Sergio Marchionne, que tomava conta dos destinos do Grupo FCA (Fiat Chrysler Automobiles) desde 2004, morreu esta manhã na clínica de Zurique onde estava internado desde o inicio do mês. Morreu em consequência de uma embolia pulmonar sofrida no dia da intervenção cirúrgica que tinha sido submetido para retirar um tumor no ombro direito. Tinha 66 anos.
Um dos executivos mais destacados em Itália, levou a cabo uma mudança profunda no mundo FIAT, ao mesmo tempo que trabalhou para recolocar a Ferrari no caminho dos triunfos na Fórmula 1. Marchionne já tinha anunciado que iria abandonar a estrutura no final do ano, mas a operação ao qual foi submetido e as suas consequências fizeram com que no passado sábado fosse substituído às pressas por John Elkann, um dos netos de Gianni Agnelli, com ele a dar a noticia do estado de saúde de Marchionne, apontando a gravidade da situação.
Segundo contava o site lettera43.it, Marchionne - cuja última aparição pública tinha sido a 26 de junho em Roma, para entregar algumas viaturas aos Carabinieri - tinha ido a Zurique para retirar um tumor no ombro que já lhe impedia os movimentos no seu braço direito, e do qual nem os tratamentos à base de cortisona o faziam diminuir as dores. Foi durante a operação que se descobriu que tinha tumores nos pulmões, devido ao vicio do tabaco - fumava até três maços por dia. Contudo, após a operação, e enquanto estava a recuperar, sofreu uma embolia pulmonar que levou a lesões graves no cérebro e na aorta, que o levou a um estado de coma profundo, do qual não voltou mais a acordar.
Nascido a 15 de junho de 1952 em Chieti, Marchionne emigrou para o Canadá aos 13 anos, onde se licenciou em contabilidade em 1979 pela Universidade de Toronto. Depois, começou a trabalhar para a Delloite, passando depois para a área dos seguros até 2003, altura em que foi eleito para a direção do Grupo Fiat. no ano seguinte tornou-se no seu CEO, altira em que assumiu a reorganização do grupo e das marcas nela incluidas: Fiat, Alfa Romeo, Ferrari e Maserati, entre outros.
Em 2009, aproveitou o facto da Chrysler ter pedido ao governo americano proteção aos credores - o famoso Capitulo 11 - e comprou vinte por cento do capital da marca. Essa injeção de dinheiro foi o suficiente para salvar a empresa, que tem marcas como a Jeep e a Dodge, por exemplo. Dois anos depois, em 2011, essa participação subiu para os 51 por cento, passando a marca a ser dona da Chrysler. Em 2014, ambas as marcas tinham sido oficialmente fundidas.
Uma pessoa que andava sempre de pullover e sem gravata - aparentemente não usava uma desde 2007 - o seu estilo de liderança era franco e por vezes brutal. A sua obsessão com os resultados fazia com que fosse temido pelos diretores, dos quais não hesitava em despedir, caso não lhe desse os resultados que pretendia. A sua franqueza também não era bem-vista dentro da marca, e todos os que entravam em conflito com ele acabavam por ser despedidos. Contudo, isso fez com que as coisas dentro do Grupo Fiat se modificassem, passando a ser menos burocrática e mais resultadista. E isso via-se nos resultados de cada trimestre. No final deste ano, o Grupo Fiat vai fechar com um "cash flow" de tesouraria de 4 mil milhões de euros, um lucro liquido de 5 mil milhões de euros e um volume de negócios de 125 mil milhões de euros.
O seu plano futuro - agora nas mãos Elkann e do seu adjunto, Mike Manley, que esteve na Jeep - prevê um investimento de 45 mil milhões de euros e o lançamento de 25 novos modelos até final de 2022.
Marchionne aproveitou a sua presença para acarinhar algumas marcas e autonomizar outras. Acarinhou a Alfa Romeo, desejando a sua reabilitação como uma marca "premium", andando par a par com a BMW, Audi ou Mercedes, e autonomizou a Ferrari, fazendo-a entrar na bolsa de Nova Iorque e tornar-se no seu CEO, e tinha plenos para continuar em Maranello, mesmo depois de abandonar o Grupo Fiat. Mas por outro lado, acabou com a Lancia, reduzindo-a a uma marca, vendendo-a apenas em Itália.
E na altura da sua saída, corriam-se rumores sobre uma fusão com outra marca de automóveis, para dar dimensão mundial ao grupo. A Hyundai era uma delas, mas já negou essa intenção, por agora.
E na altura da sua saída, corriam-se rumores sobre uma fusão com outra marca de automóveis, para dar dimensão mundial ao grupo. A Hyundai era uma delas, mas já negou essa intenção, por agora.
Na hora do seu desaparecimento, os elogios ao seu estilo e ao seu legado vêm de todos os lados, mostrando que apesar da sua brutalidade, conseguiu deixar uma marca indelével, salvando não só a Fiat, como também se expandiu e a deixou vigorosa e forte. Cabe aos seus sucessores continuarem com o seu legado. Ars longa, vita brevis, Sergio
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