quinta-feira, 29 de setembro de 2011

5ª Coluna: O problema do calendário


Inesperadamente - ou nem tanto, para quem conhece isto - surgiu esta manhã uma nova polémica relacionada com o calendário da Formula 1 para 2012. Segundo as noticias surgidas, o problema reside no fato de o alargamento do calendário para vinte corridas tinha sido feito sem consentimento das equipas, afirmando que violaram um acordo em que diziam, caso haja um alargamento de dezassete para as tais vinte, uma dessas novas provas teria de ser europeia.

Agora, em Singapura, as equipas - leia-se FOTA - começaram a elaborar uma espécie de veto ao calendário, que desde há anos é sempre elaborado por Bernie Ecclestone, pois é ele que elabora os contratos em que chula... perdão, pede somas cada vez maiores de dinheiro aos seus promotores, e aos poucos, tem vindo a afastar a Formula 1 dos seus tradicionais postos na Europa e Américas para o Extremo Oriente e os petrodólares do Golfo Pérsico.

Aliás, ontem coloquei o artigo do Autosport sobre o Bahrein e o incómodo que está a causar o seu regresso ao calendário de 2012, pois os problemas internos naquele país ainda não foram resolvidos, mas que continuam a querer usar o Grande Prémio como forma de mascarar a realidade, como fazia a Africa do Sul nos anos 70 e 80, quando corria, desafiando as sanções do "apartheid". Mas se queremos ver a coisa em termos mais extensos, diria que este é mais um recente episódio do braço de ferro entre Bernie Ecclestone e a FOTA.

Como sabem, em 2012 o atual Pacto da Concórdia termina a sua validade, e agora parece que as equipas decidiram unir-se num bloco no sentido de tirar os poderes que Ecclestone têm sobbre a Formula 1, seja ele na elaboração do calendário, seja ele nas receitas que tem dos direitos comerciais, seja ele a publicidade estática, seja ele os acordos com as televisões. E aparentemente neste caso, parece que Ecclestone decidiu mandar as equipas às malvas, querendo demonstrar que na Formula 1, quem mexe nos cordelinhos é ele.

Apesar de tudo isto ser, em muitos aspectos, secreto - como em tudo que o Tio Bernie faz - o que vejo neste novo braço de ferro é mais um sinal da tempestade que se avizinha em 2012, com as cada vez mais tensas negociações para a renovação do Pacto de concórdia. E cada um deles deverá apostar numa espécie de "esticar a corda" para ver qual dos lados cede. E Bernie Ecclestone não se importa de a partir, porque sendo um negociador "old school", e que não se importa de fazer batota, desde que ninguém saiba, está disposto a enfrentar uma derradeira batalha, agora que está a um mês de completar 81 anos.

Em suma, mais uma razão para esperar um ano de 2012 muito agitado. E provavelmente todos estaremos curiosos para saber como é que ambos os lados irão descalçar a bota barenita em abril do ano que vêm, com muitos sorrisos amarelos e alguns boicotes, certamente.

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