domingo, 20 de junho de 2021

Formula 1 2021 - Ronda 7, França (Corrida)


Depois do que foi mostrado na qualificação de ontem, com Max Verstappen a conseguir ser superior aos Mercedes, havia expectativas sobre saber o que seria este Grande Prémio. Mas nem tinha muito a ver com o possível duelo entre Max e Lewis Hamilton. Tinha mais a ver... com o tempo. Havia a possibilidade de chuva naquelas bandas, e a corrida de Formula 3, que acontecera umas horas antes, tinha sido assim. Logo, havia essa expectativa de baralhar e voltar a dar, que poderia ser aleatório.

Contudo, à medida que a hora da corrida se aproximava, essa possibilidade caíra, e todos temiam o pior: uma prova aborrecida, sem motivos de interesse. E ainda por cima, num circuito de Paul Ricard onde a reta Mistral tinha sido cortada ao meio - porque será que isso não acontecia com aquela reta em Baku? - teria de ser algo invulgar para ver algo de interesse num lugar como aquele.

Afinal... acabou por acontecer. E tudo tinha a ver com a estratégia de ambas as equipas e algo que já se via desde há algum tempo: a Red Bull tinha apanhado a Mercedes e andavam a par.  


Mas a corrida começou mal para Verstappen. Verdade, saiu melhor que Hamilton nos primeiros metros... para depois sair largo na primeira curva e ceder o primeiro posto para o piloto da Mercedes. O neerlandês defendeu-se o suficiente para aguentar a investida de Bottas e manteve-se no segundo posto. Mais atrás, Norris perdia para Ricciardo e Alonso, depois de também ter cometido um erro. E claro, Stroll tentava fazer uma corrida de trás para a frente.

Com o passar das voltas, Hamilton começou a tentar abrir alguns segundos para o piloto da Red Bull, mesmo se queixando dos pneus, que apesar de tudo, não os impediam de marcar o seu ritmo. Na volta onze, Bottas escapou um pouco o seu carro e perdeu tempo para Max, enquanto um pouco atrás, Alonso, que tinha aguentado os McLaren, errou e deixou ser ultrapassado, primeiro por Ricciardo, depois por Norris. E algumas voltas depois, fora apanhado por Sebastian Vettel, acabando no décimo posto. 

Quase ao mesmo tempo, havia um duelo McLaren-Ferrari, a recordar duelos de duas décadas passadas. O australiano estava endiabrado e ele apanhava os carros de Maranello, ao ponto de, na volta 14, ele ter passado Leclerc para ser sexto. E Sainz Jr já se queixava dos pneus...

Aliás, foi Leclerc o primeiro a parar nas boxes, na volta 15, trocando para duros. Desconhecia-se se é para uma sío paragem, ou ficar o mais tempo possível até trocar por um mais veloz na parte final. Duas voltas depois, Ricciardo é chamado para as boxes no sentido de ver se conseguia passar Pierre Gasly desta forma, ele que era quinto, por agora. E imediatamente a seguir, foi Bottas, para colocar duros. E como alguns mais malévolos pensaram, desta vez, a porca saiu da roda. Alonso também foi à boxe na volta 19, e todos esperavam por Hamilton e Verstappen.


E quando ambos foram às boxes, nas voltas 19 e 20, este foi um dos momentos da corrida. A Red Bull saiu melhor que a Mercedes nas boxes e Verstappen conseguiu andar melhor na volta de saída das boxes, ficando com a liderança da corrida. A partir daqui, começou-se a ver um duelo à distância entre estes pilotos, que poderia passar depois por um sonífero... mas não este ano, por causa destes dois. Contudo, andar perto um do outro dá cabo dos pneus e eles tinham de se distanciar, se queriam sobreviver um ao outro. 

Mas quem abre as hostilidades é a Red Bull, que na volta 33, chama Verstappen de novo, para colocar médios, e regressando em quarto, atrás dos três do costume. Restava saber se a Mercedes iria reagir, ou isto tinha sido um risco que os energéticos jogaram, e sem grandes resultados. O que se sabia era, nesse momento, Max ganhava dois segundos por volta.

Na volta 36, Hamilton e Bottas poderiam estar na frente, mas os Red Bull já tinham trocado de pilotos no terceiro posto, pois Perez deixou passar tranquilamente Verstappen na sua caça aos Flechas de Prata. Os homens de Brackley já suavam, mas tentavam manter a sua tática o mais possível, esperando que os pneus do neerlandês desgastassem rapidamente ao ponto de quando eles fossem às boxes, ele não fosse uma ameaça. Mas a doze voltas do fim, Bottas tinha Verstappen a pouco mais de três segundos, e as suas capacidades de "wingman" iriam ser testadas agora. Pior: os seus pneus poderiam nem ir até ao fim...


E foi. A nove voltas do fim, Verstappen passou Bottas - que como diz um amigo meu, não segura nem peido - e lá foi ele caçar Hamilton. E agora era o seguinte: ou ia até ao fim e aguentava as consequências - pneus furados, idas à boxe ou ser passado por Max na travagem para uma curva qualquer. O único limite era o tempo, mas via-se que a tática de aguentar até ao fim não iria resultar. Aliás, Bottas queixava-se depois que a Mercedes deveria ter aproveitado a feito duas paragens nas boxes. Agora, com o leite derramado, é mais fácil.

Mas a corrida não estava concluida. A cinco voltas do fim, parecia que iriam ter um final semelhante ao do Bahrein, com Verstappen a aparecer na traseira do Hamilton, provavelmente a duas voltas do fim, e ali, poderia ser o momento decisivo da corrida. Atrás, Bottas perdia o terceiro posto para Perez, cada vez mais assinalando o fim dos tempos do finlandês naquelas bandas.  


E a duas voltas do fim, Verstappen estava na traseira de Hamilton e na única chance que teve, aproveitou bem, ultrapassando-o. De uma certa forma, foi semelhante ao que aconteceu no Bahrein, mas sem o resultado da outra vez. Aqui, nas boxes da Red Bull, tudo deu certo, e o neerlandês deixou-o para trás e caminhou para a vitória, a terceira do ano para ele. E atrás, com Perez em terceiro, os energéticos tinham muito para comemorar, numa pista do qual ninguém tinha grandes expectativas.

Depois deles, os McLaren triunfavam em toda a linha, sendo quinto e sexto, na frente do carro de Pierre Gasly, do Alpine de Fernando Alonso e os Aston Martin de Sebastian Vettel e Lance Stroll.

Para primeira corrida das três que teremos de rajada, foi um resultado bem inesperado, quer em termos de expectativa, quer em termos de possível domínio dos Mercedes. E com a próxima prova a ser no Red Bull Ring, tudo parecia apontar para um momento que já não víamos há muito: uma Red Bull a distanciar-se dos Mercedes e provavelmente, o assinalar do final de uma era. É isso? 

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