"Esta foto foi tirada por Victor Blackman. Esta foto me foi dada pela sua filha há algumas noites no jantar anual dos membros de Brooklands."
Isto foi o que Damon Hill escreveu hoje na sua página de Facebook sobre esta fotografia. Mostra um Graham Hill descontraído ao telefone, falando com algum contacto, provavelmente relacionado com a sua equipa.
No final de 1972, Graham Hill não renovou o seu contrato com a Brabham. Pensava-se que ele, então com 43 anos, pendurasse o capacete. Mas ele ainda tinha vontade de correr, e com a sua cabeça e os seus contactos, decidiu montar a sua equipa. Com o patrocínio da Embassy, uma marca de cigarros, arranjou um chassis Shadow, e os seus resultados foram modestos até pedir à Lola que construisse um chassis para ele. Isso foi em 1974.
Em 1975, tomou algumas decisões criticas. A primeira, depois de ver que já tinha chegado o seu tempo para pendurar o capacete, foi o de arranjar um talento que pudesse dar uma chance de correr. Esse talento foi Tony Brise, que aos 23 anos, acreditava que tinha potencial para ser campeão do mundo. O segundo foi de alargar a sua equipa para dois carros, o que lhe deu os primeiros resultados relevantes, primeiro com Rolf Stommelen, que liderou o GP de Espanha por nove voltas, antes de sofrer um terrivel acidente, quando a sua asa traseira se descolou. Depois, o seu substituto, o australiano Alan Jones, conseguiu dar à equipa o seu melhor resultado quando acabou o GP da Alemanha desse ano na quinta posição.
O carismático Hill estava a construir aos poucos uma equipa pequena, mas sólida. Só presisava de acertar no chassis para fazer uma boa temporada, e se calhar, poderia ter algo raro: ser um piloto campeão, para depois ter um chassis campeão. Nesses tempos, só Jack Brabham, Bruce McLaren e Dan Gurney tinham feito isso, embora no pelotão todos viam os projetos de John Surtees e dos irmãos Fittipaldi, com Wilsinho a efetuar o seu golpe de mestre quando Emerson Fittipaldi saiu da McLaren para correr debaixo de cores brasileiras.
No final de 1975, todos já se preparavam para a temporada seguinte, que iria arrancar em Interlagos, São Paulo - era para ser em Buenos Aires, mas a prova foi cancelada devido à instabilidade política daqueles tempos na Argentina. A Embassy Hill, como muitas outras, aproveitava o circuito de Paul Ricard para os seus testes de inverno, e depois de um bom dia com o GH2, o carro que iriam usar em 1976, regressariam a Londres para um jantar com potenciais patrocinadores. Ele, Brise, o projetista do carro e dois mecânicos. Nunca chegaram vivos a casa.
E claro, ficaram tantas perguntas por responder, e tantas aspirações cortadas abruptamente a meio. Ficam as memórias de um tempo inesquecível.
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