segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Marco Campos, o talento que o Destino não deixou mostrar

Já não me lembrava, e acho que mesmo dentro dos "hardcores", poucos se recordariam dele. Mas quando o Leandro Verde se lembrou hoje no seu blog de Marco Campos, um promissor piloto cuja carreira acabou há precisamente 15 anos no muro de Magny-Cours, na última volta da última corrida daquela temporada, lembrei-me das imagens do acidente, absolutamente arrepiantes. Para os mais novos terem uma ideia, recordo-vos o acidente que o Ernesto Viso sofreu em 2007 na corrida da GP2 no mesmo circuito.

Pelo que me contam, tinha talento a rodos. E muitos acharam louco na altura de colocar um piloto de 18 anos num chassis de Formula 3000, ainda por cima não era o mais competitivo da altura, depois de ter ganho o título da formula Opel-Lotus, uma categoria cuja diferença de potência andava à volta dos 200 cavalos. Se soubessem nesta altura que aquilo era a tendência do futuro, teriam pensado duas vezes.

Com um mau chassis (era um Lola, enquanto que os da frente andavam de Reynard), "tirou leite de pedra" ao longo da temporada de 1995 e conseguiu pontuar nesse ano, um quarto lugar em Pau. Mas no final do ano, as suas perspectivas eram nubladas, e tinha uma mente confusa com tantas perguntas sem resposta. Acharia que a melhor maneira de provar o seu talento era de fazer uma condução agressiva e ultrapassar vários pilotos, para que assim pudesse dar nas vistas. Assim o fez, e de vigésimo na partida, chegou ao principio da última volta a lutar pelo nono lugar com o estreante italiano chamado Tomas Biagi. Uma posição insignificante, pois não havia pontos em disputa, mas mesmo assim, não virou a cara à luta. Quando chegaram ao gancho Adelaide, provavelmente o unico sitio onde se poderia ultrapassar naquele circuito, desentenderam-se e as rodas tocaram-se. O carro de Campos voou e bateu no muro. Azar dos azares, a sua cabeça recebeu a totalidade do seu ie se seguiram,mpacto, que o colocou em coma irreversível.

Nos dois dias que se seguiram, foi uma batalha perdida. Aos poucos, os sinais vitais iam se escoando, e entrou em morte cerebral. Os pais disseram aos médicos que podiam desligar as máquinas, mas eles disseram que não era preciso, pois o coração iria deixar de bater pouco depois. E assim foi na madrugada de terça-feira, 17 de Outubro de 1995. Aos 19 anos.

A história tem alguns paralelos com Ricardo Rodriguez, o irmão mais novo de Pedro Rodriguez. Muito jovem, ultra-talentoso e nas poucas vezes que correu, espantou toda a gente. E morreu cedo, em 1962, aos 20 anos, nos treinos para o GP do México, num acidente na Curva Peraltada. O circuito recebeu depois o nome dele e o do irmão, após a morte deste, em Julho de 1971. Tal como no caso de Ricardo, fica-se a pensar no que teria sido o Marco Campos caso tivesse sobrevivido a aquele acidente. Teria chegado à Formula 1? Teria ido para a IndyCar e vencido as 500 Milhas? Teria resistido À pressão de ser o sucessor de Ayrton Senna, como acontecia por essta altura a Rubens Barrichello? Essas são perguntas que ficarão para sempre sem resposta.

Apenas sei que há quinze anos desaparecia um jovem talento, do qual alguns acreditavam ser um diamante em bruto.

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