quinta-feira, 24 de agosto de 2023

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Poderia falar aqui de Fernando Alonso, que há 20 anos batia um recorde de precocidade, ao ser o mais novo a ganhar uma corrida de Formula 1 - tirando esse recorde a uma lenda chamada Bruce McLaren - e claro, de ser a primeira vitória da Renault em 20 anos (e 10 dias, porque a vitória anterior foi no GP da Áustria de 1983, com Alain Prost), mas neste dia o que queria trazer à baila é que este GP da Hungria foi o primeiro que teve na grelha... um piloto húngaro.

E tudo aconteceu por causa de um acidente.

Na sessão de treinos livres de sexta-feira, a asa traseira do Jordan de Ralph Firman soltou-se e o carro, fora de controlo, bateu forte nos muros de proteção, magoando o piloto irlandês. Uma substituição tinha de ser feita de imediato, e a solução estava na Formula 3000, quando Zsolt Baumgartner estava a participar pela Coloni. Assentado rapidamente - afinal, era o piloto de testes da equipa - ele alinhou no sábado, conseguindo o 19º tempo, entre os Minardis. E na corrida não foi muito longe, acabando-a na volta 34, com problemas de motor. 

Para o piloto, era o topo. Tinha alcançado o seu grande objetivo. E ainda por cima, era o segundo piloto do antigo bloco do Leste a entrar num carro de Formula 1, depois do checo Thomas Enge, que tinha entrado no Prost, em 2001. E também acontecia quase 16 anos depois do seu compatriota Csaba Kasjar ter dado algumas voltas de teste num Zakspeed, também em Hungaroring, em 1987.

Nascido no dia de Ano Novo de 1981 em Debrecen, Baumgartner começou em 1998 pelos monolugares da Formula Renault francesa, e prosseguiu até chegar à Formula 3000 em 2001, pela Prost Junior Team. Contudo, só pontuou no ano seguinte, quando se transferiu para a Nordic Racing, e apenas foi um sexto lugar na última corrida do ano, em Monza. Para 2003, até fez melhor, com um quinto lugar no Mónaco, mas não era um piloto entre os da frente, quando Eddie Jordan o chamou para sentar o rabo no seu carro. 

Baumgartner ficou para a corrida italiana, onde acabou na 11ª posição, de novo entre os dois Minardis na qualificação, e a duas voltas do vencedor, o alemão Michael Schumacher. Depois cedeu o lugar a Firman, recuperado das lesões, mas Jordan tinha ideias para ele: deu-lhe um lugar para 2004, desde que conseguisse um acordo generoso com a petrolifera local, a MOL. 

Contudo, ambos os lados não chegaram a um acordo, e Baumgartner decidiu assinar um contrato com a Minardi. A petrolífera decidiu diminuir o seu apoio, e decidiu-se fazer um "clube de apoiantes" do piloto, para arranjar dinheiro para poder correr na equipa de Paul Stoddart. Lá ficou uma temporada e conseguiu ser o primeiro húngaro - e o primeiro dos do antigo bloco oriental - a pontuar num GP de Formula 1, ao ser oitavo classificado no GP dos Estados Unidos, em Indianápolis. Ficasse lá mais um ano, e se calhar teria conseguido muito melhor...  

Mas há 20 anos, os húngaros tinham um motivo para ficarem orgulhosos a atentos para seguir os Grandes Prémios. 

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