O ex-piloto e dono da equipa Arrows na Formula 1, Tom Walkinshaw, morreu hoje aos 64 anos na britânica Oxfordshire, vitima de cancro, anunciou a Autosport britânica. Para além da sua carreira como dono da Arrows, teve passagens pela Benetton, fazendo parte da equipa que deu os dois primeiros campeonatos do mundo a Michael Schumacher. E nos Sport-Protótipos, marcou uma era através da TWR, que geriu os Jaguares que dominaram a categoria no final dos anos 80 em provas como as 24 horas de Le Mans.
Nascido na Escócia a 17 de novembro de 1946, Walkinshaw começou a correr aos 22 anos, num MG Midget, antes de passar para a Formula Ford. Venceu o campeonato escocês de 1969, antes de prosseguir para a Formula 3, onde teve um acidente que fraturou a sua anca e condicionou a sua carreira. Continuou a correr na Formula 2 e na Formula 5000 antes da Ford o ter contratado para guiar um dos seus modelos Capri, começando uma carreira nos Turismos britânicos e europeus, até 1985. Pelo meio, em 1976, criou a Tom Walkinshaw Racing, TWR, e correu sob a sua bandeira, com vários modelos, desde o Rover SD1 até ao Jaguar XJS, onde venceu o campeonato europeu em 1984. No ano seguinte, a sua equipa venceu a Bathurst 1000, com ele no terceiro posto.
Em 1988, deixa de ser piloto para se concentrar nas suas operações no BTCC e nos Sport-Protótipos, com máquinas da Jaguar, nomeadamente o XJR-8, o XJr-12 e o XJR-14. Durante seis anos, de 1986 até 1992, venceu por três vezes o Mundial de Sport-Protótipos (1987, 88 e 91) e venceu também as 24 Horas de Le Mans em duas ocasiões: 1988, com a tripla Jan Lammers, Johnny Dumfries e Andy Wallace, e em 1990, com a tripla John Cobb, Martin Brundle e John Nielsen. Um dos que pilotaram os Jaguares da TWR foi Raul Boesel, que venceu o Mundial de Sport-Protótipos de 1987.
Em 1991, a Benetton o contrata para ser o director técnico da Benetton, e foi um dos que convenceu a equipa a contratar Michael Schumacher, depois da sua estreia pela Jordan, em Spa-Francochamps, passando por cima de alguns contratos assinados. Muitos afirmam que Flávio Briatore teve imensa influência neste caso, mas Walkinshaw também teve muito dedo nisto, por uma boa razão, segundo conta James Allen: ele tinha sido o primeiro a ver as qualidades do piloto alemão, nos Sport-Protótipos.
Nessa altura, Jaguar e Sauber-Mercedes concorriam juntos nesse Mundial e Walkinshaw tinha de alterar as suas táticas por causa do estilo de condução dele, que fazia parte do Junior Team, ao lado de Karl Wendlinger e Heinz-Harald Frentzen. Quando o viu na Jordan, sabia que era melhor tê-lo na sua equipa do que correr contra ele. E os três, mais Ross Brawn (que o trouxe da Jaguar, em 1991) foram decisivos no que se passou nas temporadas seguintes, até ao polémico primeiro título mundial, em 1994.
No final desse ano, ele e Briatore compraram parte da Ligier de Andre de Cortanze, para ficar com o contrato com os motores Renault. Walkinshaw ficou com 50 por cento, vindos de Flávio Briatore, mas Walkinshaw ambicionava os cem por cento. Quando não os conseguiu, vendeu a sua parte e decidiu adquirir a Arrows a Jackie Oliver. Isto tudo no final de 1995.
Estando no final do pelotão, Walkinshaw deu um golpe de mestre ao contratar no inicio de 1997 o britânico Damon Hill, recém-campeão do mundo, por um bom preço. Contudo, com motores Yamaha, não conseguiu mais do que um segundo lugar no GP da Hungria desse ano, uma corrida que poderia ter ganho, não fosse um problema mecânico a três voltas do fim o ter impedido de vencer.
A operação da Arrows durou até 2002, quando a falta de dinheiro em caixa o fez abandonar a meio da temporada, não sem antes tirar da cartola um truque no fim de semana do GP francês. Na altura, a regra dos 107 por cento ainda estava em vigor e Walkinshaw pediu aos seus pilotos, o alemão Heinz-Harald Frentzen e o brasileiro Enrique Bernoldi, para que andassem a baixa velocidade para marcarem um tempo superior a esses 107 por cento e evitar pagar uma multa pela eventual ausência da prova.
Depois do final da aventura Arrows, Walkinshaw radicou-se na Austrália, onde tinha montado uma operação nos V8 Supercars, preparando modelos da Holden com imenso sucesso, vencendo o campeonato de 2008. Pelo meio, adquiriu também a marca de automóveis Elfin. A sua última aparição pública na Europa tinha sido em Julho, para ver o Grande Prémio da Grã-Bretanha, e aí já se viam os efeitos do cancro que andava a batalhar, e por fim, o venceu. Ars lunga, vita brevis.
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