sexta-feira, 31 de janeiro de 2014

As primeiras impressões da nova era Turbo

Uma sessão de testes não significa tudo. Mas mostra algumas coisas. Hoje foi o último dia em Jerez, e de uma certa maneira, posso afirmar que numa nova era como esta, dos motores turbo, estas dificuldades eram esperadas. E de modo interessante, algumas "profecias" foram cumpridas. Por agora, porque em Melbourne, daqui a pouco mais de um mês, as coisas poderão ser diferentes.

Começo primeiro por recuar um mês e meio, até 16 de dezembro, para recordar uma frase de Jenson Button. E é esta: “Os testes de inverno vão ser 'hilariantes' em Jerez. Vai estar frio, os pneus não vão funcionar, os carros provavelmente também não e quando você conseguir completar uma volta, provavelmente vai parecer estranho, porque você está usando marchas mais altas – agora você chega na oitava marcha antes da sétima. É uma maneira muito diferente de pilotar e você tem de esquecer muito do que aprendeu em termos de como guiar um carro de corrida, o motor, a potência de um carro de corrida e a maneira como você controla a potência. É tão, tão diferente”, afirmou.

As catorze temporadas de experiência de Button na categoria máxima do automobilismo valem o que valem, e ele já assistiu a muito. Apesar de ter completado recentemente 34 anos, é um veterano com créditos firmados, e o que vimos nos últimos quatro dias reflete isso. As quebras mecânicas foram muitas e mesmo os carros mais resistentes tinham "ordens" para não forçar o andamento, pois ainda não havia dados suficientes sobre o comportamento destes carros em pista, já que tudo isto esteve envolvido em simulações.

O resultado dos testes de Jerez confirmou também um rumor que circulava há meses, desde meados da temporada passada. Falava-se na altura de que os motores Mercedes teriam uma vantagem sobre os Ferrari e os Renault, não só em termos de resistência, como em termos de potência. Falava-se até que poderiam ter entre 40 a 80 cavalos a mais do que os Ferrari e os Renault. Pois bem: a Mercedes liderou as tabelas de tempos, quer com a equipa da casa, quer com os McLaren de Jenson Button e Kevin Magnussen, quer com o Williams de Felipe Massa e Valtteri Bottas. E já começaram a fazer simulações de corrida, com resultados satisfatórios.

Em claro contraste, os Renault apresentaram quebras constantes, e ontem, circularam insistentemente relatos de uma discussão acalorada entre Adrian Newey e Rob White, da Renault. Newey - e a Red Bull - foram embora mais cedo de Jerez. Hoje mesmo, viram-se buracos nos Red Bull RB10, no sentido de arrefecer os seus motores, já que essa é a grande causa dos constantes problemas mecânicos que a equipa de Milton Keynes está a passar. Daniel Ricciardo e Sebastian Vettel, combinados, não deverão ter tido voltas suficientes para uma corrida... (e não tiveram: só deram 21 voltas)

No meio disto tudo, lembro de uma frase no Twitter dita pelo jornalista britânico Adam Cooper, que afirmou que "provavelmente em Melbourne, poderá não haver carros para os oitavo, nono e décimo posto". Em cada nova era da Formula 1, as quebras mecânicas serão invetitavelmente altas em comparação à era anterior, e para quem viveu a primeira era dos motores Turbo, como eu, lembra-se perfeitamente da quantidade de abandonos causados nessa altura, especialmente os motores Renault, e os seus turbocompressores. Alain Prost poderia ter conquistado perfeitamente o seu primeiro título mundial em 1982, se não tivesse tido nove quebras consecutivas ao longo dessa temporada...

Para finalizar, quero dizer uma coisa: por muito que Bernie Ecclestone grite e tenha razão nas suas criticas sobre os testes da nova era Turbo, ele neste momento têm processos em tribunal em três paises diferentes: Estados Unidos, Grã-Bretanha e Alemanha. E os crimes são graves, como fraude, suborno e corrupção, do qual envolvem em penas de prisão. E neste momento, qualquer pena de prisão significa o final da carreira para ele, pois está a caminho dos 84 anos de idade. O que vos quero dizer é que, sempre que ele abre a boca, pensem no "caso Gerhard Gribowsky" em particular e até que ponto ele está atolado até ao pescoço.

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