É considerado por muitos como o anti-Lotus 72. E um dos carros mais míticos da Formula 1 e da McLaren, e deu dois títulos mundiais de pilotos a Emerson Fittipaldi e a James Hunt, e foi o primeiro carro de Formula 1 para outros grandes pilotos dos anos 70 e 80, como Jody Scheckter, Nelson Piquet e Gilles Villeneuve, entre outros. Hoje falo do McLaren M23.
Projectado por Gordon Coppuck e John Barnard, o carro tinha o objectivo de suceder ao projecto M19A, que se estreara em 1971, quee tinha tido bons resultados em 1972. O seu desenho tem como base o M16, da Indy, que tinha ganho as 500 Milhas de Indianápolis de 1972, com Mark Donohue ao volante. Para além disso, o nariz em cunha tinha sido claramente inspirado no Lotus 72, o que era eficaz em termos aerodinâmicos. Como quase todos os carros na época, este era alimentado pelo motor Cosworth V8, mas a diferença entre este e os outros era a maneira como era preparado: a Nicholson, uma preparadora inglesa, trabalhava com os motores, fazendo com que alcançassem os 490 cavalos, um pouco mais daquilo que valia normalmente.
O carro estreou-se no GP da Africa do Sul de 1973, às mãos de Dennis Hulme, e provou ser logo um bom carro: o piloto neo-zelandês marcou aí a sua unica "pole-position" da sua carreira. Alguns meses depois, na Suécia, Hulme deu à equipa a primeiria vitória do ano com esse chassis, e a segunda vitória veio logo a seguir, no circuito de Silverstone, através do americano Peter Revson, após um acidente multiplo na priomeira volta provocado por outro McLaren M23, pilotado pelo sul-africano Jody Scheckter. Até ao final do ano, Revson deu mais uma vitória à marca, no Canadá, contribuindo para que a marca ficasse na terceira posição do Mundial de marcas.
Em 1974, com Revson a caminho da Shadow (onde acabaria por morrer num acidente na Africa do Sul), o seu substituto vinha da Lotus: o brasileiro Emerson Fittipaldi. O carro mostrou logo o que valia na corrida inicial do ano, quando o veterano Hulme ganhou em Buenos Aires, e logo a seguir, foi Fittipaldi a mostrar aquilo que valia em Interlagos. Até ao final da temporada, o piloto brasileiro ganhou mais duas provas, e pontuou com regularidade, provando a eficácia do M23. Quando acabou o Grande Prémio dos Estadios Unidos na quarta posição, não só Fittipaldi tinha alcançado o seu bi-campeonato, mas também deu à McLaren algo até então inédito: tinham alcançado os títulos mundiais de pilotos e construtores. Para Dennis Hulme e Teddy Mayer, os homens que tinham ajudado a manter a equipa unida após a morte de Bruce McLaren, quantro anos antes, era um sonho tornado realidade.
Em 1975, houve novidades: a instalação de uma caixa de seis velocidades e mais algumas ajudas aerodinâmicas fozeram com que o carro melhorasse um pouco, mas não o suficiente para Fittipaldi bater os Ferraris de Niki Lauda e Clay Regazzoni. Contudo, o brasileiro alcançou o vice-campeonato, antes de no final da época sair rumo à Copersucar, o projecto que o irmão Wilson ajudava a montar na Formula 1.
Em 1976, com a chegada de um novo piloto, o inglês James Hunt, o carro sofee nova evolução, muito por força dos novos regulamentos, que banem as entradas de ar enormes por cima dos pilotos. Hunt mostra ser um piloto veloz e determinado, que consegue ser superior ao estilo de vida que ele tem fora das pistas... É um ano onde batalha contra Niki Lauda, e mesmo quando o austriaco estava no comando do mundial, a sua postura de nunca baixar os braços compensou: após o GP do Japão, no circuito de Fuji, onde ficou na terceira posição, o inglês bate Lauda por um ponto e torna-se campeão do Mundo.
Entretanto, a McLaren já tinha nesta altura projectado o novo M26, no sentido de ser mais leve e mais eficaz do que o M23. Contudo, o projecto bateu-se com vários problemas de sobreaquecimento, e o seu lançamento foi adiado de meados de 1976 para meados de 1977. E assim que a McLaren iniciou a sua quinta temporada consecutiva(!) com o mesmo carro, alcançando bons resultados. Hunt só iria estrear o M26 no GP de Espanha, em Jarama.
E foi assim que, oficialmente, a equipa deixou de usar o M23. Contudo, isso não implicou a sua imediata reforma, pois ainda correu por mais uma temporada ao volante de pilotos e equipas privadas. Em 1977, a McLaren inscreveu um terceiro carro, um M23, no GP de Inglaterra, para um jovem canadiado chamado Gilles Villeneuve. Em 1978, a BS Fabrications inscreveu dois M23 para Brett Lunger e outro joven piloto vindo da Formula 3 britânica: Nelson Piquet. Consta-se que quando o viu correr, o patrão da equipa, David Simms, afirmou o seguinte "Aposto meu dinheiro, com quem quiser, que Nelson Piquet será campeão mundial em três anos".
Apesar de ter corrido por cinco temporadas, e de ter ganho 16 Grandes Prémios, este chassis não é tão lembrado ou celebrado como o Lotus 72 ou o Tyrrell P34 de seis rodas. Mas o seu design simples e a sua eficácia nas pistas fizeram com que se tornasse um chassis vencedor, e merece aqui o seu lugar na história.
Carro: McLaren M23
Motor: Cosworth V8 de 3 Litros
Pilotos: Emerson Fittipaldi, Peter Revson, Dennis Hulme, Jacky Ickx, Mike Hailwood, Jody Scheckter, James Hunt, Jochen Mass, Emilio de Villiota, Bruno Giacomelli, Gilles Villeneuve, Dave Charlton, Brett Lunger, Tony Trimmer, Nelson Piquet.
Corridas: 90
Vitórias: 16 (Hunt 6, Fittipaldi 5, Revson 2, Hulme 2, Mass 1)
Poles: 14 (Hunt 11, Fittipaldi 2, Hulme 1)
Voltas Mais Rápidas: 8 (Hunt 3, Mass 2, Hulme 2, Fittipaldi 1)
Pontos: 319 (Fittipaldi 100, Hunt 78, Mass 53, Hulme 40, Revson 32, Hailwood 12, Ickx 4)
Títulos: Campeão do Mundo de Condutores em 1974 (Emerson Fittipaldi) e 1976 (James Hunt), Campeão do Mundo de Construtores, em 1974.
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