quarta-feira, 2 de julho de 2008

Uma pequena história minha

Descobri por estes dias que estava a fazer nove anos uma coisa que achei piada em fazer, e que no final deu um prémio. Pequeno, mas um prémio. E a minha pequena página de imortalidade...


Em 1999, estavamos todos a comemorar o Milénio. Como sabem, era algo unico e irrepetível, e muita gente decidiu fazer o balanço desse milénio que se ia embora. Um desses exemplos, pelo menos aqui em Portugal, foi feito pelo jornal "Diário de Noticias" que decidiu fazer um livro, chamado "Noticias do Milénio".


Quem tem o livro, há de notar que aquilo é meio enciclopédia, meio ensaio cientifico. Pediram-se a dezenas de filósofos, ensaistas, cientistas, escritores, para fazer um balanço do que passou e as aspirações para os anos vindouros. Tudo muito bonito, tudo muito engraçado, para guardar e mostrar às gerações seguintes.



A segunda parte, a parte da enciclopédia, era a mais interessante. E para tornar ainda mais interessante, pediu-se aos leitores para que colaborassem, mandando pequenas noticias de acontecimentos do passado que parecendo despercebidas, tiveram uma importância capital na história da Humanidade, do género, o primeiro vôo de balão (a passarola do Padre Bartolomeu de Gusmão) ou um atentado contra Napoleão Bonaparte, na Véspera de Natal de 1800.


Na altura com 22 anos, e estudante na Universidade, decidi tentar a minha sorte, até porque sabia que qualquer texto publicado valia um prémiozito de 100 euros. Mandei alguns sobre eventos históricos, como a Guerra Civil Americana ou as Guerras Napoleónicas, etc, e quase a acabar, só por gozo, escrevi isto:


" PARIS - 23 de Julho de 1894 - Realizou-se ontem a primeira grande corrida desta nova invenção, o automóvel. A competição, uma corrida entre Paris e Rouen, organizada pelo "Le Petit Journal", teve a inscrição inicial de 102 veículos propulsionados de diversas maneiras, desde o vapor ao ar comprimido, passando pelo combustível. Mas após um controlo apertado, só foram admitidos 21 carros à partida.


Esta corrida foi organizada com o intuito de encontrar um automóvel que percorresse sem perigo o trajecto entre Paris e Rouen - 135 quilómetros - e de uma forma mais fácil e barata.


A corrida foi seguida com entusiasmo por milhares de pessoas, não só em Paris como ao longo do percurso, e o vencedor, que demorou 6 horas de 48 minutos, foi o Conde De Dion, no seu veículo a vapor, a uma espantosa média de 20 quilometros por hora."


Ora, escrevi isto em Março. Enviei e não liguei mais. Chega o dia 1 de Julho, dia do lançamento do livro, e fui comprá-lo. Em altura de exames, até era um excelente "anti-stress". Quando chego à página 870, na secção da cronologia, e a relatar o inicio do século XX, descubro com espanto que o texto que mandara, quase por brincadeira... era o que tinha sido publicado!


Quase por coincidência, um responsável pelo jornal ligou-me, a noticiar do prémio. Fiquei espantado, mas depois do choque inicial, lembrei-me que fiquei feliz por ver o meu trabalho reconhecido. E o chequezinho, claro... acho que fiz umas férias com ele, já não me recordo bem.


Passados nove anos, e olhando para trás, pergunto a mim mesmo se este pequeno episódio não era um sinal do futuro que vinha aí. É certo que é uma coisa que tu gostas de fazer, e do qual hoje me sinto à vontade, mas numa altura em que a Internet estava na primeira geração e a versão 2.0 era ainda algo que estava na cabeça dos mais visionários (o Google ainda gatinhava), pergunto a mim mesmo se era coisa do Destino...


Mas que deu um gozo tremendo, ai isso deu!

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