segunda-feira, 19 de julho de 2010

Henry Surtees, um ano depois

Um ano voa depressa. Bem depressa mesmo. Ao Verão sucede o Inverno, e do Inverno vem a Primavera e com ele o Verão, uma verdadeira rotação da Terra, 365 dias. E quando chegamos de novo ao dia 19 de Julho, lembramo-nos o que faziamos nesse dia de Domingo. Recordo das pessoas perguntarem no Twitter sobre a condição de Henry Surtees, e que não tinham noticias dele desde que o viram naquele helicóptero, a caminho do hospital, onde foi confirmada a sua morte cerebral.

No ano passado disse que aquilo deveria ter sido um golpe cruel no pai, John Surtees, que sobrevivera a uma das piores eras para se conduzir, onde os amigos mortos foram às dezenas, quer como piloto, quer depois como construtor, para no final testemunhar à pior das perdas, que é a de um filho.

E mesmo aqueles quase não viram, por omissão ou outra, o acidente mortal de Henry Surtees, ou os mais novos, que não tiveram consciência da periculosidade que é o automobilismo, ou que as memórias de Imola eram difusas ou inexistentes, tiveram um encontro com essa realidade com o acidente de Felipe Massa, atingido pela mola do Brawn GP do seu compatriota Rubens Barrichello, e que por pouco, milimetros talvez, não acabou com a sua carreira.

Na semana que passou, li o post que o Mike Vlcek escreveu sobre a sua visita a Brands Hatch, descrevendo o desafiador circuito do condado de Kent e ele não esqueceu Henry Surtees. Lembrou-nos, mais para que não esqueçamos do que se trata, que o automobilismo é uma modalidade perigosa, por muita segurança que ela tenha. Ainda bem que existe e reduziu a mortalidade a um mínimo. Mas uma morte no automobilismo é sempre uma a mais, que nos faz perder a inocência.

E ontem quando vi o acidente do Seat Leon de Francisco Carvalho, em que dois comissários de pista fugiram desesperados para evitarem ser atingidos pelos destroços de um Leon a voar, vejo até que ponto tudo isto é uma questão de sorte e de azar. De como na vésperas da sua morte, vi um Henry Surtees contente, no pódio, a comemorar aquele que era o seu melhor resultado do ano, com os pais a assistir, felizes pelos feitos do seu filho.

O automobilismo é uma maravilha. Mas continua perigoso.

1 comentário:

Ron Groo disse...

Tanto foi fatalidade que não se fez movimento nenhum em prol de mais segurança.

Foi triste, mas é do esporte.