O fim de semana coreano trouxe duas noticias de cariz contraditório sobre a Lotus, do qual somente o tempo irá ditar qual das partes é verdadeira. Mas mesmo que uma das partes não diga a verdade, é indicação que dentro da equipa, a guerra pelos direitos do nome "Team Lotus" continua surda, mas dura.
Primeiro que tudo, ambas as noticias tem a ver com o fornecimento de motores para 2011. Tudo indica que, em principio, a marca vai trocar os motores Cosworth pelos Renault, recuperando uma dupla que existiu entre 1983 e 1986, em plena era Turbo, com bons resultados. Já se sabe que irão ter o mesmo conjunto diferencial/caixa de velocidades da Red Bull, que é a melhor do pelotão, e o potencial para o tal salto de qualidade é bem real. Mas ainda não se sabe quando é que será feito o anuncio. E uma noticia que surgiu esta sexta-feira no sitio Grand Prix indicava que esse acordo estaria dependente de uma decisão politica: de que Tony Fernandes teria de abdicar do nome Lotus para ter os seus motores.
Segundo as noticias desse site, tudo tinha a ver com a partilha de plataformas entre a Renault e a Proton, que aparentemente a marca francesa daria um conjunto de caixa/motor a um dos modelos da marca malaia, numa parceria, e que a Proton estaria a pressionar a Renault para que dependesse o acordo com a questão dos direitos do nome Lotus, que é detida pela marca malaia. Como a Proton não conseguiu comprar ou resgatar os direitos do nome "Team Lotus" a David Hunt, o seu proprietário desde 1995 até ele ter vendido a Tony Fernandes, tentava desta maneira fazer com os direitos voltassem para a marca. Um direito, como expliquei na altura em que a polémica rebentou, nunca pertenceu à Lotus Cars porque Colin Chapman, o fundador, nunca quis...
Vinte e quatro horas depois desta noticia surgir, outra noticia vem à superfície, de natureza totalmente diferente: o acordo Lotus-Renault está concluido e será anunciado dentro de duas semanas em Interlagos, numa conferência conjunta entre Carlos Ghosn, o homem forte da Renault, e Tony Fernandes, o proprietário da Air Asia e da Team Lotus. Quem o anuncia é Joe Saward, no seu blog habitualmente bem informado. Segundo ele, já há um acordo geral, faltando apenas as assinaturas. E a razão pelo atraso? Nada a ver com a Proton, antes com a Red Bull Racing...
Aliás, Saward vai um pouco mais longe: fala que ambas as partes (Fernandes e Proton) planeiam comprar um ao outro no sentido de fazer algo que nunca esteve nos planos de Colin Chapman: fundir a Lotus Cars e a Team Lotus. A ideia é passar para fora a impressão de "uma Malásia unida", num país de forte pendor nacionalista, mas com imensas culturas, etnias e religiões... como a Proton é governamental e Tony Fernandes tem excelentes relações com o governo malaio, provavelmente pode ser que - caso a High Court de Londres chegar à conclusão de que os direitos da Team Lotus não pertencem à Lotus Cars - haja um acordo de unificação, feito de forma pacifica.
Mas mesmo que tudo acabe em bem, pode haver algumas cabeças cortadas. E o candidato numero um poderá ser Dany Bahar, o homem que foi contratado há um ano para relançar a marca no mercado automóvel. Este cenário pode não estar muito longe no tempo, mas quando acontecer, pode ter um desfecho muito rápido.
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