Não nego que tenho saturamento pessoal pelo "assunto Ayrton Senna", e sei que em maio vai ser ainda pior, por causa dos vinte anos da morte do piloto. Mas hoje sacudo o meu incómodo pessoal por causa das coisas que fizeram hoje, por ocasião daquilo que seria o 54º aniversário do seu nascimento. Ver o Google a decidar, pela primeira vez na sua carreira um "Doodle" (o cabeçalho) a um piloto de Formula 1, é algo unico, e é para vermos o impacto que ele teve nas nossas mentes, na nossa geração. Não só pelos seus feitos na pista, pelas polémicas que teve com Alain Prost ou com Jean-Marie Balestre, mas pelo facto de ter morrido na pista. O último a morrer, até agora.
Esta tarde, tive com um bom amigo meu, que me mandou o vídeo da matéria do Top Gear sobre ele, feito em 2010. Deve ser provavelmente uma das matérias mais populares do programa britânico, bem feito e bem equilibrado, que não só fala das suas virtudes, como dos seus defeitos. E mesmo Jeremy Clarkson, um confesso "villeneuvista" (classe Gilles), rende-se aos feitos de Senna nas pistas, especialmente o Mónaco, onde venceu seis vezes... e cometeu o maior erro da sua vida.
Bem vistas as coisas, se pensar numa seleção do que gostaria de ver sobre ele numa noite sem muito com que fazer, sem hesitar, iria buscar três coisas: a matéria do Top Gear, o documentário do Asif Kapadia e o video de 45 minutos que o Antti Kalhola fez em 2010, sobre a sua carreira na Formula 1. O Antti ainda fez outro muito bom, sobre as suas voltas-canhão nas qualificações, do qual também recomendo, mas já não há espaço por aqui. A todos eles falta naturalmente o que fez o Top Gear, que colocou o que andou a fazer nos tempos do karting, na Formula Ford 2000 e na Formula 3, onde andou lado a lado com tipos como o Enrique (Quique) Mansilla e o Martin Brundle, e partilhou a grelha com tipos como... olha, o Henri Toivonen.
Para mim, já é complicado escrever sobre ele e fugir do óbvio: Estoril, Monaco, Suzuka, Donington, Imola. É cada vez mais difícil apresentar algo novo sobre ele, apesar de saber que de quando em quando aparecerá alguma coisa, como a história dos contratos do brasileiro com a Ferrari em 1990, por exemplo. Agora, sei que há teses de doutoramento no Brasil sobre o tratamento mediático de Senna, por exemplo. Creio que só aí é que se verá algo novo sobre ele, pois de resto, será uma reciclagem atrás de reciclagem. Deve ser a história mais completa que conheço sobre ele. E é por isso que nunca escreverei uma biografia sobre ele. Não acrescentaria nada de novo.
Mas enfim, comemoremos. É um ídolo de toda uma geração, a minha, que cresceu a vê-lo na televisão. E sei que valeu a pena.
1 comentário:
Concordo plenamente com com você, quando se diz saturado pelo assunto. Também me sinto assim. Às vezes parece que as pessoas não têm outro assunto, não conhecem mais nada. Uns inclusive usam de menosprezo com outros pilotos para enaltecer os feitos do Ayrton. Tudo bobagem, o cara era bom, um dos melhores, e quem o viu correr sabe disso. O que me incomoda de verdade é esse endeusamento, como se o cara fosse o único realmente bom, ou como se ele fosse um mocinho e todos os outros bandidos, como o filem "Senna" mostra. Na minha opinião, isso é um grande desserviço histórico, e uma tremenda falta de respeito com a memória do cara.
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