quinta-feira, 15 de abril de 2010

5ª Coluna: As razões para a amnistia a Briatore

No inicio da semana, soube-se que a FIA decidiu reduzir a suspensão de Flávio Briatore e de Pat Symmonds, repectivamente director desportivo e director técnico da equipa Renault de Formula 1 para uma pena de quatro anos de suspensão de actividade, na sequência do "Crashgate": o escândalo em que Nelson Piquet Jr. foi obrigado a bater no muro de protecção no GP de Singapura de 2008, obrigando à entrada do Safety Car e à subsequente vitória de Fernando Alonso nessa corrida.

A FIA, numa das últimas decisões que tomou enquanto Max Mosley era o presidente, inicialmente tinha banido Briatore para o resto da sua vida e suspenso Symmonds por cinco anos. Ambos apelaram, e depois de Briatore ter contestado esta sentença num tribunal comum de Paris, e ter ganho, agora chegou a um acordo com a FIA, chefiada nos dias de hoje por Jean Todt. Briatore afirmou
"assumir as culpas enquanto chefe da Renault", e ficaria afastado da Formula 1 até 2012, para depois voltar, se quiser, a partir de 2013.

Nos bastidores, fala-se que esta decisão foi tomada tendo em conta a influência de Bernie Ecclestone. O patrão da FOM nunca escondeu a sua admiração por Briatore, que o vê como alguém que pensa como ele: move-se no meio como peixe na água, e está mais interessado em fazer dinheiro do que nos aspectos técnicos da competição. E desde que se soube da sentença aplicada, ele defendeu uma espécie de amnistia pelo crime cometido, para o ter de novo no meio da Formula 1. E a razão para isso é mais simples do que se julga: para Bernie Ecclestone, que fará 80 anos no próximo dia 30 de Outubro, Flávio Briatore é o seu sucessor à frente da FOM, a organização que trata dos dinheiros das transmissões televisivas.

E a escolha de 2013 para o regresso às actividades de Briatore é também simples: em 2012 termina o actual Pacto de Concórdia, assinado em meados de 2009, depois de uma guerra entre a FOTA (a Associação de Construtotres de Formula 1) e a FIA que quase resultou numa ruptura e consequente criação de uma série paralela. Os construtores assinaram este Pacto, não só para enterrarem o "machado de guerra", mas também para uma distribuição mais equitativa dos dinheiros das transmissões televisivas, mas muitos dentro do sistema continuam a dizer que ainda continua a ser um "acrordo leonino": a FOM (leia-se, Ecclestone) ainda recebe cerca de 50 por cento dos dinheiros, sendo os restantes 50 por cento divididos entre as 12 equipas de Formula 1.

Toda a gente sabe que isto é uma trégua. A partir de meados de 2012, a FOTA virá em força para conseguir uma fatia maior do bolo, e a agitação nos bastidores poderá voltar em força. E Ecclestone, sabendo que os seus dias nesta terra já não serão muitos, precisa de um sucessor igualmente forte para resistir ao asslato da FOTA. E quem melhor do que... um ex-membro da FOTA? E Briatore já assumiu que, a voltar em 2013,
"será num papel diferente".

Hoje em dia, os muitos milhões que mexem com a Formula 1 são motivo de cobiça. E quem controlar o fluxo, é o rei. E "King Ecclestone" com esta sentença, já trabalha na sua sucessão.

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