sábado, 7 de julho de 2018

A imagem do dia

Há meio século, o inferno continuava no pelotão da Formula 1. Desta vez, em Rouen, no GP de França, com os restos do Honda de Jo Schlesser a arderem à beira da estrada, enquanto passavam os outros carros, como um aviso aos possiveis erros que pudessem cometer ali... e no futuro.

Em 1968, a Honda construiu um RA302, que esperavam que fosse um pouco mais veloz e mais leve que a versão anterior. O carro era feito de magnésio, um material leve, mas volátil, e John Surtees recusou-se a andar naquele chassis, apesar da presença de Soichiro Honda naquele fim de semana em paragens francesas. Ele até dizia que era perigoso demais.

Para Jo Schlesser, apesar dos seus 40 anos, era um piloto experiente, com palmarés. Tinha andado pela Ford e Matra ao longo da década, mas experiências na Formula 1 tinham sido muito poucas. A sua vida tinha sido interessante: viveu boa parte da sua vida no Madagascar, chegou a trabalhar em Moçambique, numa plantação, e só em 1957 tinha ido para a Europa, dedicar-se ao automobilismo. Em 1968, aos 40 anos, queria ajudar o seu amigo Guy Ligier na sua equipa de automobilismo. Ele, que tinha andado por duas temporadas na Formula 1, conseguindo um ponto e alguns sustos.

Ao ver a oferta da Honda, não pode recusar. Mas o cerro era demasiado instável. Foi penúltimo na grelha - pior que ele, só o estreante Vic Elford - e na segunda volta, ao fazer a temida curva Six Fréres, perdeu o controle do seu carro e bateu na barreira de terra. Carro cheio de gasolina e o chassis de magnésio contribuíram para o desfecho. Já vi fotos de Schlesser, já carbonizado, a ser retirado do que restou do seu Honda.

Em constraste, Surtees, com o seu chassis antigo, chegou ao segundo posto, debaixo de chuva.

O acidente foi um choque para a equipa. Abandonaram a Formula 1 no final da temporada, e para o seu amigo Ligier, nunca mais o esqueceu: todos os seus chassis, fossem eles Formula 1 ou outro tipo. tinham as suas iniciais. E Schlesser tinha sido o quarto piloto a morrer num dia sete naquele ano de 1968. E no mês seguinte - não no dia, mas quase - iria acontecer o GP da Alemanha. Em pleno Nurburgring.

Sem comentários: