de Kvick, que tinha reservado um quarto de hotel e alugado um carro para o reconhecimento (Recce). Quando ambas se encontraram, Kvick perguntou sobre a sua experiência de piloto, com ela a responder que tem afirmava ter muita experiência e já tinha corrido várias vezes no WRC. "Eu tinha uma mulher dizendo que sabia o que fazia. Mas parecia vir de outro planeta", dizia Kvick, ingenuamente embarcando numa história e não esclarecer todas as questões importantes relativas ao alojamento e treino.

Os dias seguintes foram marcados por constantes atrasos nos testes e no "shakedown", e Kvick não escondeu o espanto quando viu que Weiss preferia passar o tempo a aproveitar a boa comida e cerveja portuguesas, desde o momento em que sentou pela primeira vez no carro. A tensão culminou pouco antes do início oficial do Rally de Portugal. "Ela não me escutava, bebia álcool e depois saia do carro sem dirigir uma palavra. Após cerca de uma hora, ela ainda não estava "de volta ao carro", descreveu Kvick. Assim sendo, decidiu devolver o "roadbook" e foi embora ainda antes do rali começar. "Nos meus 17 anos que tenho de co-piloto, mas esta foi a experiência mais bizarra que eu já experimentei", disse Kvick.

Já na sua Dinamarca natal, Kvick contou as suas peripécias na sua página do Facebook, afirmando que estava decepcionada com a experiência, e com razão. Depois, contou que tinha recebido um aviso proveniente de um delegado sueco da FIA, avisando que Weiss não era novata nestas coisas. Ao longo de vinte anos, desde os anos 90 até 2012, ela tinha participado regularmente em alguns ralis do Médio Oriente, e tinha sido sempre um "pesadelo" para os organizadores. 

Colocando ao público o e-mail que ela colocou na sua página, revela o tipo de pessoa que Weiss foi para os ralis: "Weiss competiu ou tentou competir em países árabes entre o final dos anos 90 e 2010, e foi sempre o horror dos organizadores. Ela sempre trouxe o carro sem co-piloto, sem apoio e sem dinheiro. No início, os organizadores ajudavam o marido e ela estava feliz por estar na lista de inscritos, mas no final, havia muitos que procuraram razão para não ter de aceitar a sua reclamação. Era fácil [de detectar], porque ela nunca pagou qualquer taxa de inscrição. Interessante será saber o que realmente vai fazer a Portugal".

No final da odisseia, agora avisada do tipo de pessoa que é - mas os aventureiros nos ralis nunca deixarão de aparecer - ela diz ter aprendido a lição: "Nunca mais me sentarei num carro com ela ao volante!", disse, em jeito de conclusão.

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