Schumacher estava com a família em Méribel, nos Alpes Franceses, pronto para passar o Ano Novo com a família: Corinna e os filhos Mick e Gina Maria. E estava com Mick quando o acidente aconteceu. Hoje sabemos que bateu com a cabeça em frente a uma rocha que estava dissimulada na neve, numa pista que era para esquiadores profissionais. Ou seja, perigosa.
Claro, o mundo, adormecido, acordou rapidamente para o que tinha acontecido com o heptacampeão de Formula 1. E temeu-se o pior, mas conseguiu ser salvo. E ainda por cima, o acidente aconteceu a pouco menos de uma semana do seu 45º aniversário, e quando passava o seu primeiro ano depois de se ter retirado da Formula 1, três temporadas na Mercedes, com resultados modestos.
Se o mundo ficara chocado com o que tinha acontecido a ele, mais chocado ficou ainda quando viu que eles tinham uma feroz politica de privacidade. Num mundo onde tudo e mais alguma coisa é mostrada, reparar numa família na Alemanha que se defende ferozmente o seu direito à privacidade, foi inédito, e quando as pessoas, nos meses que se seguiram, queriam saber sobre o seu estado, viram-se com um muro de silêncio, raramente quebrado pelos amigos mais próximos. De uma certa maneira, a politica de Schumacher foi completamente diferente de, por exemplo, Philippe Streiff, outro ex-piloto cuja carreira acabou com um acidente que o deixou paralisado do pescoço para baixo, ou Frank Williams.
Agora temos algumas ideias de como ele está. Não é mais um vegetal, mas não é mais o Schumacher que conhecemos. Provavelmente, não tem mobilidade, ou se tem, é muito limitada. A família está perto dele, a tomar conta dele, 24 horas por dia, sete dias por semana. É a família que cuida dele, existem mais de dezena e meia de profissionais à sua volta, na sua casa na Suíça, e, de uma certa forma, é como o dinheiro ganho ao longo dos seus anos de Formula 1 está a ser gasto.
Há quem diga que a Mercedes está a ajudá-lo nas despesas de hospitalização, e até o levou à pista para que certos sons familiares despertassem alguns neurónios. Isso... é no domínio da especulação, claro.
Há algo que é preciso ser dito: um certo Michael Schumacher morreu há uma década. Não o veremos mais de pé, a correr, pular de alegria e a sorrir para os fãs. E não veremos no seu novo aspeto, porque seria chocante para nós. E eles mesmos sequer o querem isso. Há uma imagem para defender, a de um vencedor na Formula 1, um dos pilotos mais fantásticos de uma geração, e um dos melhores de sempre, a par de gente como Juan Manuel Fangio, Jackie Stewart, Alain Prost, Ayrton Senna e agora, Sebastian Vettel e Lewis Hamilton.
Tendemos a esquecer que, na Alemanha, a privacidade é algo que é levado muito a peito. Afinal de contas, a primeira vez que vemos Vettel a abrir uma conta numa rede social foi para anunciar que se iria retirar-se da Formula 1!
No final, mais que afirmar a Michael para que continue e lutar, e esperar por um milagre, é lembrarmos das coisas boas que fez no seu auge como piloto. É isso que a família deseja, no fundo: que o lembremos pelas coisas boas... e más.
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