No fim de semana em que começou nas areias do Bahrein a temporada de 2010 da Formula 1, mais do que dar relevo à dobradinha da Ferrari, à pole-position de Sebastien Vettel, o regresso de Michael Schumacher à competição, ou então as estreias da Virgin e da Hispania e os regressos da Lotus, Sauber e Merecedes, o que todos falam por estes dias são o impacto das novas regras e o facto da corrida barenita, este ano com um novo desenho do circuito de Shakir, ter sido um longo... aborrecimento.
Nestes dias que se seguem à corrida, os vários membros da comunidade automobilística, desde directores de equipa a pilotos e ex-pilotos, queixaram-se das novas regras e pediram alterações imediatas, como a obrigatoriedade de duas paragens nas boxes, por exemplo. Acham que as coisas foram demasiado más para ser verdade, após a abolição de factores que marcavam as corridas, como os reabastecimentos.
Essa discussão, como seria de esperar, alargou-se aos jornalistas e à blogosfera especializada. Li e ouvi muitos comentários sobre esse assunto, e como é óbvio, cada cabeça, sua sentença. Eu não quero acrescentar mais lenha à fogueira, mas existem algumas coisas que devem ser ditas, e que demonstram, de uma certa forma, a prematuridade desta discussão, embora seja necessária.
Em 2010, começamos a época num circuito fora do normal: o Bahrein. Normalmente, esta começa em Albert Park, um circuito semi-citadino no maior parque de uma das maiores cidades da Austrália. E num circuito largo, mas sem grandes escapatórias, há mais emoção e imprevisibilidade. A mesma coisa em Sepang, o segundo circuito de 2009, onde por capricho da FOM (leia-se, Bernie Ecclestone), o horário tardio foi um verdadeiro "tiro no pé", pois a meio da corrida, uma enorme tempestade caiu sobre o circuito, levando a corrida ao seu prematuro fim.
Este ano, a corrida começou no deserto. E num "tilkódromo" como este, ainda por cima mais estendido em termos de dimensão, o aborrecimento tornou-se maior. Bahrein sempre foi um enorme bocejo desde a sua inclusão, em 2004, como o primeiro circuito no Golfo Pérsico. Sabia-se, mas esquecia-se. Este ano, com as novas regras e o novo desenho, o bocejo é ainda maior. Dá para adormecer manadas inteiras de gado...
Mas culpar os regulamentos por isto é prematuro. Uma corrida não serve para avaliar toda uma temporada. Existem mais dezoito corridas pela frente, uma delas totalmente nova, a da Coreia do Sul. Não sabemos o boletim meteorológico nessas dezoito provas. Nada garante que, por exemplo, o fim-de-semana monegasco não seja extremamente chuvoso. E que em Sepang, a chuva não apareça mais cedo. Com esse factor de imprevisibilidade, as trocas de pneus estão mais do que garantidas.
Contudo, não estou a dizer que este regulamento seja perfeito. Ela impede, por exemplo, que as equipas possam fazer uma corrida só com um jogo de pneus, como era hábito nos anos 80 e início dos anos 90. E que, numa era em que tudo é electrónico, e em nome do corte de custos, os motores estejam limitados às 18 mil rotações e que as caixas de velocidades sejam semi-automáticas, que corrigem os erros dos pilotos. Muito do que acontecia nos anos 80 era devido à fragilidade dos componentes: motores que explodiam, turbos que falhavam, pilotos que enganavam na marcha da caixa de velocidades... como agora tudo isso é muito mais sofisticado, os erros dos pilotos são cada vez menos. E agora, com estes regulamentos, eles não arriscam muito.
Acho que as equipas, mais do que impedir os difusores duplos em 2011, deveriam pensar em abolir, por exemplo, o limite de motores ou as caixas de velocidades semi-automáticas, para além de "limpar" os carros de quaisquer "gadgets" aerodinâmicos. Sei que a FIA pensa em reintroduzir os motores Turbo, e até acharia bem, desde que fossem só os V6, de 1.5 Litros. E também deveriam liberalizar os fornecedores de pneus. Quantos mais, melhor. Ter um só fornecedor, que ainda por cima está de saída, como a Bridgestone, e o facto da FIA passar dificuldades em encontrar um substituto, pois tem havido relutâncias e recusas por parte de outras marcas, poderá ser um grande problema num futuro próximo.
Todas as sugestões que li e ouvi esta semana são bem-vindas. Mas não devem ser implantadas agora, sob pânico, pois são pior emenda do que o soneto. Deverão sim, ser pensadas e julgadas por peritos, convidados pela FIA. E esta, agora sob gerência de Jean Todt, deveria ter abertura suficiente para aceitar sugestões que sejam boas para o espectáculo. Sacrificar a tecnologia e alguma segurança, pois esta afugenta espectadores? Se calhar pode ser o preço a pagar.
Nestes dias que se seguem à corrida, os vários membros da comunidade automobilística, desde directores de equipa a pilotos e ex-pilotos, queixaram-se das novas regras e pediram alterações imediatas, como a obrigatoriedade de duas paragens nas boxes, por exemplo. Acham que as coisas foram demasiado más para ser verdade, após a abolição de factores que marcavam as corridas, como os reabastecimentos.
Essa discussão, como seria de esperar, alargou-se aos jornalistas e à blogosfera especializada. Li e ouvi muitos comentários sobre esse assunto, e como é óbvio, cada cabeça, sua sentença. Eu não quero acrescentar mais lenha à fogueira, mas existem algumas coisas que devem ser ditas, e que demonstram, de uma certa forma, a prematuridade desta discussão, embora seja necessária.
Em 2010, começamos a época num circuito fora do normal: o Bahrein. Normalmente, esta começa em Albert Park, um circuito semi-citadino no maior parque de uma das maiores cidades da Austrália. E num circuito largo, mas sem grandes escapatórias, há mais emoção e imprevisibilidade. A mesma coisa em Sepang, o segundo circuito de 2009, onde por capricho da FOM (leia-se, Bernie Ecclestone), o horário tardio foi um verdadeiro "tiro no pé", pois a meio da corrida, uma enorme tempestade caiu sobre o circuito, levando a corrida ao seu prematuro fim.
Este ano, a corrida começou no deserto. E num "tilkódromo" como este, ainda por cima mais estendido em termos de dimensão, o aborrecimento tornou-se maior. Bahrein sempre foi um enorme bocejo desde a sua inclusão, em 2004, como o primeiro circuito no Golfo Pérsico. Sabia-se, mas esquecia-se. Este ano, com as novas regras e o novo desenho, o bocejo é ainda maior. Dá para adormecer manadas inteiras de gado...
Mas culpar os regulamentos por isto é prematuro. Uma corrida não serve para avaliar toda uma temporada. Existem mais dezoito corridas pela frente, uma delas totalmente nova, a da Coreia do Sul. Não sabemos o boletim meteorológico nessas dezoito provas. Nada garante que, por exemplo, o fim-de-semana monegasco não seja extremamente chuvoso. E que em Sepang, a chuva não apareça mais cedo. Com esse factor de imprevisibilidade, as trocas de pneus estão mais do que garantidas.
Contudo, não estou a dizer que este regulamento seja perfeito. Ela impede, por exemplo, que as equipas possam fazer uma corrida só com um jogo de pneus, como era hábito nos anos 80 e início dos anos 90. E que, numa era em que tudo é electrónico, e em nome do corte de custos, os motores estejam limitados às 18 mil rotações e que as caixas de velocidades sejam semi-automáticas, que corrigem os erros dos pilotos. Muito do que acontecia nos anos 80 era devido à fragilidade dos componentes: motores que explodiam, turbos que falhavam, pilotos que enganavam na marcha da caixa de velocidades... como agora tudo isso é muito mais sofisticado, os erros dos pilotos são cada vez menos. E agora, com estes regulamentos, eles não arriscam muito.
Acho que as equipas, mais do que impedir os difusores duplos em 2011, deveriam pensar em abolir, por exemplo, o limite de motores ou as caixas de velocidades semi-automáticas, para além de "limpar" os carros de quaisquer "gadgets" aerodinâmicos. Sei que a FIA pensa em reintroduzir os motores Turbo, e até acharia bem, desde que fossem só os V6, de 1.5 Litros. E também deveriam liberalizar os fornecedores de pneus. Quantos mais, melhor. Ter um só fornecedor, que ainda por cima está de saída, como a Bridgestone, e o facto da FIA passar dificuldades em encontrar um substituto, pois tem havido relutâncias e recusas por parte de outras marcas, poderá ser um grande problema num futuro próximo.
Todas as sugestões que li e ouvi esta semana são bem-vindas. Mas não devem ser implantadas agora, sob pânico, pois são pior emenda do que o soneto. Deverão sim, ser pensadas e julgadas por peritos, convidados pela FIA. E esta, agora sob gerência de Jean Todt, deveria ter abertura suficiente para aceitar sugestões que sejam boas para o espectáculo. Sacrificar a tecnologia e alguma segurança, pois esta afugenta espectadores? Se calhar pode ser o preço a pagar.
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