terça-feira, 11 de março de 2014

O que podemos esperar de Melbourne

Depois de neste domingo, um representante da Magneti Marelli ter dito que a hipótese de não haver qualquer carro a chegar ao fim na corrida de Melbourne, devido à possibilidade muito elevada de quebras mecânicas, dei por mim a pensar sobre este assunto. E acho que, dada a prudência e o "achismo" que este post possa vir a ter, creio que tudo isto não passa de... conversa. Para atrair mais pessoas para ver o Grande Prémio. Bernie Ecclestone teria feito melhor se fosse o responsável da marca, mas acho que a ideia de ver nenhum carro na meta é um exagero. E como corroboro isso? Pelos dados dos testes em Jerez e no Bahrein.

Vamos começar primeiro pelo "soundbyte do dia". Roberto Dalla, responsável da marca na área da Formula 1, deu uma entrevista ao jornal italiano Gazzetta dello Sport, onde a meio da conversa, largou a bomba: “No ano passado havia uma só unidade construída pela McLaren que foi o cérebro de todos os aspetos. Mas agora só tem controlo de uma porção, e o desafio será operar como uma orquestra o motor, turbo e os sistemas de recuperação”.

Dalla admitiu que para as coisas voltem ao normal, seriam necessários mais “dois ou três meses, e fazê-lo durante três testes de inverno com apenas 12 dias no total foi uma missão realmente impossível. Em Melbourne poderá acontecer que nenhum monolugar termine, pois todas as equipas experienciaram graves problemas nos testes”, concluiu.

É certo que estas declarações causaram pânico em muita gente, e a Autosport portuguesa, por exemplo, não cansou de recordar nos últimos dois dias o GP do Mónaco de 1996, onde Olivier Panis deu à Ligier a sua última vitória em corrida, bem como a sua única vitória na carreira. E onde oficialmente, terminaram apenas... quatro carros, com mais dois a serem classificados. E falamos de um tempo em que pontuavam os seis primeiros colocados.

Hoje em dia, o sistema de pontuação está modificado no sentido de albergar os dez primeiros classificados. É assim porque, como sabem, a resistência dos carros chegou a um ponto tal em que as quebras se tornaram extremamente raras. Noticias como por exemplo, o britânico Max Chilton ter chegado ao fim em todas as corridas da temporada de 2013 tornaram-se corriqueiras, porque todos os carros do pelotão chegam ao fim, suficientemente resistentes em termos de motor e caixas de velocidades, porque essas unidadas estão sujeitas a penalização, caso comecem a quebrar mais do que deveriam...

Contudo, em 2014, as coisas são completamente diferentes. Novo propulsor e novo sistema de recuperação de energia entram em ação, e o motor Turbo têm de ter radiadores maiores para arrefecer convenientemente os seus motores, por exemplo. E isso têm preocupado os técnicos, pilotos, projetistas e dirigentes. Bem Jenson Button, o veterano do pelotão, avisou: os testes de Jerez seriam uma comédia. E foi um choque, principalmente os carros equipados com motor Renault. Ler que a Red Bull deu 21 voltas em... quatro dias, foi um choque ainda maior. E lançou todos os sinais vermelhos.

Mas quer em Jerez, quer em Shakir, também vimos outras coisas. Vimos que os motores Mercedes eram os que estavam melhor forma, neste inicio do campeonato, e vimos também que os Ferrari "não cheiravam nem fediam", ou seja, parecia que tudo funcionava normalmente. Tão "normalmente" que alguns começaram a afirmar que a Scuderia estava a esconder o jogo. E há outra coisa fundamental que é necessário dizer: a Mercedes andou o tempo todo a fazer simulações de corrida, dando mais de cem voltas por dia, acumulando quilómetros, experiência, e dados na telemetria para os engenheiros poderem analisar e modificar.

E se formos fazer os cálculos, poderemos dizer que existem oito carros com motor Mercedes: a casa-mãe, a McLaren (no seu último ano de uma longa parceria começada em 1995), a Williams e a Force India. Se nenhum bater, tudo indica que chegarão ao fim, pois têm todo esse potencial, devido aos quilómetros acumulados. Poderão ter alguns problemas, mas não creio que não seja nada irresolúvel. 

Para além disso, temos os Ferrari, que a ter problemas, são menores do que o esperado. Não ouvi, ao longo desta pré-temporada, nenhum rumor suficientemente forte a indicar que existissem problemas graves no chassis ou no motor, como aconteceu com a Red Bull, por exemplo. Parece que Fernando Alonso e Kimi Raikkonen estão suficientemente confiantes de que o carro irá cumprir em Melbourne. E como eles, estão a Sauber e a Marussia, embora se pense que a equipa anglo-russa esteja com um ritmo quatro a seis segundos mais lentos...

Contudo, existe mais um fator a ter em conta no GP da Austrália: o boletim meteorológico. Os sites especializados falam que existe mais de 60 por cento de hipótese de chuva quer no sábado à tarde, altura da qualificação, quer no domingo à tarde, altura da corrida. O que poderemos ter, na pior das hipóteses é céu nublado e temperaturas amenas na mais populosa cidade australiana.

Isso poderá significar que iremos ver "Apocalypse Now" na madrugada do próximo domingo? Francamente, não acredito. É mais plausivel ver algo que o Adam Cooper disse há umas semanas, em que poderão não haver carros suficientes para preencher o "top ten". E também acredito muito que a diferença entre Mercedes e Renault, por exemplo, se poderá situar em duas voltas de avanço. E isso poderá significar uma "transmissão de testemunho", como aconteceu em 2009, á última vez em que tivemos fortes modificações no regulamento... lembram-se?

1 comentário:

André Candreva disse...

Paulo,

mesmo com todas as dificuldades inicias provocadas pelo novo regulamento, acredito que o GP de Austrália terá vários pilotos cruzando a linha de chegada...

abs...