quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

O sonho e a realidade, contado por Filipe Albuquerque

A vitória na Corrida dos Campeões colocou o nome de Filipe Albuquerque nas bocas do mundo, isso é certo e seguro. Mesmo aqui em Portugal, as pessoas ficaram surpresas como é que um mero piloto de Coimbra conseguiu bater sucessivamente o campeão do mundo de Formula 1 e o campeão do Mundo de Ralis, numa competição de fim de época.

Muitos pensam que isso poderá dar uma "chuva de convites". Mas quem conhece melhor este mundo sabe que não é assim. E ele explica isso numa entrevista que deu ao jornal desportivo português Record:

"Ainda não recebi nenhum contacto profissional. Mesmo que o tivesse recebido não diria, como todos compreendem, porque nesta altura o segredo é a alma do negócio. Recebi muitos telefonemas de pilotos, amigos e jornalistas, mas ainda é cedo para decidir o futuro", começou por afirmar o conimbricense.

"Se tivesse um convite para correr na Fórmula 1 aceitava de imediato, mas ganhar estas corridas não me dá vantagem. Em 2006, conquistei o prémio Red Bull (Red Bull Junior of the Year) e alguns dos pilotos que hoje correm na Fórmula 1 já o ganharam depois de mim e eu não cheguei lá. Há que dar tempo ao tempo e esperar por uma oportunidade melhor" declarou.

Para quem não sabe, Albuquerque e Alvaro Parente apuraram-se para a final mundial em Agosto, no Autódromo de Portimão, ao serem campeões da ROC Sul da Europa, ROC Ibéria e ROC Portugal, onde bateram pilotos espanhois da classe de um Carlos Sainz, por exemplo. E aproveitou a entrevista para falar também da quantidade de dinheiro que é preciso para chegar à categoria máxima do automobilismo:

"Para se correr ao mais alto nível tem de se investir. O meu pai, e depois os meus patrocinadores, deram-me uma grande ajuda nesta modalidade que é demasiado elitista. Eu quero ser profissional, mas não quero pagar para correr. É ridículo que, por exemplo, na Fórmula 1 (o patamar mais alto do automobilismo), se tenha de pagar 15 milhões de euros por ano para correr. É, em muito por isso, que as corridas já não têm a emoção de outros tempos, em que estavam lá realmente os melhores", disparou.

Lá ele tem razão, como todos nós sabemos. Na Autosport portuguesa desta semana, é revelado que a Toro Rosso pediu-lhe no final de 2007 sete milhões de euros para poder correr no lugar que depois foi ocupado por Sebastien Bourdais, só para terem uma ideia de quanto vale estar na elite do automobilismo. E foi por isso que ele já deixou um pouco de lado os monolugares e apostou nos Turismos, ao assinar pela Audi Itália, que o faz correr nos GT italianos. À falta da Formula 1, seria interessante vê-lo no DTM alemão, por exemplo...

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