Como prometido na semana passada, hoje vou continuar a minha série de artigos sobre a temporada de 2010 da Formula 1, que irei continuar até ao final do ano. Agora falarei das equipas, mas devido à sua extensão, decidi que iria dividir isto por três partes: primeiro falo dos outros: as cinco equipas que "preencheram" o pelotão de 2010, ficando entre as novatas e as quatro primeiras no campeonato, depois falarei das estreantes e por fim, das quatro primeiras classificadas no campeonato de construtores desta temporada. Assim sendo, vamos às minhas impressões sobre as outras equipas, de trás para a frente.
1 - Toro Rosso
A equipa satélite da Red Bull não teve um 2010 por ali além. Apesar de ter mantido o espanhol Jaime Alguersuari e o suiço Sebastian Buemi, a sua temporada ficou um pouco além das suas expectativas, embora o espanhol tenha evoluido em relação ao ano passado. Houve corridas onde eles estiveram um pouco melhor, como por exemplo as corridas na Malásia, Canadá e Abu Dhabi, mas na realidade, os Toro Rosso sofreram muito: primeiro, com os motores Ferrari, que costumavam explodir no inicio da temporada, e segundo, pelo facto deste novo chassis ser completamente independente da casa-mãe, logo, não beneficiou dos desenvolvimentos dela.
No final, a Toro Rosso conseguiu treze pontos em 2010, mas caso tivessem feito a temporada de 2010 com a pontuação antiga, não teriam mais do que um ponto, devido ao oitavo lugar conseguido por Sebastien Buemi, o melhor resultado da equipa nesta temporada. Por causa disso que no final desta temporada, se começou a especular sobre a possibilidade de manutenção a mesma dupla para 2011, especialmente depois do anuncio do australiano Daniel Ricciardo como terceiro piloto da Red Bull para 2011. E ele aparentemente é mesmo bom...
Em suma: os pilotos da STR tem de fazer melhor, pois estarão sob vigilância na próxima temporada. E como pelo menos uma das novatas terá um pacote melhor, a possibilidade de descerem mais um lugar no "ranking" é real.
2 - BMW Sauber
O "BMW" era mais de nome, mas era uma forma para que a Sauber recebesse o dinheiro das transmissões televisivas de 2009, muito necessárias para os cofres de Peter Sauber, já que a casa de Munique se tinha retirado de cena no final da última temporada. Com Peter Sauber a sair temporariamente da reforma, reativou as suas velhas conexões com a Ferrari para lhe fornecer motores e foi contratar o jovem - e muito rápido - Kamui Kobayashi, com o veterano Pedro de la Rosa como companheiro de equipa, em detrimento de Nick Heidfeld.
Correndo quase sem patrocinios, o chassis era otimo, mas sofreu no inicio da época com a fiabilidade dos motores Ferrari, tal como acontecia à casa-mãe e à Toro Rosso, mas depois desses problemas terem sido resolvidos, o carro andou normalmente no "top ten" e a pontuar regularmente. E esse retomar da fiabilidade permitiu ao jovem japonês Kamui Kobayashi de demonstrar todo o seu potencial que tinha mostrado nas duas últimas corridas de 2009, ao serviço da Toyota. No final, conseguiu dar à equipa 32 dos 44 pontos que esta alcançou em 2010, e o melhor lugar do ano, um sexto posto em Silverstone. E uma mão cheia de excelentes resultados, como os sétimos lugares em Valencia ou Suzuka, conseguindo bater facilmente os seus companheiros mais velhos e mais experientes, primeiro Pedro de la Rosa e depois Nick Heidfeld.
No final do ano, Sauber conseguiu o que queria: um novo patrocinador, a mexicana Telmex, e arranjou o jovem Sergio Perez para correr ao lado de Kobayashi. Com esta injeção de dinheiro, vamos a ver se há evolução no desempenho desta equipa suiça.
3 - Force India
No segundo ano da equipa sob motores Mercedes, havia algumas expectativas, após os desempenhos na parte final da temporada de 2009. O VJM03 seria uma versão melhorada do carro da temporada anterior, e com a manutenção da dupla da parte final desse ano, o italiano Vitantonio Liuzzi e o alemão Adrian Sutil, parecia que a force India estaria destinada a ter o seu melhor ano de sempre.
Assim aconteceu. Conseguiu ao todo 68 pontos nesta temporada, e conseguiu também ficar regularmente na zona de pontuação, e Adrian Sutil conseguiu as melhores posições da equipa, com dois quintos lugares em Sepang e Spa-Francochamps. Mas ao todo, levou a equipa aos pontos em nove das dezanove corridas, incluindo uma sequência de seis sucessivas. Definitivamente superior a Vitantonio Liuzzi, que só conseguiu pontuar por seis vezes, com um sexto lugar ma Coreia do Sul como melhor resultado.
Apesar de ter sido a melhor temporada de sempre da equipa, o sentimento pode ser de alguma frustração. Primeiro, porque boa parte destes resultados aconteceram no inicio da época, com uma segunda parte a coleccionar retiradas (algumas por razões alheias, é verdade) e o facto de Adrian Sutil ter ficado de certa forma frustrado por não poder dar o salto para melhores "cockpits", por exemplo, um Mercedes. E quanto a Liuzzi... o seu lugar está sob ameaça, pois de repente, a Force India é uma equipa atraente, e bons pilotos sem lugar para correr em 2011 ficaram com vontade, como Paul di Resta ou Nico Hulkenberg. Ele diz que está tranquilo, mas Vijay Mallya pode pensar de outra forma.
4 - Williams
Quando se anunciou a escolha dos seus motores para 2010, parecia que a equipa de Frank Williams estava a caminho de uma irreversivel espiral descendente. Mas no final deste campeonato, mais parece que 2010 foi uma espécie de "ano zero" com os novos Cosworth, com esperanças de novos desenvolvimentos para a temporada seguinte. Com um veterano ainda a dar cartas e um novato que lhes deu a primeira pole-position em cinco anos, a temporada de 2010 na Williams não foi assim tão má de todo. Conseguiram 69 pontos, o sexto lugar no campeonato de Construtores e provaram uma vez mais que os rumores da sua morte foram exagerados.
Com a entrada de Rubens Barrichello, o FW32 conseguiu evoluir em mãos seguras e o carro entrou regularmente no "top ten". Barrichello conseguiu um quarto e um quinto lugar a meio da época, claramente a melhor altura do carro da Williams, e mesmo com o novato Nick Hulkenberg no seu natural processo de aprendizagem, conseguiu na parte final da época resultados dignos das expectativas que existiam sobre ele, incluindo uma inédita pole-position no Brasil.
Contudo, as performances da Williams continuam uma sombra no horizonte: a equipa iria ficar sem boa parte dos patrocinios no final de 2010, e Frank Williams e Patrick Head, bem como o seu outro sócio, o austriaco Christopher Wolff, teriam de deixar entrar o primeiro piloto pagante em algum tempo: o venezuelano Pastor Maldonado, que apesar de ser o campeão de 2010 da GP2, tinha atrás de si o gordo patrocinio da estatal venezuelana PDVSA. Com uma dupla sul-americana para 2011, as coisas à partida devem estar asseguradas no sentido de continuar o melhoramento dos motores Cosworth e aproveitar o KERS construido em casa.
5 - Renault
A temporada de 2010 da Renault seria uma espécie de "ano zero" da equipa de Enstone, depois da explusão de Flávio Briatore e Pat Symmonds, e da saída de Fernando Alonso da Ferrari. A Renault vendeu 75 por cento da equipa para a Genii Capital, de Gerard Lopez, e este decidiu contratar um piloto pagante, o russo Vitaly Petrov, para ajudar a cobrir das despesas da contratação do polaco Robert Kubica. Com tudo isto, parecia que esta "Renault de serviços minimos" somente ficaria à espera de 2012 para poder ir embora de vez da Formula 1, como construtora.
Mas com Eric Boullier ao volante, e um bom motor, que a Renault sempre apostou em melhorar, as coisas correram melhor do que se esperava. Robert Kubica foi igual a si próprio e conseguiu três pódios e muitas qualificações na Q3, e foi praticamente o unico que colocou o seu carro no pódio, sem pertencer às quatro equipas da frente. No total, conseguiu 136 pontos, e tirando as desistências, só no Bahrein é que acabou a corrida fora dos pontos. O facto de ter conseguido bons resultados numa máquina do qual se esperava pouco, é um feito.
Já Vitaly Petrov teve imensa gente desconfiada dos seus talentos de "rookie". Houve ocasiões onde esses receios foram plenamente justificados, especialmente na partida do GP do Japão, mas depois, na prova final da temporada, em Abu Dhabi, fez a sua melhor corrida do ano, terminando a prova no sexto posto e com mais um extra: ter tido Fernando Alonso atrás de si, sem capacidade de o ultrapassar.
Em 2011, a Renault irá continuar, mas de nome, pois foi adquirida pelo Group Lotus, que irá correr sob o nome "Lotus Renault". Para Carlos Ghosn, que nunca foi amante da equipa, livra-se de um engulho embaraçoso e desnacessário. Mas mantêm os motores e o nome, para quem sabe, caso haja uma mudança na mentalidade da empresa, eles poderem voltar. Nunca se sabe o que o futuro reserva...
E pronto, por esta semana é tudo. O próximo capitulo será dedicado às três novatas, antes de encerrar o ano com as quatro equipas principais desta temporada. Até lá!
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