quarta-feira, 29 de janeiro de 2014

Michael Schumacher, um mês depois

Precisamente um mês depois do seu acidente, na estância de esqui a Meribel, nos Alpes Franceses, a situação sobre o estado de saúde de Michael Schumacher é algo contraditória. Se a rádio francesa RMC fala que um dos médicos, Stephan Chabardes, afirmou que a medicação está a ser retirada aos poucos no organismo do ex-piloto alemão de 45 anos, que está em coma induzido desde o dia do seu acidente, a asessora de imprensa, Sabine Kehm, mantêm o mesmo tipo de comunicado de imprensa os jornalistas, continuando a afirmar que “qualquer informação que não venha dos médicos que estão tratando dele ou de sua equipa médica deve ser considerada especulação”. 

Contudo, desta vez, o comunicado não dá qualquer palavra sobre o estado de saúde do piloto alemão, que sofreu duas cirurgias para reduzir a pressão intracraniana que sofreu com as lesões, o que é estranho, dado que um dos médicos da equipa falou em recuperação...

Também hoje, o jornal português "A Bola" publicou um artigo de duas páginas sobre Michael Schumacher, para assinalar um mês sobre o seu acidente. A coisa interessante deste artigo foi que a jornalista Elsa Bicho decidiu falar com um neirocirurgião, Carlos Vara Luiz, chefe do serviço de neurologia do Hospital de São José, em Lisboa, onde tentou falar o melhor possivel sobre casos como o dele, sem entrar em grandes pormenores, devido ao sigilo médico e ao facto de que, em medicina, "casa caso é um caso". Mas mesmo ficando-se nas generalizações, entende-se que o quadro e grave e as hipóteses de uma recuperação total são minimas. Mas acho que vale a pena colocar aqui o artigo na íntegra.

HÁ UM MÊS QUE O MUNDO ANSEIA ACORDAR SCHUMACHER

Acidente de esqui foi a 29 de dezembro
Neurocirurgião diz ser mau augurio

por Elsa Bicho

Foi há precisamente um mês que o mundo acordou com a noticia que Michael Schumacher havia sofrido um grave acidente de esqui nos Alpres Franceses, na estância de Meribel. Transferido para o Hospital Universitário de Grenoble, foi submetido a duas cirurgias, permanecendo em coma induzido. As atualizações do seu estado clinico foram sempre curtas e pouco esclarecedoras. Inclusivé para respeitar a vontade da familia, zelosa da sua privacidade perante situação tão delicada quanto a de "Schumi".

Passado um mês, como estará o cérebro de um homem que passou a vida a correr a 300 km/hora? Como estará o alemão que sempre andou a cavalo e fez esqui? Como estará o piloto apaixonado por motociclismo e por toda a atividade desportiva que, vá lá saber-se, sempre teimou em fazer perigar a sua vida? Ainda que analisando o caso de Schumacher de forma genérica, dada a falta de pormenores sobre o seu estado, e cada caso é um caso, Carlos Vara Luiz, neurocirurgião e chefe de serviço de neurologia do Hospital de São José, faz a leitura da situação de "Schumi", acontecimento que têm acompanhado, até por ser fã do germânico. Certo é que, um mês em coma induzido não é bom augurio.

'Só poderei falar de forma genérica, visto não ter acesso ao processo de Schumacher. Contudo, é factual que o piloto sofreu um traumatismo craniano, que pode ser considerado como ligeiro, moderado ou grave, conforme a escala de comas de Glasgow, que vai de 3 a 15. Três é um coma profundo, 15, somos nós dois a conversar. Abaixo de oito é considerado grave, que deverá ser o caso de Schumacher, ventilado e com todos os cuidados de proteção cerebral'

'Vejamos: foi submetido a uma primeira cirurgia, uma vez que deveria apresentar hematomas cerebrais. esses hematomas são de vários níveis. Podem ser de dentro do cérebro, por cima ou por baixo da membrana cerebral, a chamada dura-mater, ou podem ainda ser entre o osso e essa dura-mater. Hematomas dentro da cabeça fazem pressão, dái que, presumo - e atenção, digo presumo porque não estou na posse de mais dados - Schumacher terá sido submetido a uma segunda cirurgia, a chamada craniotomia descompressiva, para travar a hipertensão intracraniana. Ou seja, num edema cerebral, o cérebro não cabe dentro da cabeça, daí mexer-se no osso para arranjar espaço para que o cérebro não sofra tanto', explica o clinicom pormenorizando procedimentos neste tipo de casos.

'Falou-se em estar em hipotermia. A temperatura interior do nosso corpo é de 37 graus. Ao baixarem-lhe a temperatura entre os 32 e os 35 graus, estão a reduzir-lhe o metabolismo. O cérebro é o orgão que mais consome oxigénio e glicose. É altamente energético. A redução da temperatura e o coma induzido com barbituricos indica que está com a atividade cerebral reduzida, que está a receber toda a possivel proteção cerebral. Ou seja, está a receber todas as condições para que o seu cérebro sobreviva. Mas como estará o seu cérebro, a pergunta mantêm-se', assevera Carlos Vara Luiz, negando poder avançar se Schumacher conseguirá recuperar, se conseguirá andar ou ver, uma vez que não são conhecidas as partes do cérebro mais afetadas com a queda e embate na cabeça na rochas.

'Todo este quadro significa que o seu estado é muito grave. O estar monitorizado, ventilado, é disso sinónimo', atesta.
PASSA O TEMPO...

Que leitura fazer, então, do facto de Michael Schumacher ainda permanecer em coma induzido?

'Schumacher deverá estar a ser visto diariamente, acompanhado constantemente com acesso às melhores tecnologias. Quando pode um médico subverter o coma induzido? A PIC - pressão intracraniana - é normal com valores de 10/12. Acima de 20 é considerada hipertensão. Há casos de 40 ou 50 que sabemos não mais poderem ter grande vida. Os neurocirurgiões têm tudo catalogado. Há monitores que alertam para a diálise cerebral, para os valores de oxigenação do cérebro... apenas mediante determinados valores podemos proceder à remoção dos barbituricos. Um mês é já muito tempo com proteção cerebral. Não augura cenário positivo', assenta o chefe de serviço de São José, concordando, contudo, que o facto de Schumacher ser um saudável desportista poder ser factor relevante em caso de desejada recuperação.

'É um aspecto muito positivo, tal como a sua idade, 45 anos. O fato de estar em boa forma fisica deverá indicar que não tinha colesterol alto, que nao deveria ter diabetes, nem outras doenças associadas. Mas será que chega? Um mês nestas condições, sem ninguém dizer mais nada ao mundo, sem que nada de positivo transpire cá para fora, não me parece animador', volta a frisar Carlos Vara Luiz, confessando não conhecer caso catalogado de grave com total recuperação. 

'Schumacher era um Super Homem. Mas não conheço ninguém que renha voltado a ser tal qual como era após sofrer um traumatismo grande e grave', garante."

1 comentário:

José Maria disse...

Pecado, mas para mim, infelizmente, o ocorrido com o ex-premier israelense Ariel Sharon, que sucumbiu recentemente após 8 anos em coma, é o que aguarda o multi-campeão germânico. . .
Muito triste mas. . .
Torcendo para estar equivocado. . .

Zé Maria