terça-feira, 16 de março de 2010

Formula 1 - O documentário

No fim de semana do Grande Prémio do Bahrein, li uma pequena noticia que passou ao lado de quase toda a gente, mas tive a oportunidade de a captar. Dizia que Bernie Ecclestone tinha acabado de dar aval a um documentário sobre a Formula 1, incidindo especialmente sobre o periodo entre 1968 e 1982. As balizas não são inocentes: é a era que vai entre a introdução dos carros-asa e a abolição do efeito-solo e a chegada em força da "era Turbo". E foi também o ano da morte de dois dos pilotos mais recordados da Formula 1: Jim Clark e Gilles Villeneuve. E se também quiserem, também é o ano da morte de Colin Chapman.

Provavelmente, deve ser uma das "eras de ouro" da Formula 1. Aquela parte onde os carros deixam de ser charutos de aluminio carregados de gasolina para serem verdadeiros Formulas, com asas, motores com mais de mil cavalos, com um "boost" e fabricados em fibra de carbono.

Mas também é uma era onde vimos grandes pilotos em cena: Graham Hill, Jochen Rindt, Jackie Stewart, Jack Brabham, Emerson Fittipaldi, Ronnie Peterson, Jackie Ickx, Gilles Villeneuve, Niki Lauda, James Hunt, Jody Scheckter, Patrick Depailler, Francois Cevért, Clay Regazzoni, Nelson Piquet, Mario Andretti... e equipas como Tyrrell, BRM, Lotus, Brabham, Ferrari, Ligier, Renault, March.

Onde montar uma equipa era fácil: basta comprar um chassis, um motor e uma caixa de velocidades por tuta e meia. Foram assim que muitos pilotos tentaram a sua sorte como construtores, como Amon, Fittipaldi, Ligier, Merzário, quase sempre resultando em fracasso.

E onde vimos algumas das melhores soluções aerodinâmicas, e uma liberdade total, em busca de contornar a potência dos motores V12 da Ferrari, por exemplo. O efeito-solo é desse tempo, e a resposta também provêm desse tempo: Turbo. E também é desse tempo chassis que ficaram na memória de todos, desde o Tyrrell 006 e o P34, de seis rodas, passando pelos Lotus 72, 78 e 79, até aos Brabham BT46B "Ventoinha" e o BT49. E os Ferrari 312T, também.

A noticia que fala sobre esse tal documentário coloca uma declaração de Mark Monroe, o eventual argumentista do filme, que diz: "Queremos fazer um grande filme de ação, algo que coloque as pessoas no carro e as faça sentir a velocidade. Podemos mesclar as histórias humanas com grandes momentos de ação. Queremos fazer isso com música e energia e deixar as pessoas entusiasmadas com nosso filme. Esta é a meta, o que é bem difícil, mas pode ser feita", afirmou.

Temi o pior, confesso, quando li esta declaração. Mas depois descobri que duas das pessoas que foram referidas como estando envolvidas neste projecto são Michael Shevloff, produtor, e Paul Crowder, realizador. Este último fez um documentário sobre a equipa de futebol norte-americana dos anos 70, o Cosmos de Nova Iorque, de seu nome "Once in a Lifetime: The Extraordinary Story of the New York Cosmos". E agora, em conjunto com Crowder, fizeram o filme "The Cove", sobre a matança de golfinhos numa baía japonesa, e que recebeu agora o Oscar para Melhor Documentário.

Eu sei que os filmes que referi acima são muito bons, logo, parto do principio que este vai ser um projecto bem feito. Mas já ouvi tanta coisa sobre projectos de filmes que não vão por diante, será este mais um? E se inverter a tendência, como será? Vai ser fiel à história ou temeremos o pior?

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