A Ferrari tem história. Está na Formula 1 quase logo depois da sua fundação, em 1950, mas Enzo Ferrari já tinha experiência no automobilismo, primeiro na Alfa Romeo, e depois, quando a mesma marca lhe impediu de usar o nome por cinco anos, a partir de 1938, a II Guerra Mundial apareceu pelo caminho.
Contudo, Ferrari era conhecido pelo seu "bullying". Não tanto em 1961, quando o regulamento dos motores de 1.5 litros entrou em vigor, mas mais quando cinco anos depois, os motores dobraram de tamanho. Se da primeira vez, lá aproveitaram bem, vencendo o campeonato, de segunda, o despedimento de John Surtees da marca, durante as 24 horas de Le Mans, graças ao nacionalismo de Amadeo Dragoni, e a morte de Lorenzo Bandini, no ano seguinte, impediu a marca de ser um sucesso com o novo regulamento. Aliás, apenas em 1975, doze anos depois, e nove anos com o novo regulamento, é que foram campeões com Niki Lauda ao volante.
Em 1987, sabia-se que iria haver o novo regulamento dos motores de 3.5 litros, mas a Scuderia queria voltar aos V12, algo do qual a FIA não estava muito a fim disso. Em Maranello fez-se birra e disseram a alto e bom som que iriam para a CART. Fizeram um motor para isso, bem como um chassis, para dizer que estavam a levar a sério. Jean-Marie Balestre lá cedeu e apareceram os V12 em 1989, no primeiro ano do novo regulamento. Aliás, eles e a Lamborghini tinham V12, seguidos da Honda. A Renault construiu um V10 e foi mais eficaz.
Agora, a birra voltou. Desta vez não tem a ver tanto com regulamentos, mas sim a distribuição dos dinheiros. É que a Ferrari ganha cem milhões de "verdinhas" ainda antes de fazer o primeiro parafuso da primeira peça do carro de cada ano. Só por ser a Ferrari. Clausulas de veterania, etc e tal. Também a Red Bull, McLaren e Mercedes tem esse tipo de clausulas, mas são mais pequenas. Claro, há o Grupo de Estretágia a puxar por isso, mas todos entenderam que isto é uma birra da Scuderia para ver se tudo fica como está, ou até, ganhem mais algumas coisas, como Bernie Ecclestone fazia no seu tempo, para satisfazer as suas... birras.
Em 1987, sabia-se que iria haver o novo regulamento dos motores de 3.5 litros, mas a Scuderia queria voltar aos V12, algo do qual a FIA não estava muito a fim disso. Em Maranello fez-se birra e disseram a alto e bom som que iriam para a CART. Fizeram um motor para isso, bem como um chassis, para dizer que estavam a levar a sério. Jean-Marie Balestre lá cedeu e apareceram os V12 em 1989, no primeiro ano do novo regulamento. Aliás, eles e a Lamborghini tinham V12, seguidos da Honda. A Renault construiu um V10 e foi mais eficaz.
Agora, a birra voltou. Desta vez não tem a ver tanto com regulamentos, mas sim a distribuição dos dinheiros. É que a Ferrari ganha cem milhões de "verdinhas" ainda antes de fazer o primeiro parafuso da primeira peça do carro de cada ano. Só por ser a Ferrari. Clausulas de veterania, etc e tal. Também a Red Bull, McLaren e Mercedes tem esse tipo de clausulas, mas são mais pequenas. Claro, há o Grupo de Estretágia a puxar por isso, mas todos entenderam que isto é uma birra da Scuderia para ver se tudo fica como está, ou até, ganhem mais algumas coisas, como Bernie Ecclestone fazia no seu tempo, para satisfazer as suas... birras.
Imagino a Ferrari como se fosse uma matrona italiana, de grandes peitos e ancas de tamanho igual, drimindo insultos na sede da FIA, na parisiense Place de Concorde, mandando uns "vaffanculo" e outros insultos em baixo calão italiano e criando um escândalo antes de ir embora, para que as suas únicas consequências serem que os novos regulamentos fossem desenhados à medida das necessidades da Scuderia e abrir uma era de domínio como tiveram no inicio da década passada. É isso que imagino a Ferrari fazer ao longo da sua história.
Contudo, a realidade nos diz que a Ferrari precisa da Formula 1. E a competição precisa da Ferrari. De uma certa forma, as "mamas" - leia-se, os incentivos extra que Bernie Ecclestone deu ao longo dos últimos anos - a fizeram dependente dos dinheiros da FOM. Sem ela, provavelmente terá de ser mais eficiente, a justificar as dezenas, senão centenas de milhões de euros que gastam por ano para tentar estar à tona. Sem ela, e se perderem campeonatos por muito ou por pouco, cabeças rolarão. É uma questão de eficiência.
E tem mais uma coisa: é na Ferrari que se pagam os melhores salários, os mais altos do pelotão. Uma das razões porque Sebastian Vettel foi para a Scuderia, para além do prestigio do nome e a chance de ser como Michael Schumacher, de ser multicampeão com o Cavalino, é o de ganhar muito bem. Nos seus tempos da Red Bull, estima-se que ganhou cerca de 70 milhões de euros nos quatro anos em que foi campeão. E não foi pelo salário base, mas sim pelos extras, os bónus que recebeu por levar para Milton Keynes os seus troféus. Bem merecidamente, diga-se de passagem.
Em suma, tirar alguns dos incentivos é louvável, pois provavelmente a Ferrari iria ser mais parcimonioso nos dinheiros que gastava para ser campeão. Quando a Force India gasta 150 milhões de libras, dólares ou euros para ser constantemente a quarta classificada do campeonato de Construtores - mais cem milhões do que a Williams, por exemplo - é provável que a Liberty Media olhe para eles como exemplo a seguir de que as coisas, bem feitas, poderão dar lucro e felicidade para todos, desde os pilotos e engenheiros, passando pelos patrocinadores.
Contudo, como é sabido, a Formula 1 tem novos xerifes, que é a Liberty Media. Pessoal como Chase Carey e Ross Brawn - um antigo empregado da Ferrari, a propósito - quer fazer as coisas um pouco mais competitivas, para que uma Sauber da vida tenha um chance de ganhar, e não dar à Ferrari sempre uma chance de vitória, pelo menos em termos de orçamentos. Só que Sergio Marchionne deve ter lido o manual de negociação do Commendatore e decidiu ir pelo mesmo caminho, esperando que no final, a Liberty Media e a FIA recuem e tudo fique na mesma. Se calhar vai acontecer... mas eis uma chance de fazer as coisas de modo diferente. Indicar a porta de saída seria chocante para muitos, é verdade, mas se calhar, ao dizer a eles que podem ir à vontade e dizer que a Formula 1 sobrevive sem eles, seria interessante. Já provou no passado que isso aconteceu, quando equipas como a BRM, nos anos 70, e a Lotus, nos anos 90, foram se embora da competição. A vida continuava para a Formula 1, e se calhar seria prejudicial para a Scuderia. Para além da Formula 1 e da categoria GT da Endurance, onde é que eles andam? Em lado algum, certo?
Em suma, sair da Formula 1 seria mais prejudicial para eles do que para a competição. Não vão ser as vendas dos seus carros que irão compensar as centenas de milhões de dólares que perderiam numa eventual saída da competição. Logo... talvez a Liberty Media possa ter uma grande chance de disciplinar a Scuderia.
Veremos.
Contudo, como é sabido, a Formula 1 tem novos xerifes, que é a Liberty Media. Pessoal como Chase Carey e Ross Brawn - um antigo empregado da Ferrari, a propósito - quer fazer as coisas um pouco mais competitivas, para que uma Sauber da vida tenha um chance de ganhar, e não dar à Ferrari sempre uma chance de vitória, pelo menos em termos de orçamentos. Só que Sergio Marchionne deve ter lido o manual de negociação do Commendatore e decidiu ir pelo mesmo caminho, esperando que no final, a Liberty Media e a FIA recuem e tudo fique na mesma. Se calhar vai acontecer... mas eis uma chance de fazer as coisas de modo diferente. Indicar a porta de saída seria chocante para muitos, é verdade, mas se calhar, ao dizer a eles que podem ir à vontade e dizer que a Formula 1 sobrevive sem eles, seria interessante. Já provou no passado que isso aconteceu, quando equipas como a BRM, nos anos 70, e a Lotus, nos anos 90, foram se embora da competição. A vida continuava para a Formula 1, e se calhar seria prejudicial para a Scuderia. Para além da Formula 1 e da categoria GT da Endurance, onde é que eles andam? Em lado algum, certo?
Em suma, sair da Formula 1 seria mais prejudicial para eles do que para a competição. Não vão ser as vendas dos seus carros que irão compensar as centenas de milhões de dólares que perderiam numa eventual saída da competição. Logo... talvez a Liberty Media possa ter uma grande chance de disciplinar a Scuderia.
Veremos.
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