O Rali da Córsega é um dos clássicos. Feito em asfalto, um dos seus apelidos é o de "Rali das Dez Mil Curvas", pelo facto de ter imensas em tão curto espaço, tipico de uma ilha montanhosa como aquela. Decorre desde 1956 e desde 1973, até 2008, que está no calendário do Mundial.
Normalmente, era disputado no inicio de Maio, entre o Rali Safari e o da Acrópole. Pelo menos era assim na década de 80, altura em que os carros de Grupo B, verdadeiros "caixões voadores", pois a sua relação peso/potência era enormemente baixo. Motores Turbo, com potências semelhantes aos da Formula 1 (ficou conhecida a estória do Lancia de Henri Toivonen a dar umas voltas no Autódromo do Estoril, com um tempo que daria um lugar na terceira fila da grelha de partida da corrida de Formula 1), num chassis de fibra de vidro, heróis eram aqueles que conseguiam controlar aquelas magnificas bestas do asfalto, como o Peugeot 205 Turbo 16 ou o Lancia Delta S4.
E em 1985 e 86, a Córsega ficou marcada para o pior. Para a Lancia e para os adeptos em geral, pois foi o local de sepultura de dois excelente pilotos daquela geração: o italiano Attilio Bettega e o finlandês Henri Toivonen. Ambos a 2 de Maio, ambos a bordo de um Lancia, ambos com o dorsal numero 4.
A carreira de Bettega, nascido a 19 de Fevereiro de 1953 na localidade italiana de Molveno, no norte de Itália, ficou sempre ligada ao Grupo Fiat. Primeiro em 1972, quando se estreou, num modelo 128, e após ter corrido num Opel, voltou ao Grupo Fiat, nomeadamente o Lancia Stratos, em 1977, para correr o campeonato nacional. A sua primeira vitória foi em 1978, no Rally D'Aosta.
Depois foi para a Fiat, onde correu com os modelos 131 e... Ritmo Abarth. O seu controlo sob duas rodas motrizes o fez com se tornasse num dos melhores no seu país, em 1980 e 81. Em 1982 voltou para a Lancia, para desenvolver o seu modelo, o 037. Estreou esse carro... no Rali da Corsega, onde não terminou.
Nos dois anos seguintes, Bettega portou-se bem nesse modelo. Não venceu nenhum rali do campeonato do mundo, o mais próximo que esteve foi um segundo lugar em Sanremo, na edição de 1984. Não era um dos principais candidatos à vitória, mas sabia completar a equipa e desenvolver os carros.
Até que naquele distante 2 de Maio de 1985, ficou nas noticias pelos piores motivos. Recordo-me, na minha infância, as imagens do Lancia 037 de Bettega, espetado na árvore, com o ramo a entrar dentro do parabrisas. Nunca julguei que um buraco daqueles pudesse causar tamanho impacto. Mas foi. Um primeiro baque de realidade na cabeça de um jovem rapaz de nove anos. O mais impressionante, soube depois, é que o seu navegador, Maurizio Pressinot, saiu dali incólume.
E claro, um novo baque, exactamente um ano mais tarde. O que mais me impressionou, no meio de todo aquele chinfrim sobre Henri Toivonen, foi ver o que faz um incêndio num carro. Desconhecia, então, que aquele chassis era feito de fibra de vidro, algo que derrete a altas temperaturas. Mas ver aquela máquina potente ser reduzido a uma amalgama de "roll-bar", foi impressionante. E foi na pior das alturas para o automobilismo: Lagoa Azul tinha acontecido dois meses antes, e pelo meio, a Formula 1 teve a sua quota de desgraça, quando Elio de Angelis teve o seu acidente mortal em Paul Ricard...
Depois dos acontecimentos de 1986, a organização do rali decidiu abolir permanentemente o numero quatro. Foi, digamos, o menor dos impactos que aqueles acidentes tiveram. No primeiro caso, foi um sinal de alerta. No segundo, foi dizer que já chega de carros demasiado rápidos para serem controlados. E assim acabou uma era. Até 1997, o numero quatro era ostensivamente olvidado, por superstição ou respeito dos organizadores pelas memórias de Bettega e Toivonen.
Só voltou à ribalta por imposição da FIA, na era do WRC. O primeiro a ter foi Tommi Makkinen, no seu Mitsubishi Lancer, que nesse ano não chegou ao fim. A razão? Ficou com o carro danificado após atropelar uma vaca.
Normalmente, era disputado no inicio de Maio, entre o Rali Safari e o da Acrópole. Pelo menos era assim na década de 80, altura em que os carros de Grupo B, verdadeiros "caixões voadores", pois a sua relação peso/potência era enormemente baixo. Motores Turbo, com potências semelhantes aos da Formula 1 (ficou conhecida a estória do Lancia de Henri Toivonen a dar umas voltas no Autódromo do Estoril, com um tempo que daria um lugar na terceira fila da grelha de partida da corrida de Formula 1), num chassis de fibra de vidro, heróis eram aqueles que conseguiam controlar aquelas magnificas bestas do asfalto, como o Peugeot 205 Turbo 16 ou o Lancia Delta S4.
E em 1985 e 86, a Córsega ficou marcada para o pior. Para a Lancia e para os adeptos em geral, pois foi o local de sepultura de dois excelente pilotos daquela geração: o italiano Attilio Bettega e o finlandês Henri Toivonen. Ambos a 2 de Maio, ambos a bordo de um Lancia, ambos com o dorsal numero 4.
A carreira de Bettega, nascido a 19 de Fevereiro de 1953 na localidade italiana de Molveno, no norte de Itália, ficou sempre ligada ao Grupo Fiat. Primeiro em 1972, quando se estreou, num modelo 128, e após ter corrido num Opel, voltou ao Grupo Fiat, nomeadamente o Lancia Stratos, em 1977, para correr o campeonato nacional. A sua primeira vitória foi em 1978, no Rally D'Aosta.
Depois foi para a Fiat, onde correu com os modelos 131 e... Ritmo Abarth. O seu controlo sob duas rodas motrizes o fez com se tornasse num dos melhores no seu país, em 1980 e 81. Em 1982 voltou para a Lancia, para desenvolver o seu modelo, o 037. Estreou esse carro... no Rali da Corsega, onde não terminou.
Nos dois anos seguintes, Bettega portou-se bem nesse modelo. Não venceu nenhum rali do campeonato do mundo, o mais próximo que esteve foi um segundo lugar em Sanremo, na edição de 1984. Não era um dos principais candidatos à vitória, mas sabia completar a equipa e desenvolver os carros.
Até que naquele distante 2 de Maio de 1985, ficou nas noticias pelos piores motivos. Recordo-me, na minha infância, as imagens do Lancia 037 de Bettega, espetado na árvore, com o ramo a entrar dentro do parabrisas. Nunca julguei que um buraco daqueles pudesse causar tamanho impacto. Mas foi. Um primeiro baque de realidade na cabeça de um jovem rapaz de nove anos. O mais impressionante, soube depois, é que o seu navegador, Maurizio Pressinot, saiu dali incólume.
E claro, um novo baque, exactamente um ano mais tarde. O que mais me impressionou, no meio de todo aquele chinfrim sobre Henri Toivonen, foi ver o que faz um incêndio num carro. Desconhecia, então, que aquele chassis era feito de fibra de vidro, algo que derrete a altas temperaturas. Mas ver aquela máquina potente ser reduzido a uma amalgama de "roll-bar", foi impressionante. E foi na pior das alturas para o automobilismo: Lagoa Azul tinha acontecido dois meses antes, e pelo meio, a Formula 1 teve a sua quota de desgraça, quando Elio de Angelis teve o seu acidente mortal em Paul Ricard...
Depois dos acontecimentos de 1986, a organização do rali decidiu abolir permanentemente o numero quatro. Foi, digamos, o menor dos impactos que aqueles acidentes tiveram. No primeiro caso, foi um sinal de alerta. No segundo, foi dizer que já chega de carros demasiado rápidos para serem controlados. E assim acabou uma era. Até 1997, o numero quatro era ostensivamente olvidado, por superstição ou respeito dos organizadores pelas memórias de Bettega e Toivonen.
Só voltou à ribalta por imposição da FIA, na era do WRC. O primeiro a ter foi Tommi Makkinen, no seu Mitsubishi Lancer, que nesse ano não chegou ao fim. A razão? Ficou com o carro danificado após atropelar uma vaca.
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