domingo, 3 de julho de 2022

A(s) image(ns) do dia

 







Nunca um momento foi tão adequado para se poder dizer que estas são as imagens do dia. Mais do que a primeira vitória de sempre de Carlos Sainz Jr na Formula 1 - e pela primeira vez, tivemos a vitória de um filho de um campeão do mundo de ralis, o que também teria sido um tema e tanto para aqui - o que assistimos hoje foi mais um exemplo de que o automobilismo sempre foi perigoso. 

Disse isto na minha conta do Twitter - passo a citar a mim mesmo: "Sejamos honestos: se este fim de semana tivesse sido em 2012, teríamos a lamentar dois ferimentos graves, senão duas mortes em Silverstone. Portanto, o Halo salvou vidas hoje."

E falo isso porque ainda temos os resquícios da discussão que houve quando se decidiu pelo Halo. Que era feito, estragaria a beleza aerodinâmica dos carros, etc, etc. Lembro-me que a FIA "arrastou os pés" quando começou a falar sobre isso, após o episódio do Felipe Massa com a mola do GP da Hungria de 2009. Eles andaram a experimentar diversos dispositivos, mas nada decidiram... até ao GP do Japão de 2014, e o acidente fatal do Jules Bianchi. E quando se decidiu pelo Halo, volto a dizer, houve muitas criticas, e muitos até a "jurarem" que não iriam ver mais isto, que a Formula 1 tinha morrido, etc, etc, Ou seja, os mesmos que, por exemplo, detestam os motores V6 Turbo porque não tem "o som correto". Eu vim para aqui para assistir a duelos entre pilotos. Se quisesse ouvir barulho, iria assistir a concertos de musica, e há alguns bem mais harmoniosos. 

Mas com o tempo, muitos foram convencidos pelo exemplo. E o melhor deles todos foi o que aconteceu com o Romain Grosjean em Shakir, em 2020. Um carro rachado em dois num impacto contra os guard-rails, ainda por cima, com o depósito rompido e causando um enorme incêndio, com o piloto a ser socorrido em menos de 30 segundos e com pouco mais do que queimaduras nas mãos, quando sem o Halo, provavelmente teria a cabeça arrancada e tido o mesmo destino de Peter Revson ou Helmut Koinigg, ambos mortos em poucos meses em 1974, com os seus carros a mergulharem em guard-rails, convenceram muitos que ele foi salvo por causa do dispositivo. 

O patinho feio virou um cisne. Mesmo os críticos reconheceram a sua utilidade. Cumpriu a sua função, e com louvor. 

Hoje, mais uma vez, foi o Halo que salvou Zhou Guanyou, especialmente depois de outro dispositivo, o roll-bar (ou o Santo Antônio, como chamam os brasileiros) ter falhado na sua função de aguentar o carro no contacto ao solo. Quando o carro baixou, arrastado no chão quando tentava abrandar, foi o Halo, mais alto que a cabeça do piloto, que evitou males maiores. Na realidade, era uma redundância que cumpriu a sua função quando outro dos dispositivos não cumpriu a sua parte. E nisso, ainda bem que a Formula 1 tem tal coisa.

E também, tudo isto é um tributo a meio século de avanços. Os fatos, os chassis de fibra de carbono, os depósitos de gasolina situados a meio do carro, os capacetes, o HANS, tudo isso e muito mais diminuiu bastante o risco de um acidente grave. Os saudosistas gostam de dizer que "antigamente é bom", mas eu, sinceramente, gosto de dizer que o melhor tempo para viver a Formula 1 é agora.  

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