A Formula 1, depois de muito tempo parada, corre rapidamente para reclamar o tempo perdido. Ainda não será a corrida que abrirá as portas, e por causa disso, não veremos a habitual invasão da pista no final de amanhã, o que vai ser um pouco triste, mas de uma certa forma, evita que os tiffosi fiquem em casa e resmunguem à frente dos seus aparelhos de televisão o fracasso da Scuderia em 2020.
Para disfarçar, mais mais para agradecer pelo bom tempo que passou e do qual não guarda ressentimentos, Sebastian Vettel decidiu comprar lugares numa bancada do Autódromo, encheu-a dos seus colaboradores em Maranello de deu o resto para uma instituição de solidariedade. Não lhe dará mais 30 km/hora nas retas nem disfarçará o facto de, num dos treinos livres de ontem, ter ficado atrás... de Roy Nissainy, piloto israelita de Formula 2 que pegou na Williams, que também anda pelas ruas da amargura há uns tempos. Era um sinal para o que aconteceu neste sábado.
Mas dito isto, a qualificação recebeu-os com um sol magnifico e um dia no calendário onde, meio século antes, Jochen Rindt saíra da vida com estrondo e começou a fazer parte da história. E nesse autódromo vazio, e neste sol de final de verão, lá iam todos para a pista, com um aviso: quem passasse dos limites na Parabólica, teria o seu tempo anulado. E claro, já não havia "party mode" para usar, mas isso não interessava, porque com ou sem ela, a Mercedes era sempre a melhor.
Foi assim nos primeiros minutos da qualificação, onde até Charles Leclerc não escapou da punição. Com o tempo, já que todos andavam de moles, a hierarquia estava estabelecida, mas o mais espantoso foi o que aconteceu no final da Q1, quando todos saíram em rebanho para fazer uma volta rápida... e foi uma confusão. Esteban Ocon chegou a bloquear Kimi Raikkonen na Curva Grande, e Sebastian Vettel, que deveria ter ficado atrás de Charles Leclerc para ter velocidade em reta, atrasou-se e tinha os Alfa Romeo atrás de si, logo... não tebe chances e acabou com 18º tempo, eliminado da Q1 e tendo como companhia Romain Grosjean, os Williams e o Alfa de Antonio Giovinazzi.
No final, lixado da vida, Vettel estava nitidamente frustrado com os eventos. Já não era bom antes, agora com o carro e aquela confusão, as coisas só pioraram.
A Q2 começa com Hamilton a fazer 1.19.092, praticamente cilindrando a concorrência, com ou sem "party mode", 325 centésimos mais veloz que Valtteri Bottas, 626 centésimos que Sergio Perez, o terceiro, então.
No final, ficaram de fora Daniil Kyvat, Esteban Ocon, Charles Leclerc, Kimi Raikkonen e Kevin Magnussen. Não havia Ferraris na Q3, e é a pior qualificação desde 1984. A sorte deles é que não estava ninguém em Monza! Em contraste, desde 2014 que a McLaren não colocava os seus carros na Q3.
A Q3 começou com os seus pilotos a sairem para a pista em moles, e os Mercedes mostraram-se, com Hamilton a fazer 1.19,068, contra 1.19,121 de Valtteri Bottas. Sergio Perez é terceiro, com 1.19,720, enquanto Alex Albon saia na Parabólica e via os seus tempos anulados. Na parte final, Bottas marcou primeiro, com 1,18,956, antes de Hamilton fazer 1.18,887 e tirar a pole do piloto finlandês. Carlos Sainz acabou em terceiro, conseguindo superar Sergio Perez, relegando Max Verstappen para quinto.
E como cereja no topo do bolo, Hamilton conseguiu a sua volta a uma média de 264,362 km/hora, a mais rápida de sempre na história da Formula 1. Definitivamente, ele quer todos os recordes da competição... e depois da FIA terem banido o "party mode". Quem diria!
Amanhã, mesmo sabendo quem será o vencedor, vale a pena ver a corrida, nem que seja pela briga no meio do pelotão.
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