O piloto inglês Peter Arundell, que competiu pela Lotus entre 1964 e 1966, morreu esta terça-feira aos 75 anos, na sua casa de Norfolk, vítima de grave doença respiratória.
Arrundell nasceu a 8 de Novembro de 1933 em Illford, no Essex. Após servir na Força Aérea Britânica, começou a correr profissionalmente com 21 anos, a bordo de um MG. No inicio da década de 60, passou para a Formula Junior, onde venceu os campeonatos de 1962 e 63, a bordo de um Lotus. As suas vitórias eram de tal forma convincentes que os seus adversários o acusaram de ter um motor ilegal. Acusações essas que os comissários o negaram, depois de verificarem a sua máquina. Para além dessas vitórias no campeonato, venceu também corridas de prestigio em Monza e no Mónaco, também em Formula Junior.
Estas vitórias fizeram com que Colin Chapman o contratasse para a sua equipa de Formula 1 na temporada de 1964, ao lado de Jim Clark. Tinha tido uma primeira tentativa, no GP de frança de 1963, mas não correu. A sua primeira corrida foi no Mónaco, onde se notava com o seu capacete vermelho. Teve uma actuação surpreendente que foi recompensada com um pódio. Repetiu a proeza na corrida seguinte, em Zandvoort, chegou a liderar o GP da Belgica e voltou a pontuar no GP de França, conseguindo onze pontos nas suas primeiras quatro corridas, sendo um dos melhores "rookies" de sempre na Formula 1, só superado por Jackie Stewart (1965) e Lewis Hamilton (2007).
Contudo, esta brilhante temporada teve um final abrupto quando numa prova de Formula 2, no circuito francês de Reims, perdeu o controlo do seu carro e sofreu um embate do carro pilotado pelo americano Richie Ginther. Cuspido para fora do carro, sofreu várias fracturas e ficou de fora durante ano e meio, sendo substituido por Mike Spence.
Depois de recuperar das suas lesões, Colin Chapman lhe deu mais uma chance na temporada de 1966, a bordo da Lotus. Mas a sua rapidez tinha desaparecido, e conseguiu apenas um ponto em Watkins Glen. Continuou a correr até 1969, altura em que se retirou de competição e mudou-se para os Estados Unidos. Aí fundou em finais dos anos 70 uma empresa de software especializada em... jogos de video para adultos, a Mystique. Após a sua falência, em 1983, regressou a Inglaterra onde era presença assidua nos eventos de automóveis antigos.
E assim se vai mais um membro de uma rara espécie de pilotos que competiram na era a Formula 1 de 1.5 litros, e que teve a chance de sobreviver para contar a história. Ars lunga, vita brevis.
2 comentários:
Algum dia ainda provarei que você tem obituários prontos antes que os mortos deitem... De qualquer forma, muito bom esse, e ainda uma vida fascinante a de Arundell. Como a de quase todos de sua época, marcada por um acidente.
Caro Daniel:
Sou transparente. Este obituário foi feito em meia hora! Se fores ver, até está curtinho. Mas soube por alturas da morte do Tony Maggs que o Arundell estava gravemente doente, pois participo no The Nostalgia forum, ao Autosport inglês.
Em suma, sabia da gravidade da situação, mas não tinha preparado nada.
Ah! os jornais tem essa técnica: têm obituários prontos nos arquivos para largar no dia em que determinada pessoa sai da vida e entra na história. Os ingleses são peritos nisso.
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