Esta noite, em Dili, o presidente de Timor-Leste, José Ramos Horta, e o primeiro-ministro, Xanana Gusmão, foram alvo de uma emboscada armada aparentemente pelos soldados do Major Alfredo Reinado. Ramos Horta foi atingido no estômago, mas à hora em que escrevo isto, não se sabe bem a gravidade dos ferimentos. Xanana escapou incólume.
O ataque ocorreu às seis da manhã, hora local (10 da noite em Lisboa). Cinco dos atacantes, incluindo o Major Reinado, foram mortos pela segurança pessoal da Presidência. Ainda é cedo para se falar em atentado ou tentativa de golpe de estado, mas isto é o mais recente episódio do que se passa em Timor-Leste, desde o inicio de 2006, altura em que começou esta crise, com os peticionários e a deserção (ou expulsão) de quase mil elementos do Exército.
Todos sabem como as coisas ocorreram depois: tumultos, fuga em massa das pessoas para as montanhas, demissão de Mari Alkatiri do governo, chegada das tropas australianas e do contingente da GNR ao território, etc...
No meio disto tudo, fico a pensar: como é que os australianos andaram um ano num território do tamanho do nosso distrito de Beja, e nunca conseguiram fazer uma emboscada ao Reinado? Nâo conseguiram ou não queriam? Se não queriam para não hostilizar a população, é uma coisa. Agora, se não o agarraram porque lhes convinha é outra coisa bem mais grave.
Não sei, ainda é muito cedo para tirar conclusões a sério deste acontecimento. Tenho é pena daquele povo, que tanto sofreu para ser livre. Tenho pena daqueles que lá foram, abnegados por uma espécie de espírito de missão, paraajudar aquele povo, que nunca deixou de sofrer desde 1975 (guerra civil, ocupação indonésia, a destruição pós-referendo...), e pensavam que a independência curaria tudo. Pois é, sairam de um buraco para cairem noutro!
Sem comentários:
Enviar um comentário