Podia ter chovido em Silverstone. Mas não aconteceu.
Contudo, durante muito tempo, as pessoas olhavam para os ecrãs, especialmente os radares meteorológicos, para saber se haveria ou não chuva para baralhar as coisas neste domingo de corrida, como tinha acontecido ontem na qualificação, e que dera a pole a Carlos Sainz Jr. Essa incerteza aconteceu até bem perto da hora da partida, quando as nuvens se afastaram do circuito, indo descarregar para outro lado. Quando isso aconteceu, as pessoas concentraram-se na quantidade de VIP's, desde atores de Hollywood a outras personalidades - e algumas cabeças coroadas - que estavam em Silverstone para ver a mais recente moda. Graças ao Netflix...
Mas antes da corrida começar, um momento de nostalgia. Sebastian Vettel fazia neste domingo 35 anos e como prenda para ele mesmo, deu uma volta no Williams FW14B de 1992 onde Nigel Mansell triunfou em Silverstone, trinta anos antes. O público aplaudiu, alguns recordaram que estiveram ali uma geração antes, e alguém se lembrou que aquele chassis em espcifico, depois passou para as mãos de Ricciardo Patrese e foi nesse carro que o italiano se estatelou na traseira do Gerhard Berger mais tarde na temporada, em pleno GP de Portugal.
Foi com essa incerteza meteorológica deixada para trás que máquinas e pilotos se prepararam para o GP britânico. E no momento em que as luzes se apagaram, os pneus que iriam usar eram estas: Russell começava com pneus duros calçados; Verstappen, Latifi, Albon, Magnussen e Vettel de macios; e o resto do pelotão de médios.
Contudo, o momento assustador foi o Alfa de Zhou, que capotou e ficou de cabeça para baixo. Felizmente, o Halo evita sempre males maiores, como tinha acontecido de manhã, quando na Formula 2, Dennis Hauger voou graças a uma salsicha na berma e atingiu em cheio o carro de Roy Nissainy. Sem o Halo, teríamos a lamentar mais uma morte no automobilismo. Tem de ser feito para salvar vidas!
Enquanto isto tudo acontecia, outra coisa igualmente grave passava despercebida. Um grupo de gente invadia a pista para protestar contra o uso dos combustíveis fósseis, gente do grupo "Extinction Rebellion", que queria das vistas. No final, foram cinco ou sete pessoas que se sentaram na reta Brooklands, perante o olhar incrédulo dos comissários e a indignação dos espectadores. Aliás, já havia alertas de que algo semelhante poderia acontecer. Mas o acidente de Zhou impediu que o foco caísse sobre eles.
Depois de uma hora de paragem, tudo estava pronto para o recomeço, agora apenas com 17 carros presentes e na volta 3 da corrida. Na largada, Sainz tentou manter o comando, mas os Red Bull também arrancaram bem, contudo insuficiente para impedir que o piloto espanhol ficar no comando. O piloto da Ferrari afastou-se cerca de um segundo a Max Verstappen antes do DRS se ativar, porque Sergio Perez tinha danos na sua asa dianteira e teve de ir às boxes para trocar, metendo pneus médios pelo meio. Atrás, Hamilton tinha passado Norris e era quarto.
Parecia... mas não. Na volta 15, Max começou a ter problemas no seu carro, mas afirmavam que os danos no seu assoalho traseiro eram suficientes para prosseguir até ao fim, mas a um ritmo mais lento. Contudo, tinha caído para sexto, deixando a liderança de novo para Sainz Jr, mas ele não poderia andar sossegado, porque a seguir... Leclerc partiu para o ataque da liderança da corrida. Só que Sainz Jr queria ficar com o comando, apesar do monegasco ser mais veloz que ele. E no mesmo das reclamações... Hamilton estava a aproximar-se.
E aproximou-se tanto que, quando eles foram às boxes, o britânico estava suficientemente perto para os passar para o comando. Ele lá acelerou, tentando ver se conseguia aproveitar a situação, mas quando trocou de pneus, na volta 34, as coisas não correram muito bem nas manobras e ele regressou à pista com um atraso de 2,3 segundos para Carlos Sainz Jr, que agora era segundo. Atrás, Ocon aproximava-se de Verstappen para ver quem ficava com o oitavo posto, e não demorou muito para o passar no Hangar Straight. Só que foi sol de pouca dura, porque o piloto da Alpine teve problemas e acabou por abandonar.
Isso também foi o suficiente para que o Safety Car entrasse e todos se agrupassem. Sainz, Hamilton e Perez paravam nas boxes para trocar de pneus, deixando Leclerc na pista, algo do qual muitos coçam a cabeça sobre essa estratégia. Quando o Aston Martin regressou às boxes, a Formula 1 preparava-se para umas dez voltas finais muito emocionantes. Aparentemente.
E a coisa começou com Sainz Jr a ir mais rápido e passar Leclerc, enquanto Perez passou Hamilton para ser terceiro. Depois, o britânico da Mercedes reagiu e chegou a estar lado a lado, mas não conseguiu passar o mexicano da Red Bull. Sainz afastou-se - 2,5 segundos antes do DRS ser ligado - e parecia que iria se afastar dos outros que iriam brigar pela melhor posição possível. Quanto a Leclerc, ele era segundo e tentava aguentar o resto do pelotão.
As voltas finais foram assim, mas no final, quem estava feliz da vida era Sainz Jr. Depois de 150 corridas, ele deixa de ser filho de Carlos Sainz, bi-campeão do mundo de ralis, e tornou-se num piloto vencedor, como todos os outros, num final de semana muito bom para ele.
Deveria ser assim, mas... não. Charles Leclerc, que acabou em quarto, fora do pódio, estava zangado com as estratégias da Scuderia e reclamou com Matti Binotto, porque ele sabia que teria vencido se as estratégias o tivessem colocado nas boxes para colocar frescos. Verdade que é vitima das indecisões da Ferrari e ele sabe que não terá muitas chances contra uma Red Bull imparável, mas ficou a sensação de que perdeu a chance de dimiuir a vantagem.
De resto... Mick Schumacher teve, enfim, os seus primeiros pontos. A certa altura, até passou Max Verstappen, mas o piloto da Red Bull, que tinha o seu assoalho danificado, reagiu e conseguiu passar o filho de Michael Schumacher, demonstrando que era mais lento, mas suficiente para aguentar um Haas. E chegou a ser musculado... mas Mick, por exemplo, ficou na frente de Kevin Magussen, o que é algo raro.
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